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Francisco Beltrão
sábado, 21 de junho de 2025

Edição 8.230

21/06/2025

MAIS NATUREZA

Beltrão tem mais matas do que há 50 anos

Morro do Calvário é um exemplo, citado por Gervásio, de local reflorestado. Foto: Divulgação/Prefeitura.

Fala-se muito em preservação das matas, da natureza, enfim do meio ambiente. E não é pra menos, porque a região originalmente era coberta por majestosos pinheiros, angicos, canafístulas, grápias, guajuviras, cedros, cabriúvas, canelas e outras espécies gigantes. Árvores que remetem boas lembranças na memória de muita gente.

Foi o processo de ocupação e colonização que fez a supressão da mata originária para dar lugar à plantação de feijão, milho, mandioca, trigo, criação de suínos… há mais de 70 anos.

Quando aportei aqui em Francisco Beltrão em 1975, recém graduado em Agronomia, as áreas de cultivo não tinham muita preferência quanto ao relevo. Os morros e as encostas eram cultivados sem distinção das terras mais planas. Muitos colonos, pelo contrário, preferiam as terras de relevo mais acidentado pois possuem solos de estrutura mais leve do que as terras vermelhas, que eram situadas nos locais mais planos. As terras vermelhas possuíam pinheiros, cujas raízes são mais profundas, solos mais ácidos e, neste, as primeiras culturas de milho e feijão não produziam sem tecnologia.

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A partir da mecanização agrícola na década de 70, os agricultores passaram a cultivar preferencialmente as áreas onde era possível o uso de máquinas. Com isto, as encostas e topos de morros deixaram de ser cultivados e progressivamente as vegetações começaram se regenerar. Muito bem lembro, na década de 70, o Calvário era um dos pontos mais visitados pelos novos habitantes que chegavam, totalmente sem árvores, no seu entorno e no topo, cultivado de milho e feijão. Assim como os morros que se avistava, no alto da Vila Nova onde hoje existe a Casa de Formação, os morros que se avistavam além do bairro Nossa Senhora Aparecida, Nova Petrópolis, na caixa de água, primeira estação de tratamento de água que se avistava de longe, pois não havia nenhuma cobertura vegetal nestes horizontes. Assim eram todos os morros e encostas que se podia ver dos pontos mais elevados.

De qualquer vista da cidade, é possível se observar uma generosa cobertura vegetal

Mas este cenário se transformou. Hoje, de qualquer vista da cidade é possível se observar uma generosa cobertura vegetal, uma verdadeira floresta secundária nativa de mais de 40 anos, reconstituída. Seria isto fruto da consciência ambiental? Talvez um pouco, porém esta nova imagem, me parece muito claro, se deu principalmente pela mecanização agrícola. Áreas sem cultivo contínuo, foi a força da própria natureza que agiu para recompor estas florestas.

Nada diferente do que aconteceu ao redor da cidade se sucedeu no interior do município. É maravilhoso ver as matas no nosso interior. Não tenho dados estatísticos precisos, mas duas décadas atrás, Beltrão possuía uma cobertura vegetal de 38%, segundo informações oficiais. Imagino que atualmente, com bastante presteza, é possível afirmar que o município de Beltrão tem em torno de 40% de seu território coberto de mato, o dobro do que a legislação exige. Isto facilmente poderá ser comprovado a partir de agora, quando os imóveis, mediante a declaração do CAR, necessitam averbar às matriculas o georreferenciamento das áreas e suas características de ocupação. Apenas para confirmar a privilegiada posição ambiental que ocupa o município de Francisco Beltrão basta comparar este índice com a maior parte dos municípios do oeste paranaense, como Palotina por exemplo, onde este índice não ultrapassa os 3%, principalmente onde a agricultura mecanizada é mais intensa.

Para concluir, estes dados computados e com um projeto bem elaborado pode render bons royalties em ICM ecológico e créditos de carbono para os cofres do Município.

Gervasio Kramer

engenheiro agrônomo

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