Mais de nove mil veículos cruzaram a Avenida Júlio Assis Cavalheiro durante tarde e noite no fim de semana.
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Foram recolhidos 40 sacos de lixos na manhã de segunda-feira, 10, na Avenida Júlio Assis Cavalheiro.
Foto: Divulgação/Meio Ambiente
Aglomerações no prolongamento da Avenida Júlio Assis Cavalheiro voltaram a ser registradas aos fins de semana, em Francisco Beltrão. O volume é medido pela quantidade de lixo recolhido por agentes da Secretaria do Meio Ambiente, na manhã de segunda-feira, 10, e pelo número de veículos que passam pelo trecho.
De acordo com dados do Departamento Beltronense de Trânsito (Debetran), foram mais de nove mil veículos entre sexta-feira e domingo e 40 sacos de lixo: o maior número em 60 dias. A marca, porém, é registrada junto com outra, que aponta para mais de 600 casos de Covid-19 no município. Para a Secretaria de Saúde e Polícia Militar, falta consciência da população no uso do espaço público e no cumprimento de medidas de segurança durante a pandemia.
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Segundo o fiscal do Meio Ambiente Edimar Stadler, os fiscais trabalharam das 6h às 9h na limpeza da avenida na manhã de ontem. O trecho mais crítico, de acordo com Stadler, era próximo ao trevo, onde haviam mais garrafas de bebida, sacos de gelo e copos descartáveis. Na sexta-feira, 7, quando os agentes fizeram a limpeza, o volume era menor, mas no sábado, 8, foi a mesma quantidade que na segunda-feira: 40 sacos de lixo de 100 litros cada.
“Voltou a ser o normal de antes”, lamentou Stadler, referindo-se ao volume que era coletado pelos fiscais na região antes da pandemia. “Acho que há uma falta de conscientização e de responsabilidade. Pessoas fazem uso do espaço público e deixam tudo sujo, sem o menor cuidado.”

Mesmo com lixeiras, lixo ainda é descartado no chão.
Foto: Jonatas Araújo
Aglomeração
Além da falta de cuidado com o espaço, um problema antigo no local é a aglomeração de pessoas. Mas, conforme o Decreto Municipal nº 189, de 9/4/2020, e uma das primeiras medidas adotadas pelo município de Francisco Beltrão no combate ao coronavírus, é “proibida a aglomeração de pessoas em vias públicas no município de Francisco Beltrão”, além de ser obrigatório o uso “massivo de máscaras”. O texto, porém, não deixa claro a partir de quantas pessoas é considerado aglomeração.
No primeiro fim de semana após a sanção do decreto, de acordo relatório do Debetran, solicitado pelo Jornal de Beltrão, foram registrados 3.149 veículos das 14h às 23h59, entre os dias 10, 11 e 12 de abril, sendo 919 na sexta-feira, 905, no sábado e 1.325, no domingo. Os veículos são contabilizados a partir do radar próximo à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que analisou apenas a pista da descida, sentido Centro, diariamente (ou seja, cada dia das 14h às 23h59). Já no último fim de semana, dos dias 7,8 e 9, o número de veículos no mesmo recorte de horário diário foi o triplo: 9.660 no otal (2.702 na sexta-feira, 3.373 no sábado e 3.585 no domingo). No mesmo período, Francisco Beltrão chegou à marca de 609 casos positivos da Covid-19, oito óbitos e 81% de ocupação nos leitos de hospitais.
Fiscalização
O secretário de Saúde de Francisco Beltrão, Manoel Brezolin, lamentou a situação e vê como problema quando as pessoas não usam máscara de proteção, quando o distanciamento mínimo não é respeitado e quando há uso de narguilé e o compartilhamento de objetos nesses locais. Ele frisou ainda que a fiscalização se torna limitada quando não há conscientização.
“A Secretaria de Saúde consegue fazer um trabalho bom onde tem a colaboração. Nós conseguimos fazer um trabalho bom nos comércios, nas empresas, mas não conseguimos e não temos equipe suficiente para fiscalizar as famílias e a população fora de casa. São mais de 90 mil habitantes. Então, onde temos dificuldade é onde ficamos na dependência da colaboração da população”, pontuou.
De acordo com Manoel Brezolin, são apenas seis inspetores sanitários. Há fiscais de outros setores que são remanejados para as funções e uma equipe de orientação, mas que não pode aplicar multa — até o momento, só foram multados estabelecimentos.
“Policiamento normal”
O Major Pitz, da Polícia Militar (PM), reforça que têm sido recebidas denúncias, mas que o serviço dos agentes é de orientação. “Estamos fazendo o policiamento normal. Mas a fiscalização e a notificação competem à Prefeitura. Quando nos solicitam apoio, a gente dá apoio”, defendeu, sem citar o número de denúncias.
O major Pitz disse que “não existe lei para as pessoas não ficarem em qualquer lugar”, mas que existem restrições, sobretudo em estabelecimentos comerciais. Ao ser questionado sobre o decreto em si, disse que é um problema individual, e não da Polícia. “Quando atendemos ocorrência de aglomeração trabalhamos na orientação e conscientização das pessoas. Cada um sabe a sua responsabilidade perante a sociedade. Se a população não colaborar, não adianta ter um policial militar do lado de cada pessoa.”
Denuncie
A Vigilância Sanitária e a Polícia Militar atendem denúncias de aglomerações. Elas podem ser feitas pelos números (46) 3520-2131, (46) 3520-2323 e (46) 99135-2220.