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Francisco Beltrão
sábado, 31 de maio de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

CAP faz capacitação para a alfabetização de crianças cegas

Segundo a coordenadora Josiane Brenner, a formação está acontecendo em duas etapas.

 

Professores da região que trabalham com crianças cegas reúnem-se no 
Centro de Apoio Pedagógico para treinamento.

 

 “Mas que roças que ele tinha, irmãos das almas. Que podia ele plantar na pedra avara?”, declama o professor Gilson José Rovaris, com a eloquência da profissão. Declama “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto, sem engasgo, enquanto revisa o livro de poesias para distribuir para a região, como qualquer professor revisaria. A única diferença está na maneira de ler. Gilson não enxerga. Cego desde que nasceu, ele não lê com os olhos, mas com a ponta dos dedos.
Gilson é professor formado e trabalha no Centro de Apoio Pedagógico (CAP) de Francisco Beltrão. É papel dele revisar todos os textos e livros em Braille que o CAP produz. E, por experiência própria, ele afirma que é muito importante que a criança cega comece cedo a se acostumar com a situação. 
“A criança deve iniciar o processo o mais cedo possível, porque as crianças que enxergam aprendem muito pela imitação, já a criança cega não tem como, então ela precisa ser bem estimulada e o professor tem uma responsabilidade muito grande nisso”, garante.
Com isso em mente, o CAP de Francisco Beltrão reuniu professores dos Núcleos Regionais de Educação de Beltrão, Pato Branco, União da Vitória e Dois Vizinhos para realizar uma formação e capacitação para trabalhar com crianças cegas.
Segundo a coordenadora do CAP de Beltrão, Josiane Brenner, a formação está acontecendo em duas etapas. Ontem o evento começou com apresentação da professora Márcia Carletto sobre estimulação essencial de crianças cegas até 4 anos; hoje e amanhã, continua com as professoras Mariolani Beber da Silva e Lia Mara Soster, que vão trabalhar a alfabetização e o letramento dessas crianças.
A professora Mariolani acrescenta: “Esse curso é para professores que estão iniciando o trabalho com crianças cegas, então eles são novos, estão aprendendo, e nós vamos mostrar diversas sugestões de como trabalhar, de como estimular o tato nessas crianças com atividades e objetos familiares”.
Com isso, esses professores vão ter um embasamento maior e uma capacidade maior de ajudar a criar crianças cegas que possam superar os desafios da cegueira. Mas o trabalho não é só dos professores. De acordo com Márcia, “o trabalho dos profissionais é só 20%, os outros 80% é da família”.

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