
Ontem, no Centro de Atendimento Psicossocial – Álcool e Drogas (Caps AD) de Francisco Beltrão, uma solenidade marcou um ano de funcionamento da entidade (comemorado 25 de outubro). Participaram do evento os pacientes, entidades de apoio, lideranças da comunidade e autoridades. Durante o primeiro ano do Caps, os 13 funcionários, com contribuição de entidades do município, receberam 300 pacientes e o resultado foi apresentado com o depoimento daqueles que estão superando a dependência química.
A secretária municipal de Saúde, Rose Mari Guarda, frisou ser de fundamental importância o serviço para Beltrão. Porém, quando existe a necessidade de internação, a prefeitura viabiliza o tratamento de apoio para complementar o atendimento feito pelo Caps.
A coordenadora do Caps e enfermeira Ana Paula Reolon ressaltou que, até a inauguração do Caps, os beltronenses não tinham a oportunidade de tratamento aqui. “Agora, eles têm a possibilidade de se tratarem no seu próprio meio, junto da sua família”, comentou, informando que a maior preocupação no município é com dependência de álcool e crack.
Para o ano que vem, a secretária Rose adiantou que a meta é terminar e equipar onze novas unidades de saúde. “Assim, o município terá mais condições de dar o atendimento básico em saúde e próximo da casa do paciente. Porque hoje, pela distância do paciente da unidade de saúde, ele acaba não procurando assistência e, quando chega ao Caps, já está muito comprometido seu o estado patológico”, analisou Rose.
O prefeito Antonio Cantelmo Neto (PMDB) prestigiou o evento e destacou que o lema da administração municipal é trabalhar pelo ser humano. “Eu acredito que o serviço já esteja consolidado e já se tornou uma política pública. Aqui o atendimento feito é especializado para tratar da patologia da dependência e nós temos oferecido internamento em Curitiba, quando recomendado pelos médicos. Parabenizo a todos que realizam o serviço no Caps, à comunidade e agradeço aos nossos pacientes, que vão reencontrar o caminho da vida”, falou o prefeito.

o tratamento que receberam no Caps.
De volta à vida sem álcool
Eron Carlos Fernandes de Oliveira, de 39 anos, começou a ter contato com o álcool na adolescência. Atualmente, ele é um alcoólatra em recuperação, mas iniciou o tratamento praticamente junto com a abertura do Caps, então está há um ano sem ingerir bebidas alcoólicas. “Foi um local que me proporcionou uma experiência ampla, um acolhimento e conheci pessoas que me ajudaram. Desde a adolescência, por todo esse tempo, eu era levado a ser outra pessoa. Eu tive que passar por internamento para perceber os malefícios que a droga causa na vida da gente”, lembrou Eron.
Foi através de sua mãe que o paciente conheceu o Caps e é graças à ajuda do serviço e de outras pessoas da comunidade que ele comemora seu primeiro ano sem álcool. “Foi aqui dentro que me fortaleceu, eles me mostraram que isso é possível, porque eu consegui”, declarou Eron.
Nair Lopes Alves também é paciente do centro e está sem ingerir álcool há dois meses. Ela viu sua família se afastar por causa da sua dependência, mas o Caps a acolheu. “O álcool destrói uma família, aqui todos me acolheram da forma que precisei e tenho que agradecer a todo mundo, porque já estou conseguindo reunir os meus filhos, a minha família e as coisas estão voltando ao normal”, relatou Nair.
Como funciona: No Caps, os profissionais fazem uma avaliação do paciente quando ele chega à entidade. Após este primeiro contato, ele é direcionado para as atividades de acordo com a sua necessidade. A equipe foi qualificada para atender o público da entidade, que chega tanto por conta própria quanto por meio dos outros serviços de saúde do município.
O serviço ambulatorial está aberto oito horas por dia, de segunda a sexta-feira. O Caps atende usuários a partir dos 14 anos. A secretária Rose diz que o objetivo é construir um local próprio para a instituição, que hoje funciona em uma casa alugada, “para poder trabalhar melhor as oficinas terapêuticas”.
Rose comentou que há demanda das igrejas evangélicas e católicas para a construção de uma casa de recuperação em Beltrão. “O pedido está tramitando no Governo Federal e vai depender de recursos do Ministério da Saúde e do Ministério da Justiça, mas acredito que será viabilizado”, disse a secretária.
O Caps Álcool e Drogas de Beltrão fica na Rua Minas Gerais, no bairro Nossa Senhora Aparecida, próximo ao CDL. Contato pelo telefone 3524-3619 ou 3524-4618.