8.8 C
Francisco Beltrão
sexta-feira, 13 de junho de 2025

Edição 8.225

13/06/2025

EDUCAÇÃO EM BELTRÃO

Colégio Leo Flach deixará de ofertar o ensino médio à noite

Muitos dos adolescentes e jovens do Bairro trabalham, mas não têm carteira assinada para comprovar oficialmente o vínculo empregatício.


O Colégio Leo Flach, de Franisco Beltrão, está concluindo o curso de Técnico em Administração de Empresa. Foto: Divulgação.

JdeB – Colégio Leo Flach, do Bairro Padre Ulrico, em Francisco Beltrão, deixará de ofertar ensino médio no período noturno. A partir de 2024 não está mais sendo aberta a turma do 1º ano, por uma nova norma da Secretaria de Estado da Educação (Seed). O fechamento é gradativo, ou seja, até a conclusão da última turma.

A região do Padre Ulrico concentra várias comunidades: Vila São Luiz, Residencial Francisco Beltrão, Bairro Padre Ulrico, Conjunto Esperança, Loteamento Terra Nossa e até mesmo parte do Loteamento Rota do Sol. As duas últimas turmas têm um total de 60 alunos – 35 no 3º ano e 25 no 2º ano.

A diretora interina Luci Mirandola explica a mudança adotada pelo governo. “O nosso noturno, esse ano nós temos só o segundo e o terceiro anos porque não foi aberto o primeiro ano. Por que não foi aberto? Porque foram adotados critérios pela Seed de que o aluno para estudar no ensino noturno precisa estar trabalhando com carteira assinada. Aí, os nossos alunos são o quê? O trabalho deles é informal, é aquele aluno que vai fazer pintar, é ajudante de pintor, e isso não tem como fornecer uma declaração de acordo com o que o governo estava solicitando.”

- Publicidade -

Número foi insuficiente

Por causa dessa nova norma, Luci afirma que o colégio não teve demanda de alunos no primeiro ano e não teve um número suficiente de alunos com um trabalho numa empresa com CNPJ e trabalho formal. “Então, o nosso ensino noturno, nós temos o segundo e o terceiro. O ano que vem só teremos o terceiro, porque com esses critérios não conseguimos abrir o primeiro ano, então provavelmente será o nosso último ano de ensino noturno, o que é uma pena, porque, com uma comunidade tipo a nossa de alunos no trabalho informal, estudantes que deixam de estudar para trabalhar, o ensino noturno é de extrema necessidade e importância.

Uma alternativa

O Colégio Leo Flach está concluindo o curso de Técnico em Administração de Empresa. Mas não foi conseguido abrir turma no período da noite. “Ele ainda é um curso a nível de ensino médio matutino, mas estamos tentando conversar com o pessoal do Núcleo de Educação para estar intervindo para que consigamos oferecer o curso técnico à noite também, implementar um curso técnico para continuar mantendo o nosso ensino noturno.”

O JdeB enviou mensagem ao chefe do Núcleo Regional de Educação, professor Paulo Schwalm, para que pudesse falar sobre esta decisão e se é possível revertê-la em função do grande número de adolescentes e jovens subempregados, ou seja, que trabalham e não têm registro em carteira.

Chefe do Núcleo de Educação esclarece motivos para decisão no Leo Flach

JdeB – O chefe do Núcleo Regional de Educação, professor Paulo Schwalm, foi contatado pelo JdeB para expor essa nova norma da Secretaria de Estado da Educação. Ele explicou que, “sobre o ensino noturno, o Governo Estado sempre oferta vagas quando forem necessárias. O que tem acontecido com o ensino noturno? Está havendo uma alta evasão de alunos que iniciam um ano e, na sequência, acabam desistindo por conta de que, justamente, trabalham hoje para estudar à noite. É necessário ter comprovante de trabalho ou uma declaração para que se possa autorizar as turmas. Mas, consequentemente, muitos alunos ficam cansados. Então, qual é a expectativa da Secretaria de Estado de Educação? Se o aluno for maior de 18 anos, há uma possibilidade de ele estudar na educação de jovens e adultos. Por quê? Porque ele conclui o curso em um tempo menor, já que ele, muitas vezes, cansa por conta do trabalho. Agora, se o aluno não tiver 18…

Paulo, chefe do NRE, explicou os motivos. Foto: arquivo pessoal.

Paulo reafirma: “Para que a escola possa abrir turmas, ela deve comprovar com documentação de que o aluno trabalha, de que o aluno não tem outra condição, outra escola e assim por diante. Então, aí é feita toda uma análise pela Secretaria de Educação para que se autorize essas turmas. E também vendo se não são os mesmos alunos que, às vezes por dois ou três anos, desistem da escola, porque a secretaria faz esse levantamento também. Às vezes as matrículas são de alunos que desistiram dois ou três anos seguidos. Sempre há uma preocupação maior, claro, em regiões de alta vulnerabilidade social, mas também é sempre respeitando estes requisitos, da continuidade, de que haja alunos, de fato, frequentando, porque existe toda uma estrutura organizada para atender esses alunos”.

Por último, o chefe do NRE ressalta: “Não é que todo o ensino noturno vai ser esgotado [fechado], mas que há uma priorização para estas questões que foram expostas”.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques