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sexta-feira, 27 de junho de 2025

Edição 8.234

27/06/2025

COMPETITIVIDADE COMPROMETIDA

Com pedágios altos, Fiep teme pela indústria paranaense

Lote 6 não teve concorrência, daí a decepção por não ter tido desconto maior; governador Ratinho Júnior avalia que, 1 em relação ao valor atual, o desconto é grande — “de 40% em algumas praças.”


Assessorias e JdeB – A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) avalia com preocupação a falta de concorrência no resultado do leilão do Lote 6 do pedágio, realizado semana passada na Bolsa de Valores de São Paulo.

O lote, que compreende o maior trecho de concessão do estado — e passa pelo Sudoeste, que deve ter duas praças de pedágio, na região de Ampere e na região de Pato Branco — , foi arrematado com um desconto de apenas 0,08% sobre a tarifa básica, contrastando com o Lote 3, que alcançou um desconto robusto de 26,6%.

Além disso, a Fiep destaca a diferença significativa no custo por quilômetro rodado entre os lotes já leiloados. Nos Lotes 1 e 3, o custo médio ficou em R$ 10,00; no Lote 2, em R$ 11,00. No Lote 6 permanece na casa dos R$17,00.Essa disparidade de quase 70% traz desafios consideráveis para a competitividade industrial, especialmente para regiões mais distantes do Porto de Paranaguá, um fator crucial para exportadores e indústrias locais.

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Deputada Luciana diz que Sudoeste ficou prejudicado

A deputada estadual Luciana Rafagnin (PT) também levantou preocupações sobre os altos valores das tarifas no Lote 6 “Essa disparidade de valores por região prejudica principalmente o Sudoeste, que já enfrenta desafios logísticos devido à distância dos principais centros econômicos do Estado. Agora, com tarifas tão altas, a situação se agrava ainda mais”, destacou a deputada.

Luciana também criticou a inclusão de novas praças de pedágio, afirmando que elas representam um custo adicional para os moradores e empresas locais, já sobrecarregados pelo aumento nas tarifas. “Enquanto em outras regiões vemos descontos mais significativos nas concessões, o Sudoeste parece ser penalizado com uma das tarifas mais caras do Paraná”, afirmou. A deputada apontou ainda que o valor elevado pode desestimular o desenvolvimento da região e questionou a eficácia do modelo de concessão adotado. “Precisamos de investimentos em infraestrutura, mas não podemos aceitar que isso seja feito às custas de um custo tão alto para nossa população e economia”, concluiu.

Edilberto Minski, da Cacispar, também opinou: “Olhando do ponto de vista empresarial, em nome da Cacispar, não foi um leilão. Na realidade foi uma concessão direta, pois não teve concorrência. E é uma concessão ruim para o Sudoeste no que tange a desconto. Nem 1% de desconto! Acredito que a empresa sabia que não teria concorrência; teve regiões que tiveram mais de 25% de desconto. Isso só vem provar que realmente nós não temos representatividade política no Sudoeste, tendo em vista que todo mundo aplaude isso. Acho isso muito prejudicial, foi uma situação péssima para o Sudoeste”.

G-7: falta de concorrência não permitiu descontos expressivo

O G7 — grupo que reúne as federações da Indústria (Fiep), Comércio (Fecomércio), Transportes de Cargas (Fetranspar), Cooperativas (Ocepar), Associações Comerciais (Faciap), Agricutura (Faep) e a Associação Comercial do Paraná (ACP) — também mostrou preopcupação, através da fala do coronel Sérgio Malucelli, que preside a entidade. Desta vez [Lote 6], infelizmente, o leilão teve apenas uma empresa participante. A falta de concorrência não permitiu um desconto expressivo, o que era uma expectativa do setor produtivo, uma vez que a disputa pelo Lote 3, foi acirrada levando a tarifas mais atraentes”, avaliou.

Mas Malucelli ponderou: “Por outro lado, é um lote que vai receber mais de R$ 20 bilhões de investimentos nos próximos 30 anos o que deve mudar a dinâmica da infraestrutura rodoviária”.

Governador Ratinho Júnior otimista

“Mesmo sem concorrência no leilão, a modelagem já previa um desconto de 34% em relação ao valor atual do pedágio, chegando até a 40% em algumas praças, afirmou o governador Ratinho Júnior (PSD).

O governador destacou ainda que o projeto requer um grande volume de obras. Dos mais de 600 quilômetros concedidos, 450 quilômetros serão duplicados. As melhorias incluem ainda mais de 130 pontos e viadutos. “Realmente era um lote muito robusto”, reforçou. “A empresa tem capacidade técnica e financeira para honrar os compromissos”, concluiu.

Impacto positivo, avalia o governo federal

O Lote 6 conecta regiões estratégicas, como Guarapuava, Cascavel e Francisco Beltrão. A duplicação da BR-277 é um dos destaques, contemplando o trecho entre Cascavel e Matelândia, que completa a ligação duplicada até Foz do Iguaçu. Obras importantes também estão previstas nas rodovias PR-158, PR-280 e PR-483. A melhoria nas rodovias deve beneficiar o cooperativismo e indústrias alimentícias, reduzindo custos logísticos e ampliando a competitividade. Segundo estimativas, o projeto gerará 289 mil empregos diretos, indiretos e por efeito-renda. Renan Filho, ministro dos Transportes, reforçou o papel do Paraná no cenário nacional. “Com esses leilões, o estado será um exemplo de infraestrutura e crescimento. Concluímos 66% do pacote e em 2025 leiloaremos mais dois lotes. O Paraná será ainda mais forte e influente no Brasil”, disse o ministro.

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