Este foi um dos itens discutidos em reunião com a participação de vários segmentos.
A maioria das pessoas que utilizam o transporte coletivo urbano em Francisco Beltrão, atualmente, é para realizar compras no comércio, passeios e para a busca dos serviços de saúde. A informação foi repassada pelo prefeito Cleber Fontana (PSDB), ontem, no Espaço da Arte, em reunião do Conselho Popular do Transporte, que discute questões relativas ao transporte coletivo. Alguns vereadores eleitos também participaram do encontro que discutiu os problemas do setor. No final, foi formada uma comissão para avaliar os pontos discutidos e propor sugestões que possam ser levadas ao Executivo e Legislativo.
O prefeito Cleber abriu a reunião expondo dois pontos. Primeiro: momentaneamente a empresa está discutindo com os seus funcionários questões salariais e o vale alimentação na convenção coletiva. Segundo: a preocupação macro do sistema de transporte urbano e a necessidade de ajustamento com a participação das entidades, do poder público e a empresa. “Estas questões estão interferindo para que a empresa possa se viabilizar”, salientou.
Cleber disse que a concorrência do transporte coletivo, realizada em 2015, teve alguns erros. Mas a atual gestão fez alguns ajustes em relação ao número de ônibus reservas – de sete baixou para dois. A exigência dos ônibus da frota era de dez anos, baixou para oito anos, desde que cada veículo tenha aparelho de ar condicionado. “Alguns itens não conseguimos sozinhos [a mudança]”, ressaltou o prefeito sobre a discussão.
O maior problema, no momento, é que uma lei municipal prevê que pessoas a partir de 60 anos possam utilizar gratuitamente o serviço. A lei federal prevê o benefício a partir dos 65 anos. Por isso, o prefeito defendeu a discussão entre o poder público – Executivo e Legislativo, sociedade civil e a empresa concessionária. “O contrato precisa ser ajustado, caso não seja, eles [os proprietários] correm risco de ter problemas maiores lá na frente”, defendeu. A concessão do serviço é por dez anos.
Muram Almeida, gerente da Transportes Guancino, relatou que o novo modelo começou a ser operado em 2016. Inicialmente se previa cinco mil pessoas de transporte gratuito mensal, posteriormente chegou a 40 mil e atualmente são 45 mil pessoas.
Só das pessoas com 60 anos que se utilizaram do serviço foram 163 mil gratuidades em 2019. “Esse ano, mesmo com a pandemia, deu quase 58 mil só com o pessoal de 60 anos”, esclareceu. Do pessoal com mais de 65 anos foram transportados 73 mil em 2020 e mais 220 mil em 2019.
Muram citou também que o serviço de fretamento de ônibus para o transporte de trabalhadores precisa ser regulamentado, por lei municipal, com urgência, e citou que nos últimos anos houve uma redução na venda de vale transporte para as empresas.
Outro problema citado foi que a alíquota do ISSQN cobrado da Guancino aumentou de 2% para 3% com o novo contrato que entrou em vigor em 2016. A direção da empresa solicitou que seja revisto este aumento. Muram também defendeu o uso do cartão magnético como vem ocorrendo desde 2016.
Josiel Teles, presidente do Conselho Popular e do Sindicato dos Trabalhadores, defendeu um sistema de gratuidade do transporte de passageiro e que a empresa aceite o pagamento das passagens com dinheiro. “Aí vem o cidadão de fora da nossa cidade, com dinheiro e não pode pagar”, argumentou, acrescentando: “A empresa precisa de caixa, como que ela vai repelir essas pessoas?” Ele sugeriu a criação de uma tarifa com 50% de desconto na compra com cartão. Também sugeriu que se possa usar os cartões de crédito ou débito para o pagamento das passagens.
João Carlos Scopel, sócio-proprietário da Guancino, disse que “mesmo tendo prejuízo nós estamos acreditando na cidade de Francisco Beltrão”. A empresa também está investindo na construção de sua nova garagem no Bairro Vila Nova, onde funcionava a garagem da empresa Reunidas.
Scopel frisou que está muito preocupado com a situação da gratuidade no transporte de passageiros em Beltrão. Ele observou que pessoas idosas, que sabem que Beltrão possui sistema de transporte e atendimento em saúde gratuitos, acabam vindo morar na cidade. “Que tipo de mão de obra está vindo pra cá?”, indagou. Ele disse esperar mudanças, “se não, não tem sustentabilidade”.
Outras lideranças expressaram suas opiniões durante a reunião. O encontro não foi conclusivo. Foi formada uma comissão composta por representantes da administração municipal, do Conselho Popular, da empresa, do Sindicato dos Trabalhadores e dos vereadores eleitos para dar sequência nas discussões.