A obra como um todo está prevista para terminar apenas em 2021.
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Obras do Túnel que terá 1.200 metros de extensão e vai levar todo o excesso de água do Rio Urutago,
que passa dentro do Parque de Exposições Jayme Canet Júnior, até o Rio Marrecas
A escavação do túnel de contenção de cheias em Francisco Beltrão termina amanhã. As obras colocam ponto final na parte mais impactante da intervenção: a estrutura de oito metros de altura e 1,2 quilômetro de extensão que passa embaixo do município. Esse trabalho final foi executado por 70 funcionários em ritmo intenso.
A responsável pela execução desta obra é a Construtora Siton do Brasil, de Minas Gerais.
Com a conclusão do túnel, a obra, que é dividida em mais partes, alcança 62,5% de execução. Os próximos passos serão iniciados ainda neste ano e envolvem a construção das comportas e a escavação do Córrego Urutago para mudar o sentido da água que alaga a cidade em dias de temporal.
O caminho natural da vazão será encurtado em quatro quilômetros, favorecendo uma queda lenta e gradual até o desemboque no Rio Marrecas, no Bairro Padre Ulrico.
Prevenção contra enchentes
A obra, como um todo, está prevista para terminar apenas em 2021. O túnel e as estruturas correlatas vão evitar, de uma vez por todas, as enchentes que são parte da história do município e que já geraram perdas sociais e financeiras incalculáveis para os moradores.
O investimento do Governo do Estado é de R$ 29 milhões, nesse projeto de escavação, fato inédito numa cidade do interior do País, e de R$ 50 milhões ao todo.
“Essa é uma obra debatida há muitos anos dentro do município e que resolverá os problemas com as cheias dos rios que passam no perímetro urbano. Francisco Beltrão conseguiu encontrar uma solução ousada, dentro do escopo ambiental necessário, e conta com apoio do Estado.
Esse projeto é uma realidade visível”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Júnior. “É uma obra marcante e que conseguimos priorizar dentro das necessidades do Sudoeste”, diz.
Execução dos serviços
O túnel começou a ser construído em duas frentes, no Parque de Exposições Jayme Canet Júnior e no Bairro Padre Ulrico. Elas se encontraram em 24 de setembro. As escavações foram feitas com cinco metros de altura por cinco metros de largura, e desde que as obras se uniram começou o processo de rebaixamento de rocha em mais três metros, gerando os oito metros de altura do projeto original.
O túnel fica a 62 metros no ponto mais alto embaixo da terra e terá capacidade de vazão de 285 metros³ por segundo. Do emboque ao desemboque o túnel é formado por uma rampa com inclinação mínima de 0,5% para as águas não alcançarem velocidade muito intensa. A diferença da entrada para a saída será de seis metros, quando as águas encontrarão o Rio Marrecas.
O túnel foi executado pelo método “Driling and Blasting” (perfuração e detonação), com trabalho ininterrupto de escavação. O ciclo foi composto por perfuração na rocha com jumbo (máquina para perfuração horizontal de rocha); carregamento de explosivo nos furos estratégicos, através de um caminhão bombeado; retirada da equipe; três alertas sonoros; detonação, com avanço médio de quatro metros em rocha; saída dos gases provenientes da detonação; limpeza das rochas detonadas com carregadeira e caminhões; avaliação do resultado, com chamado abatimento de choco (retirada das rochas prestes a cair do teto e das laterais); e tratamento com aplicação de tirantes ou projetado de acordo com a qualidade da rocha e o recomeço do ciclo.
Normas da ABNT
As detonações seguiram a Resolução 9.653/2018 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que regula as explosões de rochas em áreas urbanas e controladas com sismógrafo.
O gráfico base parte de um valor de vibração de 15 milímetros por segundo até 50 milímetros por segundo, que é o máximo que uma construção suporta. Todas as detonações foram 30% abaixo dos limites permitidos.
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Próximos passos do projeto
O próximo passo envolve a construção de uma comporta basculante de aço com 12 metros de comprimento e quatro metros de altura, com 20 toneladas de peso. Essa estrutura de concreto e aço ficará dentro do Parque de Exposição Jayme Canet Júnior, no emboque do túnel.
Abaixo da comporta haverá, ainda, uma “gaveta” de menor porte para possibilitar fluxo contínuo em baixa vazão e para manter fluxo de água dentro do túnel. Essa estrutura fica pronta em fevereiro.
Há, ainda, outras duas etapas. Uma delas é o aprofundamento e alargamento do Rio Marrecas no perímetro urbano, o que o deixará retilíneo e estável, somado a um projeto de um parque linear com ciclovias, calçada, iluminação pública e academias ao ar livre.
A segunda etapa será a construção de uma barragem com as rochas retiradas do túnel fora do perímetro urbano, a cerca de 1,5 quilômetro do ponto em que o rio entra no município em direção à nascente (a montante), em Marmeleiro.