
JdeB – Em 2022, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT) foi a mais votada para a Câmara dos Deputados em Francisco Beltrão: 7,7 mil votos; no Sudoeste, ela obteve 28,6 mil; e no Paraná, 261,2 mil. “Em Beltrão fui a mais votada, e, proporcionalmente, a região que mais tive votos foi no Sudoeste”, disse Gleisi, que ontem de tarde visitou o Jornal de Beltrão, acompanhada da deputada Luciana Rafagnin, dos vereadores Marcos Folador e Mara Fornazari urbna e seu assessor regional, o ex-prefeito Inácio Werle (Planalto).
Ela falou sobre as conquistas para Beltrão e região, as eleições internas do PT e seus mandto de oito anos à frente do PT nacional. Prestes a entregar a função, ela promete voltar para a Câmara dos Deputados.
O PT se preparando para as eleições internas. É o único partido que faz isso.
Gleisi – Sim. Está marcado que o dia 6 de julho o nosso processo de eleição direta, os filiados votam para presidente nacional, estadual e municipal. Votam diretamente. Votam nas chapas que vão compor as direções e nas chapas que nós vamos eleger para ter os delegados para o encontro. Porque depois de votar para os dirigentes, a gente tem um encontro que tira o programa para os próximos quatro anos. E esses delegados que vão debater o programa e votar são eleitos nesse processo de eleição direta. Então, nossa eleição está marcada para o dia 6 de julho e o encontro nacional dias 1º, 2 e 3 de agosto. Aí o desafio, que é conduzir o partido para a próxima eleição de 2026.
Que não vai ser você a presidente. Onde estará a Gleisi em 2026?
Gleisi – Deputada federal. Continuo meu mandato, claro. E aí, com mais tempo, vou me dedicar ao Paraná. Nessa missão de ser presidente nacional do PT, eu tive que sacrificar muito a minha presença física no Paraná. Acho que não teve impacto na minha presença em termos de ter relação com o Estado e ajudar o Estado porque a gente tem gente em todas as regiões. Eu conto com a Luciana, agora com os nossos vereadores. O Inácio me representa aqui. Então, o mandato sempre esteve presente, sempre esteve trazendo coisas para a região. A gente já aportou de emendas, aqui, R$ 22 milhões para o Sudoeste como um todo. Com a Itaipu, por exemplo, o PET-Scan para o Hospital do Câncer, e mais R$ 7 milhões do asfalto até o Assentamento Missões.
Como você avalia sua gestão como presidente?
Gleisi – Para mim é uma honra, foi uma honra ser presidente do PT, uma das coisas mais importantes que eu fiz na minha vida. Porque o PT é um partido vivo, um partido que tem, embora seja jovem, 45 anos, ele tem uma presença muito forte na vida nacional. Veja, a gente ganhou cinco eleições presidenciais, não é pouca coisa para um partido que nasceu na década de 80 e vem com uma proposta diferente, de representar os que não tinham voz, representar os trabalhadores, representar os agricultores familiares. Nasce dessa confluência também das universidades, das escolas, nasce na luta contra a ditadura, pela melhoria das condições de vida. Então, esse partido, ele é, assim, do ponto de vista da política nacional, algo muito importante. Então, para mim, foi uma honra imensa presidir o PT nesses oito anos. Claro que nós pegamos um período, eu diria, um tanto quanto difícil, porque eu pego o PT logo depois do golpe contra a Dilma, do impeachment. Então, a gente tinha sido retirado do poder, eles acabaram com o nosso mandato e pego o partido numa situação de muito enfrentamento contra ele. Muita gente, então, contra o PT, contra a Dilma, politicamente uma batalha dura e também uma, como se diz, uma tentativa de desconstrução desse PT. E logo depois estoura esse processo da Lava Jato, onde a maioria dos nossos dirigentes são perseguidos, são presos, e culmina com a prisão do Lula. Uma coisa que a gente não pensava que pudesse acontecer. O maior líder popular desse país é preso injustamente. O nosso pessoal perseguido, o partido perseguido, todo mundo querendo nos destruir.
Você chegou a pensar que o partido não reagiria?
Gleisi – O Lula nos deu uma força muito grande, entendeu? Porque ele deu sustentação a uma linha que nós tínhamos que ir para o enfrentamento, nós não podíamos desistir. Isso é que nem gato no canto acuado por cachorro, tem duas situações, ou ele morre, comido pelo cachorro, ou ele pula por cima, perde uma patinha, uma orelhinha, mas ele sobrevive. Então nós ousamos, nós fomos para o enfrentamento, denunciar que aquilo era uma montagem de destruição de um líder, para destruir um partido, que já tinha começado no golpe contra Dilma, que aquilo ia levar a uma desestabilização da sociedade brasileira, como levou. Eu me sinto muito orgulhosa dessa gestão, nesses oito anos, a gente ter passado por tudo isso e depois subir a rampa do Palácio do Planalto, foi muito legal.