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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Desastres causaram prejuízo de R$ 1,8 bilhão nos últimos 25 anos

Francisco Beltrão é a 10ª cidade do Estado que mais registrou desastres ao longo da história.

 

Armin Braun, diretor do Departamento de Minimização de Desastres do Ministério da Integração Nacional, veio representar o ministro Gilberto Occhi, e ministrou a primeira palestra do Simpósio de Defesa Civil. 

 

No perído de 1980 a 2015, a região de Francisco Beltrão, formada por 27 municípios, ficou em segundo lugar no Estado do Paraná em termos de prejuízos econômicos gerados por desastres, com perdas avaliadas em R$ 1,3 bilhão. São informações colhidas pela Defesa Civil estadual desde 1980. Neste período, ocorreram 661 desastres com 1 milhão de pessoas afetadas, mais que o dobro de sua população. Em termos financeiros ficou atrás apenas da região de Cascavel que contabilizou R$ 1,6 bilhão. 
Conforme o tenente coronel Edemilson de Barros, coordenador Executivo de Proteção e Defesa Civil do Estado do Paraná, muitas vítimas são atingidas mais de uma vez, por isso as estatísticas extrapolam o contingente populacional. Os cincos desastres mais comuns foram vendaval (196 casos), estiagem (153), granizo (112), enxurradas (72) e inundações (44). Francisco Beltrão é a 10ª cidade do Estado que mais registrou desastres ao longo da história.
Na região de Pato Branco, que tem 15 municípios, os prejuízos foram menores, mas não menos significativos. Em 35 anos, a Defesa Civil registrou 305 desastres com prevalência de vendaval (97), granizo (54), estiagem (47), enxurradas (36) e inundações (26). O número de pessoas afetadas é de 385.318. O prejuízo financeiro foi de R$ 483 mil. 
Durante todo o dia de ontem, autoridades de diversas regiões participaram do Simpósio de Defesa Civil “Cidades Resilientes” realizado no auditório da Unioeste, em Francisco Beltrão. O evento reuniu alguns dos principais estudiosos do assunto no Brasil e teve como objetivo fortalecer o gerenciamento dos riscos, investir na redução dos riscos e na resiliência, além de reforçar a prevenção de desastres e dar respostas efetivas.
Durante o encontro, um dos assuntos principais foram as metas traçadas na 3ª Conferência Mundial da ONU para Redução do Risco de Desastres, realizada em Sendai no Japão, no mês de março. Além de reduzir os riscos, espera-se que até 2030 as cidades estejam preparadas para se reconstruir com maior rapidez quando acometidas por tais fenômenos. “O novo marco de Sendai visa diminuir nos próximos 15 anos o número de pessoas que morrem, as perdas econômicas e as pessoas afetadas. O que se busca não é gerenciar o desastre, mas sim o risco de desastre”, disse David Stevens, chefe do escritório regional das Américas para redução de desastres da ONU e um dos palestrantes.

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Aprender a conviver com limites
O prefeito Antonio Cantelmo Neto (PMDB) lembrou que Francisco Beltrão, apesar de ser uma cidade jovem, tem um histórico preocupante de enchentes e alagamentos. Só durante o atual mandato foram quatro cheias do Rio Marrecas e seus afluentes que deixaram centenas de famílias desalojadas. “A sociedade cobra medidas e iniciativas como este simpósio servem para juntos buscarmos soluções.” A administração municipal foi uma das poucas do país a mandar representantes na conferência realizada no Japão. Neto disse que, em virtude do relevo e das condições geográficas, Francisco Beltrão terá que aprender a conviver com o problema das cheias.
Segundo o coronel Adilson Castilho Casitas, coordenador Estadual de Proteção e Defesa Civil, a cada dois dias, três desastres – naturais ou por ação humana – ocorrem no Paraná. A média anual de prejuízos supera a cifra de R$ 1 bilhão. Casitas informa que a meta é chegar ao final do ano com pelo menos 150 cidades classificadas como resilientes. “Nosso principal desafio no primeiro mandato foi desenvolver atividade de defesa civil atuando na prevenção e fazendo investimentos em cada regional para capacitação das coordenadorias municipais.” De 2011 a 2014, o estado do Paraná computou 2.157 desastres deixando 125.567 desalojados, 17.945 desabrigados, 1.087 feridos, 98 mortos, afetando no total 7,5 milhão de pessoas e deixando prejuízos de R$ 4,7 bilhões. 

Troca de experiências
O secretário-chefe da Casa Militar e coordenador de Proteção e Defesa Civil do Estado São Paulo, José Roberto Rodrigues de Oliveira, veio ao Paraná para trocar experiências. Ele ressaltou que São Paulo tem 248 municípios na campanha de cidades resilientes, representando 10% do total mundial. Oliveira citou inúmeros casos para serem compartilhados com outros municípios do país como, por exemplo, um game para alunos do ensino fundamental e médio, cujo objetivo é salvar vidas. Há outras iniciativas como o curso de Defesa Civil na modalidade EAD (Ensino a Distância) que pode ser ministrado para outros estados.
O secretário municipal de Assuntos Estratégicos e coordenador municipal da Defesa Civil, José Carlos Vieira, ressaltou que este evento realizado em Francisco Beltrão é o maior do gênero desde a 3ª Conferência de Sendai. Segundo disse, Francisco Beltrão já assinou o protocolo e é reconhecida pela ONU como uma cidade resiliente e aos poucos agora irá cumprindo os 10 passos para alcançar o objetivo. Ele destacou a parceria de todas as entidades e pessoas que participaram ativamente da organização do evento que foi considerado sucesso pelas autoridades do Estado. 
Dez passos
Os 10 passos para se tornar uma cidade resiliente: 1 Organizar-se para a resiliência a desastres; 2 Identificar, compreender e utilizar os cenários de riscos atuais e futuros; 3 Fortalecer a capacidade financeira para a resiliência; 4 Buscar desenvolvimento e projetos urbanos resilientes; 5 Salvaguardar zonas de amortecimentos naturais para melhorar as funções de proteção oferecidas pelos ecossistemas naturais; 6 Fortalecer a capacidade institucional para a resiliência; 7 Compreender e fortalecer a capacidade da sociedade para a resiliência; 8 Aumentar a resiliência da infraestrutura; 9 Assegurar uma resposta eficaz para o desastre; 10 Acelerar a recuperação e reconstruir melhor.

O evento foi bastante prestigiado, na primeira fila:  José Roberto Rodrigues, chefe da Casa Militar de SP, Sidnei Furtado Fernandes, chefe da Campanha Cidades Resilientes no Brasil e David Stevens, representante da ONU.

 

 

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