Maior parte dos alunos do Senac é de mulheres, que buscam profissionalização para entrar com tudo no mercado de trabalho.

Foto: Rubens Anater
Em um ano em que a crise financeira ainda assombra os brasileiros e que o mercado de trabalho está exigindo cada vez mais de quem busca um emprego, a formação parece ter se tornado algo essencial para conquistar seu sustento. Para as mulheres não é diferente – talvez para elas o mercado seja até mais exigente -, mas isso não tem sido motivo para frear a busca de muitas das mulheres beltronenses.
Atualmente, cerca de 70% dos alunos do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) de Francisco Beltrão são mulheres, distribuídas em vários cursos – desde os considerados mais ‘femininos’, como maquiagem, até os de liderança. “A gente sabe que as mulheres também precisam estar inseridas no mercado de trabalho e é aí que entra o trabalho do Senac, valorizando e buscando qualificar da melhor forma possível”, afirma Vanderlei Correia, gerente executivo do Senac em Francisco Beltrão.
“Hoje, a cada curso que lançamos elas estão presentes, buscando qualificação, oportunidades e espaço no mercado de trabalho, e a gente sabe que saem excelentes profissionais daqui”, acrescenta Vanderlei. É o caso de Andréia Dalmagro, proprietária de um salão no Bairro Alvorada.
A mãe de Andréia sempre trabalhou na área da beleza, então ela começou a gostar do ramo desde muito jovem e há oito anos fez seu primeiro curso de maquiagem. No entanto, na época ela não trabalhou com isso, encaminhando-se para a profissão de projetista de móveis até cerca de dois anos atrás, quando deixou de lado os projetos e voltou a abraçar a paixão pela beleza.
Para voltar, Andréia teve de fazer novos cursos, inclusive o do Senac, em 2017, que foi um dos mais importantes para essa etapa de sua carreira. “Foi muito bom! Tem muitos cursos hoje em dia que são de dois ou três dias, com um valor alto, e não dá tempo para aprender tudo que precisa. Ali é totalmente diferente. Você estuda, se especializa e ainda tem tempo pra treinar”, avalia.
Com tudo isso, agora o salão garante um acréscimo na renda da família – Andréia é casada e tem dois filhos – e também é motivo de realização pessoal. “É muito gratificante você realçar o que as pessoas têm de bonitas e deixar elas felizes ao mesmo tempo.”
Outra profissional que passou pelo Senac foi Ana Paula de Lara, que se formou no curso de maquiagem e hoje trabalha no Centro de Beleza Bruno Koch, em Marmeleiro, e também atende a domicílio. Ana Paula conta que sempre foi apaixonada por maquiagem, mas que costumava fazer mais como um hobby, enquanto trabalhava como atendente de farmácia. “Há uns dois anos e meio resolvi fazer um curso de maquiagem e acabei me apaixonando ainda mais, e resolvi correr atrás”, conta a maquiadora.
Depois do curso, ela ainda fez mais dois workshops com profissionais do ramo, mas queria aperfeiçoar-se mais. “Eu estava desempregada, não tinha dinheiro para investir mais, e foi aí que o Senac entrou na minha vida. Fiz a inscrição para uma turma do ano passado e descobri minha profissão ali”, lembra.
Ela agradece à professora Suzana Petrikowski, “uma pessoa maravilhosa e superprofissional, que te ensina tudo, tanto na teoria quanto na prática”. Hoje, a profissão que Ana conquistou garante seu sustento e parte do sustento também de seus dois filhos.
Não é só sobre renda, é também sobre felicidade
Nem todas as mulheres que participam dos cursos do Senac querem trabalhar na área. Muitas buscam portas para realizar sonhos, como Silvia Martins, que está hoje no curso de maquiagem. “Eu tô fazendo pela beleza. Aprender a maquiar é um sonho que eu tenho há muito tempo e está sendo uma realização pessoal.” Para ela, essa também é uma forma de inspirar sua filha a aprender coisas e realizar seus próprios sonhos.
Neli Werner Tristão é da mesma turma de Silvia e também não está buscando uma profissão, e sim a realização pessoal. Neli conta que está na ‘melhor idade’, por isso está se especializando em maquiagens para peles maduras. “A gente vê nos eventos que as maquiagens costumam craquelar depois de um tempo, então a pessoa tem que ficar lá meio estátua para não estragar. Por isso eu estou fazendo o curso, porque a pele madura merece um cuidado especial.”
Neli é aposentada, participa da Universidade Aberta da Terceira Idade, na Unioeste, e diz que quer levar esse conhecimento para as amigas. “Eu sempre gostei de maquiar minhas vizinhas, minhas amigas, porque é uma forma de deixar a pessoa melhor, deixar mais feliz.”