
Para diminuir o problemas das enchentes, é preciso aumentar a vazão do rio, não construir moradias nas áreas alagáveis mas também cuidar melhor do solo agricultado, medida que, além de baixar o volume de água do rio, também diminuem prejuízos do agricultor. São investimentos altos, de médio e longo prazo, mas necessários.
Estas conclusões foram tiradas de um debate promovido na manhã deste sábado pela Rádio Educadora, no programa Manhã Maior.
O apresentador Carlos Eduardo Kadu, com o apoio do diretor Lucas Karam Araújo e a participação do chefe regional da Seab, Neri Munaro, convidou autoridades do município e uma respeitável equipe de engenheiros agrônomos que há anos conhecem e vivenciam o problema das enchentes em Francisco Beltrão.
O tempo foi curto, reconheceu Kadu, mas valeu pela exposição do tema e, e consideradas as ligações que a emissora recebeu de ouvintes, teve boa audiência. O debate aconteceu na mesma semana que o Ministério Público promoveu também um debate sobre o mesmo assunto, que é de grande interesse pois lotou a Câmara de Vereadores.
Conservação do solo pode diminuir em 15% a vazão do rio
Uma parte das enchentes na cidade se deve à má conservação do solo no meio rural, disse Ricardo Ihlenfelde, proprietário da Iguaçu Ambiental, de Pato Branco. Ele faz esta afirmação com a autoridade de quem, há dois anos, elaborou um estudo, encomendado pela Prefeitura de Francisco Beltrão, sobre o problema das enchentes.
O estudo de Ihlenfelde abrangeu 85 mil hectares da bacia do rio Marrecas, sendo 44 acima da cidade e o restante abaixo. Na parte acima da cidade, 40% é de área agricultada, “a grande maioria sem conservação de solo”; 23% é de pastagens, 33% de florestas nativas (muito poucas) ou em formação.
O engenheiro agrônomo disse que, na área urbana, traçar um zoneamento urbano nas áreas de risco de enchentes é básico, mas condenou a destruição de terraços – “foram criminosamente eliminados para vender máquinas mais eficientes, para adaptar o solo às máquinas, quando o certo é o contrário, adaptar as máquinas ao solo” – e afirmou que, se forem adotadas as medidas já conhecidas de manejo e conservação do solo, a vazão do rio poderá ser diminuída, nos dias de fortes chuvas, em até 15%.
Respeitar a cota do rio
Vários participantes do debate confirmaram que é necessário melhorar a conservação do solo como medida para diminuir o prejuízo das enchentes, mas vários também alertaram para a necessidade de construir residências somente onde a água não chega, como destacou Sérgio Carniel, da Emater: “No meio urbano, é preciso eliminar (ou realocar) as moradias que estão dentro da cota que é do rio e isso é possível porque nós temos áreas suficientes para construir novas casas em locais seguros”.
Participantes – Participaram do debate: Ericson Marques, Orley Jayr Lopes e Sérgio Carniel – da Emater; Juan Artigas Souza Luz da Sema; Neri Munaro, Ricardo Kaspreski (presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos) e João Fernando Guarienti – da Seab; Ricardo Ihlenfelde – da Iguaçu Ambiental; os vereadores Paulo Grohs (presidente da Câmara) e Alfonso Bruzamarello; e o presidente do Condef, Antônio Pedron.