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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Emoções e muitos elogios para a Cantata da Revolta dos Posseiros

O fim de semana foi marcado por quatro apresentações em Francisco Beltrão e uma em Pato Branco da Cantata dos Posseiros, um rico musical que leva para a arte os acontecimentos históricos de 1957.

Na Ária de Pedrinho Barbeiro, o tenor beltronense Etcheverry Rebelatto, um dos destaques da Cantata da Revolta dos Posseiros. “A quem pertence esta terra?”

Foto: Leandro Czerniaski/JdeB

A surpresa da qualidade musical, dos músicos e cantores, momentos de emoção e aplausos em profusão marcaram a estreia da Cantata da Revolta dos Posseiros, sexta e sábado em Francisco Beltrão e domingo em Pato Branco. As disputas pela terra que em 1957 agitaram o Sudoeste do Paraná e já tinham sido contadas em prosa e verso, assim como em músicas populares, agora podem ser representadas também por música clássica.

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No final de cada apresentação, o compositor, Luiz Felipe Radicetti Pereira, carioca com muitos anos como músico profissional, agradecia ao público e dizia que ele dedicava a nova obra de arte principalmente aos heróis anônimos de 62 anos atrás. O projeto foi viabilizado pela Coperarte (Cooperativa de Cultura e Arte do Sudoeste do Paraná) e patrocínio da Copel através do Profice (Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura).

Pela Copel, foi apresentado Estevo Pavanelo, representando o gerente Leandro Portela da Luz. Na noite de sábado esteve presente também o empresário Joseti Meimberg, diretor geral da Unisep e do local do espetáculo. Mais de duas mil pessoas assistiram às apresentações, no Teatro da Unisep de Francisco Beltrão e no Teatro do Sesi de Pato Branco.

Na avaliação do presidente da Coperarte, Roniedson Rebelato, a Cantata “foi além das expectativas, nós cumprimos todos os objetivos, conseguimos levar a Cantata para alunos, professores e um excelente público; a expectativa era para uma obra boa e se concretizou”. Roni também informa que, “com certeza, essa obra vai ter continuidade, e vai gerar outras coisas boas”.

Zélia Lopes, Lurdes Lago e Salete Salvatti aplaudem a Cantata, que lhe deu momentos de emoções, principalmente na Ária para o dr. Walter, que era muito amigo delas e de suas famílias.

Foto: Ivo Pegoraro/JdeB

 

Fantástica e surpreendente
No final da apresentação de Pato Branco, domingo, a ex-secretária de Estado da Educação, Ana Seres, filha do entrevistado Jácomo Trento, disse que viu muita qualidade na Cantata e resumiu numa palavra: “maravilhosa”. A apresentadora da TV Sudoeste Margarete Camargo usou a mesma palavra: “Eu achei maravilhosa” e acrescentou “fortíssima, tem muitas emoções, curti bastante”.

Já o advogado Neri Cenzi, que não viveu aqueles tempos, mas reside em Pato Banco desde 1975, foi mais longe em sua análise sobre a Cantata. Ele não economizou adjetivos: “É uma obra de arte de valor histórico fantástico, eles (compositor, músicos e cantores) conseguiram traduzir para a arte a história que se viveu naquela época de posseiros. A arte revela pra nós, hoje, um momento histórico daqueles tempos, traduz de uma forma agradável, linda, a história. A qualidade da peça é fantástica, eu achei de um valor artístico fenomenal, e eu não esperava isso. Fiquei surpreso, porque eu achava que era uma coisa muito simples, mas ela veio com muitos adereços, muitos contornos que deram um valor artístico fantástico, foi surpreendente”.

Entrevistas e música
Felipe Radicetti se baseou em mais de 20 obras para a produção das músicas. E ele ressalta que sua maior fonte de inspiração foram as entrevistas das pessoas que participaram da Revolta, conforme o Jornal de Beltrão publicou, desde 2007. Entre a abertura e o início da Cantata, era entrevistada, pelo jornalista Ivo Pegoraro, uma pessoa que viveu os acontecimentos de 1957. Na manhã de sexta-feira, a entrevistada foi Terezinha Traiano Toscan, que em 1957 era uma estudante de 11 anos, idade da maioria do público presente no Teatro da Unisep: seu pai era ameaçado de morte, as aulas foram suspensas e as crianças passavam muito medo. Na parte da tarde, a entrevistada foi Olga Singer Soares, que em 57 era esposa do posseiro Arthur Soares, um dos quatro mil homens que tomaram o centro de Francisco Beltrão armados e expulsaram as companhias, e ela ficou em casa sozinha, com duas crianças pequenas e com medo de ser atacada pelos jagunços.

Mais dois posseiros que estiveram na praça, e ficaram eternizados nas fotos histórias de 1957, foram José Santolin, de 93 anos (sexta-feira à noite): ele chefiava uma trincheira, na entrada da cidade, armado de um revólver e uma espingarda; e Delvino Donatti (sábado á noite): assim como Santolin, Delvino marchou entre os posseiros, cantando o Hino Nacional, na atual Praça do Calçadão. Na apresentação de Pato Branco, domingo à noite, o entrevistado foi Jácomo Trento, o popular Porto Alegre, aquele que defendia os posseiros repassando informações para o Ivo Thomazoni, que transmitia pela então Rádio Colméia de Pato Branco (atual Celinauta).

O canto ficou por conta do coral da Sonata Escola de Música e o tenor beltronense Etcheverry Rebelatto. A música foi da Orquestra Filarmônica de Valinhos (SP), cujo diretor presidente é o beltronense Jerci Maccari, filho de Maria e Basílio Maccari, moradores da Seção São Miguel, onde Jerci morava em 1957, aos oito anos viu seu pai seguir os demais posseiros para a cidade, armado cada um com sua espingarda.

Jácomo Trento, o Porto Alegre, e Felipe Radicetti, o compositor da Cantata: emoção de ambas as partes quando se encontraram, domingo à noite, em Pato Branco.

Foto: Ivo Pegoraro/JdeB

 

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