Osvaldo Vieira trabalhava com construção civil, mas também tem investido em caminhões pelos últimos 30 anos. Para ele, depois da última greve o setor já está se recuperando.

Seu Osvaldo Vieira (direita) junto com o motorista Valdemar Rodrigues dos Santos, em frente ao seu caminhão.
Foto: Rubens Anater/JdeB
Osvaldo Vieira começou a trabalhar com transportes em 1987. Nesses mais de 30 anos, pôde ver os altos e baixos do setor. “Minha profissão mesmo era na construção civil, mas por estímulo dos empresários da Bilhar Líder, que eram meus clientes e amigos na época, resolvi comprar caminhões. Cheguei a ter cinco”, conta Vieira.
O empresário investiu em caminhões de câmara fria e, na época, eles faziam a rota de Chapecó (SC) até Porto Velho (RO), levando embutidos e voltando com queijos. Os negócios iam bem e o retorno era melhor do que a ida – algo difícil de imaginar hoje em dia, com fretes de retorno chegando a valer de 30% a 35% do frete de ida.
Cinco anos depois, ele acabou integrando seus caminhões no transporte da Sadia (atual BRF), para fazer fretes mais próximos – no máximo até Uberlândia (MG) – e evitar que seus motoristas passassem tanto tempo longe de casa.
Vieira conta que o trabalho continuou razoavelmente bom por um tempo, mas que em algum ponto dos últimos anos, piorou consideravelmente. “Faz tanto tempo que a situação está ruim que a gente nem lembra como foi que começou. Mas depois que o governo deu uma abertura pra compra de caminhões com juros baixos, todo mundo tinha possibilidade de comprar caminhão, então inchou o mercado e caiu o valor dos fretes”, lembra.
Queda nos valores dos fretes
“Daí por diante a gente ficou sempre sofrido nos transportes, com fretes baixos e combustível caro. Chegou um ponto que eu estava querendo desistir dos caminhões. Tanto que hoje só tenho um caminhão e não pretendo comprar mais no momento”, conta. Para o empresário, o investimento se tornou quase inviável.
No entanto, Vieira prevê melhoras. “Essa última greve já melhorou a situação um pouco. A classe está sendo um pouco mais valorizada, está recebendo um pouco mais de respeito, porque as pessoas sentiram na pele que se o transporte parar, o Brasil também para e todos os setores ficam sacrificados”, comenta.
Para ele, a tendência agora é melhorar, mas ainda tem muito caminho pela frente. O empresário avalia que, se o combustível não voltar a aumentar como estava aumentando nos últimos anos, é possível tornar a atividade realmente rentável novamente. Mas, para isso, é preciso também estabelecer uma tabela de frete mais estável, que defina um valor razoável principalmente para o retorno.
A importância do transporte
Para o empresário, hoje o transporte rodoviário é um dos setores mais importantes da economia brasileira. “O transporte ferroviário está totalmente sucateado, então o rodoviário é a única opção”, analisa. Então é impossível negar que os caminhoneiros são parte essencial para o funcionamento do Brasil.
Além de serem tão importantes, os caminhões têm um lugar no coração do empresário. “É uma coisa que eu gosto. Posso levar prejuízo, mas me entusiasma ver o negócio andar. O caminhão emprega muita gente, como motoristas, postos de combustível, borracharias, eletricistas, oficinas e muito mais. É uma coisa que sempre me cativou. Se as coisas melhorarem, sou capaz até de voltar a ampliar os negócios!”, ressalta.