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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Enchentes e enxurradas terão capítulo especial no novo Plano Diretor

Tema é o mais abordado nas oficinas e audiências públicas. Beltrão cresceu “desordenadamente” nos últimos anos e é preciso corrigir isso, diz arquiteto.

Elizangela Bonetti, 33, auxiliar administrativo, quer, o quanto antes, que sejam concluídas as obras do Centro Municipal de Educação Infantil do Bairro Marrecas, em Francisco Beltrão. “Hoje a creche fica junto com o colégio. É ruim, né. A obra começou e agora tá aí, parada, quando poderia receber mais crianças”, questiona.
Essa é uma das poucas queixas de Elizangela. Ela mora perto da escola e bem em frente ao posto de saúde. “Tem médico, enfermeira, remédio, vacina. Não tem do que reclamar. Único problema do bairro mesmo é quando chove muito. Minha casa é longe, mas as pessoas que moram perto do rio sofrem”, lembra.
A preocupação de Elizangela, que não tem acompanhado de muito perto as discussões em torno do novo Plano Diretor de Francisco Beltrão, é consonante com a de muitos outros beltronenses que já participaram ou vão participar das oficinas e audiências públicas que estão revisando o plano vigente. “Hoje, o primeiro assunto é enchente”, afirma o arquiteto Dalcy Salvati, diretor do Instituto de Pesquisas e Planejamento Urbano de Francisco Beltrão (Ippub) e coordenador das atividades de revisão do plano.
Segundo Dalcy, deverá ser reservado um capítulo especial só para o tema, buscando recuperar anos em que a cidade cresceu “desordenadamente”. “Sempre são levantadas aquelas antigas questões: as cheias, a ocupação desordenada da cidade, das encostas de morro, fundos de vale, áreas de preservação, então é esse processo que a cidade não tem um planejamento, controle e fiscalização eficiente. Dá pra dizer que Beltrão tem crescido desordenadamente nos últimos anos porque nunca se levou muito a sério. Houve períodos em que se teve a preocupação com isso e outros que não”, frisa o arquiteto.

Dalcy Salvati: do Ippub.

 

Enchentes e enxurradas
“Meio Ambiente e Águas” foi o tema da segunda oficina temática com a Comissão de Acompanhamento do Plano Diretor, dia 3, composta por representantes dos segmentos organizados da sociedade beltronense. Esse também será o assunto da próxima audiência pública, prevista para este mês, em que a população poderá opinar e sugerir ações voltadas a essas áreas.
“Essas propostas serão verificadas e complementadas ou eliminadas. Se olhar aqui [no Plano Diretor de 2007], não há nada que fale sobre as enchentes porque de 1983 a 2006 não houve enchente significativa, pois as obras que foram feitas na década de 80 amenizaram o problema, além da sorte de não ter chovido pra isso”, lembra Dalcy.
As propostas já começam a tomar corpo baseadas também em um documento elaborado em 2012 com diversas intervenções que poderão solucionar o problema por muito tempo, como a volta dos murunduns – aquelas curvas com terras que se vê em algumas áreas de lavouras – e a criação de represas ou lagoas de contenção no próprio Rio Marrecas ou em afluentes, como o Rio 14, que deságua no Marrecas praticamente no perímetro urbano. 
“O que causa enchente em Beltrão não é a chuva que cai na cidade, é a chuva que cai lá na cabeceira do Marrecas, em Flor da Serra, e vem percorrendo os 80 e poucos quilômetros do rio e chega a Beltrão. Segurando 50% da água acima da ponte da PR 483, resolve o problema das enchentes em Beltrão”, garante Dalcy, que elenca ainda ações complementares para resolver o problema das enxurradas nos córregos que cortam a cidade.

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Próximas etapas
No dia 3 de março aconteceu a terceira e última oficina temática de revisão do Plano Diretor sobre macrozoneamento, uso e ocupação do de solo. Foram levantadas questão de áreas de preservação, zonas de ocupação residencial, comercial e industrial. Ainda restam duas audiências públicas (sobre Meio Ambiente e Águas e sobre Macrozoneamento) a serem organizadas.

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