O Brasil está na décima posição entre os países onde mais nascem prematuros.

Pais e mães de crianças que passaram pela UTI neonatal do Hospital Regional de Francisco Beltrão participaram no domingo, 17, de um encontro festivo com familiares e funcionários do hospital. Foi um dia para as crianças se divertirem na cama elástica e piscina de bolinhas, comerem bolos, doces e salgadinhos; e de os pais reverem amigos e comemorarem a superação de uma fase difícil. A prematuridade é a principal causa de morte de crianças no primeiro mês de vida, segundo dados do Ministério da Saúde (2011), e quem consegue vencer esse período só tem a comemorar.
A psicóloga Angela Morais afirma que há um trabalho semanal, com reuniões, atividades e palestras com as mães que têm bebês internados na UTI neonatal. “O objetivo é ajudar a fortalecer nessas mães as condições de enfrentamento, porque é uma situação que não é fácil.” O Brasil está na décima posição entre os países onde mais nascem prematuros. São vários os fatores que contribuem com este índice.
Paradoxalmente, as regiões mais desenvolvidas (Sul e Sudeste) são as que apresentam os maiores percentuais de prematuridade (12% e 12,5%, respectivamente), seguidas pela regiões Centro-Oeste (11,5%), Nordeste (10,9%) e Norte (10,8%).
Eram gêmeos, ficou só um

Larissa Wurtzel, 23 anos, teve gestação gemelar, mas descobriu na 28ª semana que um dos fetos estava morto e, para não colocar em risco o outro bebê, optou pela cesárea. Davi nasceu com 590 gramas e 32 centímetros, o menor peso registrado até hoje no Hospital Regional. Ele ficou 109 dias na UTI neonatal e, apesar de ter um desenvolvimento um pouco mais lento, está muito bem de saúde. “No início foi um choque muito grande, eu sonhava em levar os dois para casa, com uma gestação no tempo certo, mas infelizmente não foi possível”, comenta Larissa.
Ela destaca que o suporte emocional da equipe do HR foi fundamental para superar o momento de dificuldade. “Muitas vezes as notícias não eram tão boas. Com 12 dias ele teve uma hemorragia cerebral, pulmonar e parada cardiorrespiratória. Lembro que a médica ligou 7 horas da manhã para ir se despedir dele, porque não tinha mais o que fazer. A equipe veio chorando me encontrar, mas felizmente ele conseguiu reverter o quadro e não ficou com sequela nenhuma. Só tenho a agradecer a todos que me apoiaram.”
Perdeu a esposa
Robson Gesser, 36 anos, morador de Nova Prata do Iguaçu, também tem um relato de perda na família. A esposa, aos seis meses de gestação, teve complicação com uma doença chamada Síndrome de Hellp e foi forçada a realizar uma cirurgia para retirada do bebê. Dois dias depois, ela não resistiu e acabou falecendo. “Ela era saudável, já tínhamos um filho e foi difícil encontrar uma explicação”, conta Robson, que teve de assumir o papel de pai e mãe.
“Eu ia e voltava todo dia do hospital, porque tinha o outro filho em casa e precisava trabalhar. Foi o meu outro pequeno que me ajudou a superar. Só com seis meses que foi cair a ficha, porque não tinha tempo para raciocinar.” Davi ficou até os nove meses entubado no oxigênio – apesar de lhe garantir a vida, o equipamento provocou um pequeno calo na traqueia, forçando a equipe a fazer uma traqueostomia de emergência, a primeira realizada no HR.
O menino hoje está com 1 ano e três meses e no próximo dia 26 irá realizar uma cirurgia para retirar o tubinho que vai de seu pescoço até o pulmão para então começar a respirar sozinho pelas narinas.
