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Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.213

28/05/2025

Endividamento cai, mas consumidores têm mais dificuldades para pagar contas

Da assessoria – O endividamento dos consumidores paranaenses foi um pouco menor em fevereiro. Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e da Federação do Paraná (Fecomércio PR), 92,3% das famílias do Estado possuíam algum tipo de dívida. Em janeiro, esse percentual era de 93%. Mas também houve um aumento do número de famílias que atrasaram os pagamentos de seus compromissos.

O endividamento caiu nas duas faixas de renda analisadas: entre as famílias com rendimentos até dez salários mínimos, o índice saiu de 92,6% no início do ano para 92% em fevereiro; entre as famílias que ganham acima desse patamar, os envidados passaram de 94,6% para 93,4%. Entretanto, a parcela de famílias com contas em atraso subiu pelo terceiro mês consecutivo, passando de 20,7% em janeiro para 21,5% em fevereiro. O número de endividados que não terão condições de pagar suas contas também aumentou, de 7,6% em janeiro para 8,8%.

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Ainda que normalmente as famílias de menor renda tenham mais dificuldades de pagar seus débitos, com 23,6% delas com contas em aberto, as famílias com renda alta tiveram o crescimento mais elevado nos atrasos dos pagamentos nos últimos meses, saindo de 6% em novembro de 2021 para 11,4% em fevereiro. Já nas famílias de menor renda essa variação tem sido menor.

Tempo de atraso

O tempo médio no atraso no pagamento das dívidas é de 61 dias. Nas famílias de renda alta, na maioria dos casos (47,4%), o atraso não passa dos 30 dias.

Já entre as famílias de menor renda, boa parte (49%), mantém o atraso nos pagamentos por tempo superior a 90 dias.

Tipo de dívida

O cartão de crédito, apesar de se manter estável, continua sendo o principal tipo de dívida das famílias paranaenses. Representando 77,7% das dívidas, está 7,8% maior do que em fevereiro do ano passado e 6% maior do que em fevereiro de 2020.

Renda do trabalhador não acompanhou os aumentos

Davi Nesi, da CDL.

Os lideres empresariais do setordo comércio reconhecem que o aumento do custo de vida afetou a renda das famílias. Vilmar Bottin, presidente do Sindicato de Lojistas de Francisco Beltrão analisa que o endividamento caiu, mas mas a maior dificuldade é porque a renda do trabalhador não acompanhou os aumentos de preços de produtos, serviços e alimentos. “O que tem acontecido é que muitas famílias estão deixando de lado parte contas para priorizar algumas necessidades. Na verdade, [o problema] não atingiu só as famílias de baixa renda, tem atingido também a classe média, porque o aumento dos combustíveis tem acelerado o aumento de custo de tudo. Teve também os aumentos da energia, do gás”. Ele destaca que o governo federal está reduzindo alíquotas de impostos para ajudar nesta situação. Para Vilmar, o governo estadual deveria, neste momento, também ser sensato e reduzir as alíquotas de ICMS de alguns setores, como o de alimentos.

Paulo Sérgio Bueno, presidente da Coordenadoria das Associações Empresariais do Sudoeste (Cacispar) comenta que “a falta de conhecimento de como lidar com o dinheiro é intrínseco na população, muitos simplesmente não percebem e não compreendem a necessidade de organizar o seu orçamento, prevendo os valores que serão recebidos e planejando a forma que deverá gastar ou economizar”.

Davi Nesi, da CDL de Beltrão, reconhece que o aumento do custo de vida teve impacto nas finanças domésticas. “Essa dificuldade no pagamento das contas, acreditamos que tenha sido uma grande parte pela pandemia, principalmente pelo fim do auxílio emergencial que foi pago pelo governo e, claro, também pela alta dos bens de consumo”.

Davi acrescenta, dizendo que “perdemos consideravelmente o poder de compra e pelo excesso de gastos que as famílias tiveram, pois vimos que produtos e bens tinham fila enorme de espera, e principalmente pela falta de controle nos gastos, sem condições de honrar os pagamentos, as famílias buscaram financiamentos e também sobrecarregaram os limites dos cartões”.

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