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Francisco Beltrão
domingo, 29 de junho de 2025

Edição 8.235

28/06/2025

Escola de Chimarrão ensina preparo de 36 tipos de mates

 

Público da Expobel pode participar de oficinas rápidas sobre preparo de chimarrão. 
Foto: Niomar Pereira/JdeB

 

Chimarrão não nasceu no Rio Grande do Sul. Isso mesmo que você leu. O primeiro contato do homem branco com o chimarrão, há 500 anos, aconteceu no Paraná, que também é o maior produtor de erva-mate do País. A informação é do diretor executivo da Escola do Chimarrão, Pedro José Schwengber, que está participando pela primeira vez da Expobel. O estande localizado ao lado do Pavilhão das Agroindústria tem oficinas permanentes com dicas e orientações sobre o preparo de até 36 tipos de chimarrão. 
O Instituto Escola do Chimarrão, de Venâncio Aires (RS), é um projeto cultural que nasceu em 1998 numa pequena indústria de erva-mate e em 2004 foi transformada em uma ONG. De lá para cá, a entidade já percorreu 325 cidades do Rio Grande do Sul, sete estados brasileiros, cinco países da Europa e os Estados Unidos.
O objetivo é fazer o resgate da cultura da erva-mate, ou seja, os 500 anos do chimarrão. De acordo com Pedro, foram os índios Guaranis que descobriram a erva-mate e, ainda hoje, ela é preparada como os índios ensinaram, apenas de um modo mais ágil. “Também queremos explorar o lado social, essa magia da integração, porque o chimarrão tem um apelo social muito forte. Tende a aproximação, ambientalização, quantos negócios, quanta amizade, quanta fofoca é feita numa roda de mate”, brinca o diretor da Escola de Chimarrão.

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Chimarrão bom para a saúde
A erva-mate é reconhecida por uma série de propriedades medicinais. “É o melhor chá do mundo. Tem mais de 190 princípios ativos. Um médico pesquisador da nossa diretoria (Oly Schwingel) tem mais de 100 estudos compilados sobre erva-mate no mundo. Contudo, no Brasil ainda há pouco estudo sobre erva-mate”, conta Pedro. 
De acordo com ele, quem tem o hábito diário do chimarrão dificilmente terá problema de colesterol, triglicerídeos, ácido úrico, glicemia, além de ajudar na recomposição óssea, ajuda na cicatrização. “É altamente digestiva, diurética, tem a cafeína, que chamamos de mateína, mesmo estimulante encontrado no café. E tem os mesmos antioxidantes encontrados no vinho. Todo mundo sabe que o vinho faz bem pra saúde porque tem os antioxidantes, os flavonoides. Um estudo feito na Universidade de Toro, na Califórnia (EUA), comprovou que a erva-mate também tem antioxidantes e são duas vezes mais potentes do que o vinho. O chá verde, o chá mais consumido no mundo, que também tem flavonoides como propriedade terapêutica, comparando com a erva- mate, os antioxidantes da erva-mate são três vezes mais potentes”, relata.

Não gera dependência
Ele não acredita que a pessoa fique dependente do chimarrão. “São mais de 190 princípios ativos, a pessoa tem uma disfunção e a erva-mate supre aquela disfunção e o dia que ela não toma aquele problema acusa. Não é vício, hábito sim”, argumenta. O Rio Grande do Sul tem o maior índice de câncer de garganta e aparelho digestivo do Brasil, mas na opinião dele não é essa a causa geradora de câncer. “É o lugar que mais toma chimarrão, mas é por causa do chimarrão? Não, não e não. Esquece-se de dizer que está no Rio Grande do Sul um dos maiores índices de consumo de bebida alcoólica e cigarros do País. Essa dupla provoca isso. Foi descoberto na universidade de Berlim na Alemanha que a erva mate é anti-cancerígena, é um preventivo do câncer”, argumenta Pedro. 

 

Paraná maior produtor
O Paraná é o maior produtor de erva-mate do Brasil e a melhor erva-mate do mundo é produzida pelos paranaenses. Esta atividade significou muito para a economia do Paraná. No século 19, a principal riqueza do Estado era a erva-mate, o ouro verde. “Hoje ainda tem alguns castelos em Curitiba dos barões da erva-mate. Por isso gostamos muito do Paraná, principalmente da região Sudoeste. Colonizada por gaúchos. O espaço aqui no parque está sempre cheio de gente, desde a primeira hora da feira.”
Pedro disse que a negociação para a Escola de Chimarrão vir à Expobel durou cinco anos. “Neste ano, numa parceria com erva-mate Tia Joana, a Escola de Chimarrão veio. Não vendemos nada, trabalhamos só com cultura e educação, então temos que ter o patrocínio. Existe uma oficina permanente de chimarrão. São 36 modelos de chimarrão, com destaque para o chimarrão feito em 11 segundos. São cinco pessoas atendendo o público, repassando informações, dicas.”

 

Dicas para preparar chimarrão
A erva-mate pode ser armazenada no freezer, onde mantém por mais de cinco anos sua cor, odor e sabor. Não congela, porque é desidratada. 
Quando ferver a água não serve mais pra chimarrão porque ela perde oxigênio. Pedro recomenda que quem prepara chimarrão tenha um termômetro junto. A temperatura ideal é em torno de 70 ºC a 73 ºC na chaleira. Ao transpor para térmica ela vai perder 3 a 4 graus e quando servir na cuia ela vai ficar entre 56 e 60 graus, o que é permitido pela OMS. 
Informações gerais
Maiores produtores de erva-mate no Brasil: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul.  Maior produtor mundial de erva mate é a Argentina. Maiores consumidores do Brasil: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. 
O maior consumidor per capita é o Uruguai. E 85% da erva deles é importada do Brasil. Na sequência os maiores consumidores per capita de erva mate: Argentina, Paraguai, Síria e o Brasil. 
A erva-mate só é produzida num paralelo que pega Paraguai, ponta do Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Argentina. O resto do mundo não produz esta cultura agrícola. A erva-mate vem sendo muito utilizada em cosméticos, culinária, energéticos, tintas, cervejas e refrigerantes. 

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