Três apresentações no Teatro da Unisep, nesta sexta-feira, às 9h da manhã, duas e meia da tarde e oito e meia da noite. Ingresso gratuito.

Roniedson Rebelatto, presidente da Coperarte, e Jerci Maccari, diretor presidente da Orquestra Filmarmônica de Valinhos (SP) acompanharam ontem os ensaios da Cantata da Revolta dos Posseiros, no Teatro da Unisep, para a estreia de hoje de manhã, tarde noite.
Fotos – Ivo Pegoraro/JdeB
Ontem, 16h, num intervalo dos ensaios da Orquestra Filarmônica de Valinhos (SP), no Teatro da Unisep em Francisco Beltrão, o diretor presidente, Jerci Maccari, que também é músico, falava ao Jornal de Beltrão sobre a Cantata da Revolta dos Posseiros:
“O pessoal está entusiasmado, é uma peça aparentemente simples, mas é cheia de armadilhas, exige muita atenção, é um desafio, e o músico experiente gosta de desafios como estes.”
Logo chegava o compositor das dez músicas que serão executadas hoje, o carioca Felipe Radicetti. Ele ficou ouvindo, depois conversou com o maestro (Yonan Daniel), voltou a ficar olhando e ouvindo e concluiu que a orquestra é muito boa e executa suas músicas conforme ele programou.
À noite haveria mais ensaios, com a participação também do coral da Sonata Escola de Música, sob a regência da professora Dotsy Myrna Santi Rebelatto.
Está tudo pronto para a estreia, nesta sexta-feira, em comemoração à Revolta dos Posseiros, que ontem completou 62 anos em Francisco Beltrão. O espetáculo musical, viabilizado pelo Profice num projeto da Coperarte (Cooperativa de Cultura e Arte do Sudoeste do Paraná), tem quatro apresentações em Francisco Beltrão – hoje às 9h, 14h30 e 20h30; amanhã, sábado, às 14h30 – e em Pato Branco, domingo, às 19h, no Teatro do Sesi.

Ingresso gratuito e destaque para quem viveu a história
O patrocínio da Copel permite a gratuidade do ingresso. As músicas, como já falou o compositor Felipe Radicetti, são dedicadas a todos que participaram da Revolta de 57, mas principalmente às pessoas anônimas. Mas o convite é aberto ao público, com restrição às duas apresentações de hoje durante o dia, que são mais destinadas a alunos de escolas públicas e privadas. Mas se alguém quiser ir durante o dia e tiver lugar, poderá assistir.
Entre as pessoas que viveram a Revolta dos Posseiros de 1957 está o presidente da Orquestra de Valinhos, o também artista plástico Jerci Maccari. Filho de Basílio e Maria Vaccari, estava com oito anos de idade e lembra bem de quando o pai foi pra cidade, com sua espingarda 36, acompanhando os vizinhos para expulsar as companhias de terra, e ele com a mãe e os irmãos, que residiam na Seção São Miguel, foram dormir na casa de um tio, um recurso usado por muitas famílias daqueles dias tumultuados: saíam de casa para fugir do assédio dos jagunços das companhias de terra.
Aqueles sofrimentos todos, já registrados em livros, entrevistas, teses, poesias e músicas populares, são expressados hoje através de música clássica.
Exposição de peças de museu
No hall de entrada do Teatro da Unisep, o pessoal do Departamento de Cultura organizou uma exposição de peças do tempo da Revolta. Além dos tradicionais recortes de jornais, livros e fotos, tem peças novas como um dos famosos contratos da companhia de terras Apucarana, e uma máquina de escrever do médico Walter Pécoits, que foi um dos líderes do movimento em Francisco Beltrão.
Data pouco lembrada
Em entrevista ao jornalista Luiz Carlos Bággio, da Rádio Onda Sul, ontem, o advogado Raul Prolo, filho de Luiz Prolo, um dos principais líderes da Revolta de 57, dizia que a data de 10 de outubro deveria ser mais lembrada no município, pela importância histórica dos acontecimentos de 62 anos atrás. Ele também lamentou que o nome de seu pai não aparece em monumentos públicos; chegou a constar no Atendimento 24 Horas, mas depois que mudou para Centro de Saúde da Cidade Norte seu nome desapareceu.
A comemoração do 62º aniversário da Revolta dos Posseiros em Francisco Beltrão é a estreia da Cantata, projeto da Coperarte viabilizado pelo Profice (Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura), com patrocínio da Copel.
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