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Francisco Beltrão
sábado, 31 de maio de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Experiência deixa de ser um requisito na hora da contratação

Para lidar com a falta de mão de obra, indústrias estão admitindo o pessoal e treinando internamente.

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áquinas ociosas e vagas em aberto: metas de produção são alcançadas com horas-extra. Foto: Leandro Czerniaski/JdeB

Por Leandro Czerniaski – Toda quarta-feira tem seleção de candidatos a trabalhar na Confecções Raffer. Dezenas de pessoas são entrevistadas, já que sempre há vagas disponíveis, mas na hora de fazer o teste nem todos os selecionados aparecem. “Muita gente vem para a entrevista e no dia seguinte, quando chamamos para o teste prático, cerca de metade não retorna para concluir essa fase”, pontua a psicóloga Ana Flávia Chiapetti, do setor de recurso humanos da empresa. “Tenho visto que esse desinteresse e falta de compromisso são um problema comum de outras indústrias e setores e que têm prejudicado a seleção”, complementa.

O comprometimento dos candidatos vem sendo um critério cada vez mais importante na hora da seleção. Até mais que a experiência. No caso da Raffer, não é necessário que uma costureira, passador ou auxiliar de produção já tenha trabalhado com isso: a indústria ensina “do zero” tudo sobre a função e por 90 dias avalia o desenvolvimento do colaborador.

Quem passa pelo prazo de experiência na Raffer recebe um salário a partir de R$ 1.400 (varia para mais, conforme a função) e benefícios como plano odontológico, cartão de crédito, vale transporte e plano de carreira.

Para conter a alta rotatividade e as faltas injustificadas, a empresa criou um adicional de R$ 100 mensais para quem for assíduo no trabalho. “O comprometimento do colaborador é algo que buscamos valorizar muito, aqui”, diz Ana Flávia.

Tem demanda para contratar mais

Atualmente, 340 funcionários se dedicam à fabricação das peças de moda masculina que a Raffer envia para todo o País – se tornou uma referência nacional neste segmento. Pela demanda atual, haveria espaço para contratar até 70 trabalhadores se houvesse mão de obra disponível. “Temos batido nossas metas de produção, mas através de hora extra”, comenta Altair Samuleski, gerente de produção. Alguns setores estão sendo terceirizados devido à falta de profissionais.

Outro exemplo é a unidade da BRF de Beltrão, que está para reativar o abate de perus e busca trabalhadores, mas têm dificuldade em atrair candidatos. A companhia vem trazendo pessoal de outras cidades há alguns anos e agora reduziu a exigência de escolaridade: não precisa ter o fundamental completo para se inscrever.

Automatização ameniza falta de pessoal

No Grupo Marel, a produção está a todo vapor, mas há dificuldade de encontrar funcionários, por isso também está contratando pessoal sem experiência e treinando internamente. A automatização da produção, fruto da evolução do segmento, tem ajudado a amenizar este cenário, mas a presença humana continua fundamental em vários processos.

Edgar Behne, do Grupo Marel: indústria contrata mesmo sem experiência e treina os novos colaboradores.

“Mesmo com máquinas mais modernas, continuamos contratando novos trabalhadores nos últimos três anos e poderíamos ter mais. Nossa maior dificuldade é encontrar operadores para as máquinas, porque é uma função que exige maior treinamento”, cita o  diretor do Grupo, Edgar Behne, que também preside o Sindimadmov, sindicato que reúne as indústrias do setor moveleiro. A Marel chegou a ter 500 funcionários, mas a produção era cerca de um terço da atual, que envolve 380 profissionais. 

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