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Francisco Beltrão
terça-feira, 03 de junho de 2025

Edição 8.218

04/06/2025

Fabricação de carrocerias de madeira envolve processo artesanal e criativo impulsionando empresas familiares

Além de darem um toque de beleza ao conjunto, este tipo de carroceria ainda é muito procurado devido a sua versatilidade.

Fabricar carrocerias na empresa dos Lazarin é quase que uma arte. Apesar de seguirem um padrão de cores e modelos, cada carroceria é única e feita sob o gosto do cliente – um dos principais requisitos é que precisa combinar com a cabine do caminhão. “O fundo ainda é aplicado com pistola, mas os detalhes da pintura são feitos com pincel, manualmente, com as cores e formato que o pessoal pede”, explica José Lazarin, que há 43 anos trabalha na fabricação e reforma de carrocerias em Francisco Beltrão.
O processo ainda é quase todo artesanal. José comenta que o segredo de uma boa carroceria é ter boa madeira. Hoje a maioria do material é de garapeira (e tudo precisa ser certificado), mas antigamente era utilizado Angico, Cabreúva, Grápia e Peroba. A secagem adequada é importante para que não haja rachadura, empenamento ou montagem com a madeira ainda “verde”.
A qualidade da madeira garante uma longa vida útil dos produtos. No dia desta reportagem, Lazarin estava reformando uma carroceria que ele ajudou a fabricar há 33 anos, quando trabalhava noutra empresa. “Só trocamos as travessas e o assoalho, o restante permaneceu o mesmo e fizemos a repintura. Tá nova de novo”, brinca.

Negócio de família
A Lazarin foi fundada por José e o irmão Valdemar (já falecido) e, apesar da redução nos pedidos nos últimos quatro anos, ainda há muita demanda na fábrica. A expectativa é que os filhos Cássio e Fabrício, que trabalham desde cedo na indústria, deem continuidade à tradição. “A gente se criou aqui dentro e queremos seguir fazendo isso”, comentam.
A passagem do negócio para a família é uma característica identificada também na Carrocerias São Roque, que está na terceira geração dos Petkowicz. “Meu pai era ferreiro e fundou a empresa própria para fabricar carroças, em 1954. Nos anos 80 passou a fazer carrocerias de caminhão e nos anos 2000 a gente iniciou, também, com os furgões, tudo vindo do meu pai e da minha mãe, passando por mim e meus irmãos e agora tem meus sobrinhos e filho trabalhando com a gente”, relata Ademir.

Carroceria é multifuncional
Na São Roque, são fabricadas pranchas, furgões, porcadeiras, câmara-fria e frangueiras utilizando aço e alumínio, mas cerca de 40% dos pedidos ainda são pelas carrocerias de madeira. E Ademir tem uma explicação para tamanha popularidade: “O pessoal daqui gosta bastante, principalmente quem trabalha no interior, porque com a carroceria de madeira dá pra carregar grãos, sacos, carros e equipamentos e, se colocar a sobre-grade, vira uma boiadeira. É algo multifuncional”. A melhor adequação é em veículos menores, como caminhonetes, caminhões 3/4 e trucados. Em 30 anos, a estimativa é de que duas mil carrocerias tenham sido fabricadas pela São Roque – mais uns 800 furgões em 12 anos. A empresa emprega hoje 17 pessoas. Além da São Roque e da Lazarin, no município também há outras três indústrias de carrocerias e furgões: Beltrão, Donatti e Candiotto.

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José Lazarin e os filhos Cassio e Fabrício: negócio é passado entre gerações.

 

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