Projeto utiliza espaço da Amarbem para motivar alimentação saudável e acesso a plantas medicinais.

O projeto tem coordenação da Unioeste e propõe alimento de qualidade às famílias que participam.
Fotos: Ligia Tesser/JdeB
Dona Maria da Luz mora no Bairro Padre Ulrico há 36 anos. Sempre ativa na comunidade, ela participa de diversos projetos. Um deles é o de resgate dos saberes das plantas medicinais como patrimônio. Maria e mais 15 representantes de famílias moradoras do bairro participaram juntos, na manhã de sexta-feira, 10, do mutirão para limpeza e plantio na horta comunitária, implantada em terreno cedido pela Associação Marrecas de Bem-Estar (Amarbem).
O projeto é um convênio entre a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e o Ministério de Educação (MEC) / Sistema de Seleção Unificada (Sisu). O objetivo é que a comunidade cuide da horta, que servirá para alimentação saudável e acesso às plantas medicinais. Aluna da Universidade da Terceira Idade (Unati), da Unioeste – campus de Beltrão, dona Maria resume que, após criar sua família, agora ela se dedica às melhorias do bairro onde seus filhos cresceram.
Ela participa do Clube de Mães, da Associação de Moradores e também da diretoria da igreja. Experiente à frente de organizações comunitárias, analisa: “Na minha opinião, o projeto da horta comunitária é tudo de bom. É o que mais o nosso bairro precisa – o que está acontecendo dia após dia e cada vez melhor -, uma comunidade bem unida. O pessoal da horta, todo mundo, está se esforçando e junto com o Cleiton Wagner [um dos fundadores do bairro e funcionário da Amarbem], que também tem os canteiros dele e sempre cuidou disso há anos, está nos ajudando, então está indo muito bem”.
Dona Maria, em conversa com outras participantes do projeto, chegou à conclusão de que, além de produzirem alimentos, a atividade contribui para suas vidas como uma terapia. “É um momento especial pra gente passar junto. Eu, como moro do outro lado da rua, de noitezinha estou aqui molhando os canteiros, assim como de manhã, mas elas também estão se sentindo muito bem, porque além de ter essa alimentação saudável para elas e para suas famílias, elas têm essa hora que dificilmente a gente tinha, para ficar aqui conversando com as amigas, molhando os canteiros, em contato com a natureza, isso é muito bom”, afirma.

O projeto
Para realização do projeto dos canteiros, a Unioeste de Beltrão também conta com o apoio da Prefeitura, por meio do Departamento de Desenvolvimento Agrário e Secretaria de Meio Ambiente, da Unipar, Associação de Moradores, Associação da Igreja Sagrado Coração e Clube de Mães.
Professora e coordenadora do projeto de extensão, Roseli Alves destaca que este é um grande projeto sobre o resgate de plantas medicinais e, dentro das reuniões, os próprios moradores disseram que queriam fazer uma horta visando à melhoria da qualidade alimentar.
Por meio da parceria com a Amarbem, Roseli esclarece que o presidente da entidade, Clóvis Menger, propôs ceder o terreno e, em troca, a comunidade deixa para a alimentação escolar 50% do que é produzido no local. “Cada canteiro é cultivado e administrado por até três famílias. Elas preparam a terra, cuidam do seu canteiro, molham diariamente, e nós conseguimos um recurso através de convênio da Unioeste com o Governo Federal, para finalizar esta etapa de construção das cercas e fechamento da horta, porque temos todo o cuidado em introduzir a alimentação sem uso de agrotóxico, da melhor forma possível em termos de qualidade da produção”, declara Roseli.
Produção de alimentos com qualidade só aumenta
Na horta comunitária são produzidos alimentos como alface, almeirão, chicória, rabanete, beterraba, cebolinha, abóbora, mandioca, rúcula e tomate. No espaço de plantas medicinais são cultivados hortelã, cavalinha, sálvia, manjericão, capim cidreira, entre outros. A professora Roseli Alves informa que no dia 24 de novembro, uma sexta-feira, alunos e moradores vão a Foz Iguaçu, no Viveiro da Itaipu, para buscar mais 60 tipos de plantas medicinais.
Segundo a professora, essa nova leva de plantas que serão trazidas para Beltrão irá servir para todos os moradores do município. “Nós teremos o canteiro das plantas medicinais que será de uso aberto para todos. Quem precisar, pode vir à Amarbem e solicitá-las. Nós partimos do pressuposto da frase de Hipócrates, ‘que o seu alimento seja o seu remédio, e o seu remédio seja o seu alimento’, então é nesse sentido que fazemos o resgate das plantas medicinais e resolvemos também plantar hortaliças, melhorando a alimentação da comunidade”, resume Roseli.
O projeto de extensão de resgate dos saberes das plantas medicinais como patrimônio trabalha em parceria com a comunidade do Bairro Padre Ulrico desde 2014. Para o primeiro plantio da horta comunitária, a professora Roseli conseguiu as doações de mudas e sementes de seus amigos, que acreditam no projeto, e para o próximo plantio ela já conseguiu mais doações. A partir de 2018, a Prefeitura de Beltrão assumirá o repasse dos insumos.