Dos 42 municípios da região, em 31 a população irá encolher. A maior queda ocorrerá em Salgado Filho, que de 4.005 pessoas ficará com 2.867 (-28,41%). Palmas terá o maior crescimento, passando de 49.159 para 59.779 habitantes (21,6%).

O município de Francisco Beltrão terá 101.872 habitantes em 2030, um crescimento de 15,4%, conforme projeção da população dos municípios do Paraná divulgada pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). Os resultados apontam uma população de 11,5 milhões de habitantes para o Estado, em 2020, e 12 milhões em 2030. Com isso, a taxa anual de crescimento para o decênio 2010-2020 alcança 0,74% ao ano e, no decênio seguinte, 0,43% ao ano.
Segundo o órgão, essa tendência de decréscimo no ritmo de incremento demográfico do Paraná vem ocorrendo desde o início dos anos 2000 e reflete, em grande medida, a redução da fecundidade e, em segundo plano, um saldo migratório negativo nas trocas interestaduais, ainda que em patamares bem próximos de zero.
As grandes cidades continuarão atraindo mais pessoas em detrimento das menores. Se em 2000 o Paraná contava com 12 municípios com mais de 100 mil habitantes, a perspectiva é de que em 2030 existam 23 municípios desse porte – Almirante Tamandaré, Apucarana, Arapongas, Araucária, Cambé, Campo Largo, Cascavel, Colombo, Curitiba, Fazenda Rio Grande, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Guarapuava, Londrina, Maringá, Paranaguá, Pinhais, Piraquara, Ponta Grossa, São José dos Pinhais, Sarandi, Toledo e Umuarama.
Dos 42 municípios da região, em 31 a população irá encolher. A maior queda ocorrerá em Salgado Filho, que de 4.005 pessoas ficará com 2.867 (-28,41%). Por outro lado, Palmas será o município com maior crescimento, passando de 49.159 para 59.779 habitantes (21,6%). Em 2030, 53,05% (337.550) da população do Sudoeste estará concentrada em seis municípios: Francisco Beltrão, Pato Branco, Palmas, Dois Vizinhos, Santo Antônio do Sudoeste e Ampere. Estes mesmos municípios têm atualmente 47,7% dos sudoestinos.
De acordo com o Ipardes, permanece o movimento de concentração em áreas já adensadas, fortalecendo a conformação de grandes aglomerados urbanos. Dos 23 municípios na faixa de 100 mil ou mais habitantes em 2030, 13 localizam-se nos três principais arranjos populacionais do Estado: Curitiba, Londrina e Maringá. Em 2030, nestes arranjos residirão 44,2% da população do Estado, participação que era de 38,6% em 2000.
Nos 31 municípios que os compõem residirão 5,3 milhões de pessoas, das quais quase três quartos na Aglomeração Metropolitana de Curitiba. No restante do Estado, eleva-se também a proporção de pessoas residindo em municípios com mais de 100 mil habitantes: de 12,2% em 2000, para 16,6% do total estadual em 2030.
Sistema de distribuição de recursos
Na opinião do sociólogo Adilson Alves, o esvaziamento dos pequenos municípios é culpa do atual sistema de distribuição de recursos públicos para as prefeituras feito pelo Governo Federal. “O Brasil adotou um modelo perverso de financiamento dos municípios que se chama Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O repasse federal através desse dispositivo tem como um dos elementos centrais o número de habitantes estimado anualmente pelo IBGE. Essa forma de divisão dos recursos faz com que as cidades entrem em competição entre si para atrair mais população e com isso recebem mais dinheiro.” Conforme disse, esses valores são insuficientes para fazer frente aos investimentos necessários em infraestrutura para acomodar o crescimento populacional.
Fuga de jovens e idosos
Outra percepção é de que jovens e idosos, principalmente de áreas rurais, estão mudando para cidades maiores. Os jovens buscam mais oportunidades de estudo e trabalho e os idosos acesso aos sistemas de saúde. “Essa dinâmica já vem impactando fortemente nas regiões rurais e é motivo de muitos debates acadêmicos.” Conforme disse, o desafio é dar ao jovem que quer permanecer no campo condições para que ele produza e viva bem, caso contrário, um número cada vez menor permanecerá no meio rural.
Caos das cidades
Uma das preocupações dos gestores públicos dos centros maiores será com o planejamento urbano. O grande desafio, na visão do sociólogo, é fazer com que os instrumentos de planejamento (Plano Diretor, por exemplo) sejam adequadamente e democraticamente utilizados. “Este é o problema, porque, no geral, a cidade é vista como mercadoria e como estoque de capital. E, não raro, elas são administradas por amadores e mercadores. No sentido de que não se busca adequadamente a inteligência disponível para planejar e administrar as cidades. Dessa forma, a junção de interesses econômicos e baixa densidade de instrumentos de inteligência para a gestão urbana tem nos levado ao caos cotidiano das cidades brasileiras.”
Como será a Francisco Beltrão do futuro
O arquiteto e urbanista Dalcy Salvati entende que pelos próximos 15 anos (2015 a 2030) a cidade não deveria expandir mais seu perímetro urbano como vem ocorrendo com novos loteamentos. Isso, porque, toda expansão urbana requer a implantação de infraestrutura de pavimentação, energia, iluminação, galerias de águas pluviais, rede de água e esgoto que são executadas num primeiro momento pelo empreendedor. Mas depois, são entregues à Prefeitura e aos concessionários de serviços que assumem o ônus da manutenção.
“A implantação de escolas, creches, postos de saúde e outros cabem à administração, que além de arcar com a construção vai arcar com o salário dos funcionários mês a mês, ano após ano. Tal estrutura social, se a área tiver pouca ocupação, ficará ociosa ou com baixa ocupação. Aí o custo cidade se eleva. E quem paga é a população, através dos impostos, cada vez mais altos.” Na concepção dele, tem que se priorizar a ocupação dos espaços vazios inseridos no meio urbano e que já possuem uma estrutura pronta e definida. Uma forma é através do incentivo à ocupação, baixando o valor do IPTU por um prazo estipulado para aqueles que edificam nos terrenos e punição com o imposto progressivo para aqueles que não se dispõem a ocupá-los.
Beltrão suportaria até 318 mil habitantes
De acordo com Dalcy, a cidade de Francisco Beltrão tem uma área urbana, definida pelo seu perímetro, de aproximadamente 53 km² ou 5.300 hectares e uma população total, pela última estimativa do IBGE, 86.499 habitantes. Na cidade moram em torno de 75.000 habitantes. Do total dos 5.300 hectares, cerca de 50% da área é destinada para ocupação com moradia e outras atividades.
A reflexão do urbanista é a seguinte: se a cidade tem 75.000 pessoas morando em uma área de 2.650 hectares (2,65 km²) a densidade populacional é de mais ou menos 28 habitantes por hectare ou por km². A ocupação ideal para uma cidade, para que a sua infraestrutura e todos os seus serviços atinjam o seu ponto ideal, é de uma densidade populacional de 120 habitantes por hectare ou por km². “Sendo assim, dentro do atual perímetro urbano, ou de sua área urbanizável, Beltrão poderia suportar uma população aproximada de 318.000 habitantes, sem a necessidade de sua expansão.”
Salvalti observa que os habitantes de uma cidade exercem basicamente quatro funções: trabalham, habitam, circulam, recreiam. A cidade bem planejada deve atender a todas estas funções com eficiência. “O planejamento tem por obrigação antecipar estas necessidades e propor os serviços e obras necessárias para que o morador da cidade seja bem servido de comércio, prestação de serviço, indústria, emprego, de moradia, escolas, creches, postos de saúde, de vias de circulação, de parques, praças, quadras esportivas, entre outros.”
Grandes obras
O trânsito é um dos principais gargalos das médias e grandes cidades, especialmente pelo crescimento acelerado da frota. Francisco Beltrão viu subir o número de veículos de 39.145, em 2010, para 54.897, até agosto de 2015, um crescimento no período de 40,24%. Ainda há uma quantidade grande de veículos que vem da região, pelo fato da cidade abrigar inúmeros serviços e órgãos públicos.
Dalcy Salvati entende que para se ter uma melhoria do trânsito há necessidade de um bom planejamento do sistema viário. “Em maio de 2010, apresentamos, na Câmara Municipal, através do IPPUB (extinto) um Plano Preliminar do Sistema Viário, que já previa os dois binários (eixos viários) implantados pela atual administração. Além destes estão previstos outros”.
Planejamento tem que seguir plano diretor
O vice-prefeito e secretário municipal de Urbanismo, Eduardo Scirea (PT), entende que a Francisco Beltrão do futuro precisa ser projetada com a participação popular. Um componente importante para a gestão das cidades é o Plano Diretor, que segundo ele, dará diretrizes em questões de via públicas, novos conjuntos habitacionais, distritos industriais, obras de infraestrutura, etc.
Um dos projetos importantes que a administração está conduzindo é a reformulação do transporte coletivo urbano. “Estamos fazendo uma nova licitação, nova outorga, que dará maior amplitude horizontal no itinerário dos ônibus com o aumento da frota. Vai melhorar e o cidadão beltronense poderá utilizar o transporte coletivo de maneira mais efetiva e consequentemente teremos menos carros e motos na rua.”
Pensando em trânsito ainda, Eduardo reforça a importância das ciclofaixas, que dão opção de deslocamento com vias exclusivas para os veículos não motorizados. “Isso será muito importante para termos uma cidade moderna.” A administração municipal também pensa na criação de novos binários e a constituição de um plano de mobilidade urbana, que é uma consequência da revisão do Plano Diretor. “Na mobilidade urbana está incluída desde calçadas, vias públicas com uma fluidez muito grande, vias públicas coletoras, que são acessos ou saídas para os principais loteamentos da cidade.” O vice-prefeito entende que Beltrão tem obstáculos geográficos como o relevo e o Rio Marrecas, por isso a construção de mais pontes é uma necessidade emergencial.
Vazios urbanos
De acordo com ele, dentro do Estatuto das Cidades existe o mecanismo do imposto progressivo (IPTU), porém é de difícil aplicabilidade, porque em pouco tempo dobraria, em termos percentuais, o valor do imposto sobre terrenos desocupados. “Os vazios urbanos são ruins para as cidades. Você tem em locais dentro de regiões que tem todos os equipamentos públicos, os terrenos baldios, desocupados, para fins de exploração comercial, e consequentemente tem que deslocar para locais mais distantes do centro da cidade as pessoas para morar.”
Projeção populacional do Ipardes
Municípios 2016 2030 Variação %
Francisco Beltrão 88248 101872 15,44
Pato Branco 80413 91658 13,98
Palmas 49159 59779 21,60
Dois Vizinhos 39601 43733 10,43
Santo Antonio Do Sudoeste 19926 20309 1,92
Ampere 18733 20199 7,83
Capanema 19082 18394 -3,61
Coronel Vivida 21281 18108 -14,91
Chopinzinho 19557 17262 -11,73
Realeza 16868 16353 -3,05
Santa Izabel Do Oeste 14307 15643 9,34
Salto Do Lontra 14559 15119 3,85
Mangueirinha 16963 15016 -11,48
Clevelândia 16943 14567 -14,02
Marmeleiro 14330 13843 -3,40
Itapejara D’oeste 11628 13080 12,49
Planalto 13644 12201 -10,58
Barracão 10227 10331 1,02
Nova Prata Do Iguaçu 10573 9920 -6,18
São João 10454 9063 -13,31
São Jorge D’oeste 9130 8274 -9,38
Coronel Domingos Soares 7533 7445 -1,17
Vitorino 6790 6737 -0,78
Mariópolis 6554 6550 -0,06
Renascença 6857 6239 -9,01
Verê 7562 6148 -18,70
Saudade Do Iguaçu 5397 5718 5,95
Perola Do Oeste 6558 5465 -16,67
Eneas Marques 6059 5335 -11,95
Nova Esperança Do Sudoeste 5103 4581 -10,23
Pranchita 5387 4351 -19,23
Honório Serpa 5566 4249 -23,66
Flor Da Serra Do Sul 4627 3944 -14,76
Cruzeiro Do Iguaçu 4292 3876 -9,69
Bom Jesus Do Sul 3669 3031 -17,39
Bom Sucesso Do Sul 3299 2967 -10,06
Bela Vista Da Caroba 3719 2897 -22,10
Salgado Filho 4005 2867 -28,41
Pinhal Do São Bento 2719 2658 -2,24
Sulina 3178 2437 -23,32
Boa Esperanca Do Iguaçu 2629 2092 -20,43
Manfrinopolis 2839 2025 -28,67
Total 619968 636336 2,64