Desde 1975, já foram realizados 106 encontros (o 107º será em fevereiro), reunindo jovens também de outras cidades.
Foi marcante a comemoração dos 40 anos da Jornada Jovem em Francisco Beltrão. Participantes daqueles primeiros tempos do movimento leigo da Igreja Católica, que hoje se consideram “velhos amigos”, começaram a se encontrar ainda na noite de sábado, dia 24. Domingo, na Matriz São José, da Vila Nova, teve missa concelebrada, sob a presidência do bispo dom Agenor Girardi, que veio de Porto Alegre e trouxe com ele um grupo de jovens também JJs. E a programação seguiu até o fim da tarde.
Na missa, de quase duas horas, vários momentos diferentes. Começou com a introdução da imagem de Nossa Senhora “puxada” por 40 fitas amarelas que eram levadas de mão em mão, de um e outro lado da igreja. Dom Agenor recordou como foi o início da JJ em Beltrão, após ele e alguns amigos terem participado de um encontro em Anita Garibaldi (SC), numa viagem de 13 ou 14 horas de duração, em cinco num Fusca, por estradas de chão.
No final, foram chamados para o altar alguns pioneiros do movimento local. Além de dom Agenor, que naquele tempo era seminarista, estavam presentes Itamar Pereira e Ledir Petry, que na época tinham acabado de chegar de Anita Garibaldi; Quintino Girardi (irmão de Agenor), que participa desde o primeiro ano e é dirigente até hoje, mais o atual deputado Wilmar Reichembach, que naqueles anos era ainda um jovem tímido, mas sempre reconhece quanto sua participação na igreja, através da JJ, ajudou-o para se apresentar e se manifestar em público, tanto que chegou aos cargos de vereador, vice-prefeito, prefeito de Francisco Beltrão e, agora, deputado. Dom Agenor disse que era importante destacar que a Jornada ajudou pessoas a se tornarem líderes em todos os setores, inclusive na política.
Após a missa, teve teatro, no centro social, revivendo desde o surgimento da ideia do movimento, a escolha do nome e o resultado, sempre animador, dos primeiros encontros. Em Beltrão começou com 32 jovens, entre beltronenses e alguns de outras cidades da região, dias 25 e 26 de janeiro de 1975, mas a repercussão foi tão boa que no mesmo ano teve mais quatro edições.
Seguiram-se vários depoimentos, entre eles de hoje pais de família e até avós que não se cansam de falar do quanto são gratos à JJ. Valdir e Gorete Escher se conheceram numa JJ, assim como Metilde e Aires de Oliveira e Juliana e Ivaldir Úrio. Participaram durante muitos anos para promover o evento. “Os anos que participei da JJ, inclusive ajudando na cozinha, foram os melhores da minha vida”, testemunhou Aires.
Falaram também os padres Vitorino Hang e Renê Van Looy, ambos muito aplaudidos, assim como todos que subiram ao palco para falar de quanto a JJ os ajudou, aproveitando para parabenizar os jovens que hoje continuam a promover jornadas.
Quintino Girardi, que em fevereiro 1975 relutava em aceitar o convite do irmão Agenor para participar da 2ª Jornada, agora foi quem coordenou o evento comemorativo. Ele apresentou sua família, de cinco filhos, todos hoje envolvidos em movimentos da Igreja Católica.
Impressionou e surpreendeu a muitos, também, o depoimento de Itamar Pereira, o reitor da primeira jornada. Em maio de 76, numa Jornada em Capanema, ele conheceu Nilse Tesser, professora que viria a ser sua esposa e mãe dos filhos Lígia e Marco Antonio. Nilse era uma pessoa normal, mas há seis anos tem uma vida vegetativa e Itamar, inclusive, pediu licença para se retirar, após o almoço, porque precisava ir em casa atendê-la, o que ele faz diariamente com o zelo de quem cuida de alguém que depende totalmente de outras pessoas para sobreviver.
“A vida é dom de Deus, nós apenas a administramos”, disse, depois, padre Vitorino, que também relatou o que lhe aconteceu dois anos atrás. Acometido de divirticulite, já foi submetido a 16 cirurgias, passou muitos dias na UTI, mas está recuperado, porque Deus deve ter lhe reservado mais tarefas para este mundo.
Os jovens vestiam-se de amarelo com frases como “Sou JJ 100pre” referindo-se à edição número 100, realizada ainda em 2011, e “Ninguém tem mais amor do que aquele que dá a vida por seus amigos”.
A 107ª Jornada Jovem de Francisco Beltrão está programada para os dias 20, 21 e 22 de fevereiro, uma semana depois do carnaval.