Cerca de um milhão de litros de leite adulterado ou fora dos padrões sanitários foram comercializados pelas empresas de laticínios Pavlat e Hollmann desde o início das investigações da quinta fase da Operação Leite Compen$ado, que foi deflagrada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul, com o apoio do Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento e da Receita estadual. A estimativa é dos promotores de Justiça responsáveis por coordenar a operação.
Em entrevista, o promotor da Vara Especializada de Defesa do Consumidor, Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, não detalhou quais acusações pesam sobre cada uma das empresas, mas garantiu que o Ministério Público estadual dispõe de gravações de conversas telefônicas que comprovam não apenas que os responsáveis pela Pavlat e pela Hollmann sabiam que produtos colocados à venda estavam fora dos padrões sanitários, apresentando uma série de problemas decorrentes do manuseio inadequado e das más condições de transporte e fabricação, mas também que os funcionários das duas empresas eram orientados a adulterar o leite adquirido de produtores rurais gaúchos.
Os dois empresários e o executivo foram presos na manhã de ontem. As amostras do produto inspecionado apontam a presença de água e de leite azedo. Além disso, chamou a atenção do Ministério Público o volume de soda cáustica, água oxigenada, bicabornato de sódio e citrado adquirido pelas empresas. O promotor destacou que a ação criminosa prejudica toda a cadeia produtora de leite do estado. Segundo os promotores responsáveis por coordenar a operação, os produtos adicionados ao leite eram usados para corrigir a acidez do leite cru que, por estar se deteriorando, seria inutilizado. As empresas investigadas vinham adquirindo esses produtos químicos em larga escala, o que chamou a atenção das autoridades.
A Agência Brasil tentou ouvir os representantes da Hollmann por meio de telefones, mas não conseguiu contato. A assessoria da Pavlat informou que divulgará uma nota ainda nesta semana.
A reportagem também conversou com a professora da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, Mirna Gigante, que afirmou que a legislação brasileira proíbe a presença, em qualquer volume, dos produtos mencionados pelo Ministério Público.