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Francisco Beltrão
sexta-feira, 30 de maio de 2025

Edição 8.215

30/05/2025

Maior obra de Francisco Beltrão impõe novo desafio aos motoristas: dirigir, no escuro, por baixo da cidade

Profissionais precisam adentrar quase 600 metros no túnel – e a cada dia avança mais – para buscar rochas após detonações.

Quase 600 metros túnel adentro, trabalho de motoristas e operadores exige atenção, perícia e suportar o desconforto da escuridão, calor, poeira e sacolejo do caminhão. Foto: Leandro Czerniaski/JdeB

É preciso ser bom de braço para trabalhar na retirada de material do túnel de Francisco Beltrão. Há pouca margem entre o caminhão e as paredes laterais e o espaço para manobras é apertado – a cada 130 metros há um alargamento para fazer a volta ou aguardar a passagem de algum veículo que esteja no sentido contrário.

Mas, além da perícia, é preciso ter disposição e coragem para dirigir debaixo da terra. Na semana passada, a equipe do JdeB acompanhou o serviço de motoristas e operadores que estão atuando na maior obra da história de Beltrão: o túnel que vai ligar o Córrego Urutago ao Rio Marrecas e ajudar no escoamento da água, evitando o represamento pelo Rio e o alagamento de vários pontos da cidade.

Quem está executando as obras é a Siton, empresa de Minas Gerais, com experiência na escavação de túneis e construção de barragens, mas há muitos beltronenses ajudando a tirar esse projeto do papel.

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A Siton contratou parte de seus trabalhadores aqui e também terceirizou alguns serviços de empresas locais, como a OXC, que está fazendo o carregamento de material.

Cansativo, mas gratificante
Após cada explosão, quando a poeira baixa, com as lascas derrubadas e as verificações técnicas realizadas, os caminhões e máquinas entram em ação. “Tem dia que tapa tudo de pó, o túnel judia da gente, teve motorista na firma que nem quis saber desse serviço, mas eu resolvi encarar e tá sendo uma experiência diferente”, relata Antonio de Antoniolli.

Mesmo com sistema de ventilação controlado, o túnel se torna um local quente, poeirento e escuro. No atual ponto de escavação, quase 600 metros adentro, não é possível enxergar a luz da saída e só dá para perceber os caminhões a poucos metros de distância. Para entrar lá, só com máscara apropriada.

O motorista Maico Rafael está trabalhando pela primeira vez nesse tipo de obra, entrando cerca de dez vezes por dia no túnel. Ele está se acostumando com o espaço apertado, o desconforto devido aos buracos, a escuridão e a sensação de sufocamento. “É cansativo, mas é uma coisa que satisfaz porque é algo que vai ajudar bastante depois. É uma forma de a gente ver que tá contribuindo em algo com a população, ainda mais numa obra desse porte, que não tem em quase nenhum lugar do Brasil”, destaca.

Antonio de Antoniolli, motorista: experiência diferente. Foto: Leandro Czerniaski/JdeB

Túnel pronto em dezembro
O trabalho dos motoristas, operadores e operários está fazendo o túnel avançar cerca de sete metros por dia. Nesse ritmo, em outubro as duas frentes de serviço devem se encontrar e até dezembro o trabalho de retirada do material estará concluído.

 

Mais de 1,2 km de extensão

 Um canal com 1,2 km de extensão está sendo aberto debaixo da cidade. A água vai entrar no túnel pelo estacionamento do parque de exposições e sairá nos fundos do Conjunto Esperança, já dentro do Rio Marrecas. Dada a dimensão atual, é como se os trabalhos ocorressem abaixo da Avenida Natalino Faust. Também será construído um canal próximo ao Batalhão da PM, mas o serviço foi paralisado em função da pandemia. Essa fase de obras está orçada em R$ 30 milhões — e numa segunda etapa há previsão de alargamento do leito do rio, construção de uma represa acima da cidade e de um parque linear nas margens do Marrecas.

As detonações de rochas são diárias e ocorrem nos dois sentidos. “Inicialmente, estamos abrindo o canal com cinco metros de altura por cinco de largura; depois vamos fazer mais três metros de aprofundamento”, afirma o engenheiro de minas Lucas Partelli, coordenador de obra. Segundo ele, estão sendo retirados 47 mil m³ de rochas para abertura do túnel e o trabalho prossegue até de madrugada, quando é feita a expansão da rede elétrica e da ventilação, limpeza, instalação de tirantes e preparação das novas detonações. 

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