Empresários devem ficar atentos aos índices de inadimplência, recomenda Acefb.

Por Leandro Czerniaski – Dados levantados pela Associação Empresarial de Francisco Beltrão mostram que no primeiro trimestre deste ano aumentou o número de inclusões e exclusões de nomes junto à base de dados do SPC Brasil. Na prática, isso mostra que há mais pessoas procurando “limpar o nome”, mas também tem mais gente sem conseguir quitar as contas e indo parar no serviço de proteção ao crédito.
“Houve um aumento de 21,9% nas negativações neste ano, em relação a 2021. Também teve um aumento de 21,62% nas exclusões no mesmo período. Essa elevação no percentual de negativação e exclusão pode ser reflexo do aumento do consumo de produtos e serviços da população”, aponta Adriano Polla, coordenador do Departamento Comercial da Acefb. O índice de recuperação de crédito – percentual de negativados que acertaram as contas – ficou em 72% e se manteve o mesmo do primeiro trimestre de 2021. Além da renegociação, a exclusão do cadastro também ocorre quando há a prescrição da dívida, em cinco anos, entre outros casos.
Operações SPC em Beltrão | 2020 | 2021 | 2022 (1º tri) |
Consultas | -10,06 | +12,56 | +6,61 |
Inclusões | -34,32 | +7,74 | +21,89 |
Exclusões | -30,36 | -5,41 | +21,61 |
A Acefb atende mais de 700 empresas com o serviço de proteção ao crédito do SPC Brasil, que compartilha a base de dados com a Serasa Experian. Apesar do aumento da utilização de cartão de crédito para compras, muitos comércios ainda trabalham com crediário próprio e boleto, que acabam gerando a negativação em caso de atraso no pagamento.
O coordenador Adriano Polla cita que as consultas ao nome dos consumidores também registraram aumento e aponta que as empresas devem observar o indicador de inadimplência, que muitas vezes pode não ser o mesmo de negativados, já que muitas empresas buscam acertar e renegociar parcelas ou débitos antes de acionar o sistema de proteção ao crédito.
“Devemos ficar atentos ao índice de inadimplência, reflexo do consumo praticado nesse período, que por algum motivo o consumidor não efetuou o pagamento de contas, e agora as empresas estão arcando com o custo da inadimplência.”
Inadimplência vem aumentando, apontam empresários
JdeB – Representantes de duas empresas locais ouvidos pelo JdeB apontam que desde o início do ano há mais dificuldade em manter os níveis de inadimplência baixos. A empresária Maria Neli Montagna, da Real Móveis, relata que esses movimentos de alta e queda do indicador são comuns em alguns períodos mais sensíveis da economia e que procura entender caso a caso.
“Ainda temos muitos clientes que trabalham só com o crediário próprio e percebemos um aumento gradativo da inadimplência nos últimos meses. Mas sempre rocuramos entender a situação de cada um, renegociar, esperar um tempo… são clientes que as vezes demoram alguns meses para acertar, mas voltam.”
Numa rede de loja de calçados da cidade, o gerente alega que o percentual de clientes com contas em atraso teve um “aumento expressivo” neste ano. “Todo início de ano há um crescimento da inadimplência, mas agora foi elevado.” A rede também busca renegociar as dívidas diretamente antes de levar ao sistema de proteção ao crédito.