Num cenário de desemprego aumentado e saúde mais cara, empresas terão que inovar e investir mais em tecnologia.
Empresários do Nubetec (Núcleo Beltronense das Empresas de Tecnologia da Informação), ligado à Associação Empresarial (Acefb), realizaram videoconferência, dia 27, para tratar do futuro da categoria. Ele se reflete e impacta – direta ou indiretamente – todas as classes empresariais. No encontro virtual, abordaram suas realidades nesse período de pandemia da Covid-19 e as adaptações a que estão se sujeitando.
Segundo o empresário Ulisses Constantini, da Parseint Desenvolvimento de Sistemas e membro do Nubetec, as empresas integradas ao Núcleo conseguiram até o momento continuar trabalhando, basicamente em home office. (trabalho em casa). Inclusive, segundo ele, algumas empresas devem estender esse formato mesmo após a crise sanitária.
Sobre o impacto gerado até o momento, “acredito que foi bem menor nas empresas de tecnologia, se comparado com os demais setores da economia. Todos sentiram diminuição no faturamento e fechamento de novos contratos. Mas as empresas estão adotando estratégias para criar novos modelos de negócios. Isso inclui atendimento remoto com clientes, treinamentos e até visitas online. Alguns modelos de negócios deixarão de existir”.
Cledson Lodi, da Imaxis e vice-coordenador do Nubetec, comenta que a opção home office já vinha acontecendo, e foi reforçado agora. “Estamos trabalhando em formato de rodízio, um pouco em casa, um pouco na empresa. Isso é feito para não gerar aglomeração. A questão do home office depende do perfil da empresa, no nosso caso é aplicável nesse tipo de situação. Porém, em alguns momentos, é necessário estar presente no local. Mas tudo varia de acordo com cada segmento, a realidade de cada empresa é diferente”.
Rafael Kielek, da RKG Soluções: “Muitas oportunidades fecharam, outras abriram, principalmente no nosso ramo tecnológico. Em alguns projetos de digitalização, programados para o ano que vem tivemos que dar uma acelerada. Em meio a tudo isso, conseguimos enxergar esse aceleramento da ‘digitalização das coisas’. Tudo que é manual deverá ser automatizado ao máximo, tanto para as empresas, quanto para os usuários finais. A gente sabe que não é um caminho fácil porque mexe com custos, e as empresas ainda estão receosas”.
Na mesma linha de raciocínio de Rafael, Marisa Capra, da Megasult e coordenadora do Nubetec, observa que o mundo será diferente após a pandemia. “Mudanças já são historicamente previsíveis quando há crise, pois surgem oportunidades e mudanças de alto impacto. Os novos modelos de negócios que vão ter mais sucesso são os que ajudam a resolver os problemas gerados pela pandemia. Mas eles, obviamente, terão êxito se o consumidor pagar por isso. Estima-se que na área de tecnologia irá acelerar a digitalização do varejo, ou seja, os canais de vendas digitais [e-commerce] terão avanço significativo, que sem a crise demoraria muito tempo para acontecer”.
Marisa frisa ainda que esse processo será forçado pelo mercado consumidor, que irá optar pelas empresas que forneçam maior comodidade, economia de tempo e menor preço, preservando a saúde. “Esta relação estará cada vez mais associada a aplicativos de mobilidade que facilitam a comunicação entre cliente e fornecedor”.
Para Neusa Oliveira, da Onnix Sistemas e vice-presidente para Assuntos de Núcleos da Acefb, o que mais vem ganhando espaço são as vendas virtuais. “As pessoas estão buscando comprar pela internet por estarem com receio de ter contato com outras pessoas nas ruas. Até mesmo o pessoal que mora nas comunidades do interior está comprando mais pela internet. Tenho clientes que criaram plataformas digitais e estão fazendo vendas e notando o quanto isso é rentável. Acredito que o nosso comércio local vai se manter, em contrapartida os empresários irão investir mais nas vendas digitais. É algo inovador para nosso comércio local, mas já é crescente no comércio mundial”.
Neusa frisa ainda que surgirão startups mais focadas em e-commerce. “Muitas empresas não têm condições de ter uma plataforma própria de venda, de estar dentro de um marketplace [plataforma em que vários fornecedores se inscrevem e vendem seus produtos]. Se tiver empresas locais com startups desenvolvendo ferramentas de integração para vender nos meios digitais, acredito que isso seja um nicho de mercado para todos”.
Integram o Nubetec: Ceicom, Imaxis Megasult, ConsisaNet, Inovasul, Onnix Sistemas, Parseint e RKG Soluções.