Idolinda era natural de Paim Filho (RS). Residiu também em São José do Ouro, Lagoa Vermelha, Vacaria, Cacique Doble, Realeza, Verê, Quedas do Iguaçu, Dois Vizinhos e Beltrão.



JdeB – Durante seu velório e sepultamento, a professora Idolinda Bianchin Pegoraro (18-2-1931 a 10-1-2025) recebeu muitas homenagens, da família, ex-alunos, amigos, Igreja e autoridades.
Faleceu em Curitiba (Hospital Marcelino Champagnat) às 11 horas de sexta-feira. O velório começou às sete da manhã de sábado na Capela Mortuária Cristo Ressuscitado, de Francisco Beltrão. Teve celebração, com o padre José Maria Monteiro de Souza Filho (da sua Paróquia, a São José, do Bairro Vila Nova, da qual ela fazia parte da Legião de Maria) e visitas até às oito da manhã de domingo, quando foi levada para a casa mortuária de Verê, cidade em que viveu de 1966 a 1992. Em Verê, teve celebração de um afilhado seu, padre Valério Sartor, que está na capela N. S. de Lourdes de Belém do Pará, mas passava férias na cidade.
Entre os presentes, estava um ilustre seu ex-aluno, o atual prefeito, Paulo Roberto Weissheimer, que decretou luto oficial de três dias pela morte de sua ex-professora.
Também teve celebração no Cemitério da Cidade Norte de Dois Vizinhos, onde foi sepultada ao lado do marido Luiz Sylvio Pegoraro (6-4-1925 a 29-3-2009) e da filha Ana Pegoraro (4-3-1960 a 30-12-1977).
Jornal de Beltrão perde uma leitora e acionista
Desde que iniciou, em 1º de maio de 1989, Idolinda Bianchin Pegoraro sempre foi leitora do Jornal de Beltrão. Uma leitora especial porque, além de ler, recortava matérias e arquivava, por assunto, em seus cadernos e agendas. Também foi representante do Jornal de Beltrão, em Verê, até 1992, e em Quedas do Iguaçu, de 1992 a 2008, ano em que mudou para Dois Vizinhos.
Acionista do JdeB desde 1992
Idolinda Bianchin Pegoraro também é das primeiras acionistas. A Editora Jornal de Beltrão S/A foi criada em 16 de novembro de 1992 e Idolinda é a acionista número 45, desde 22 de dezembro de 1992.
Professora municipal, Idolinda nunca teve grandes salários, assim como seu marido Luiz, mas ela sempre deu jeito de participar e colaborar, com a Igreja, a Apae, rifas, doações e todo tipo de promoção comunitária e ajuda para pessoas necessitadas. Ela também era representante da revista Rainha e o Livro da Família.
Quando soube da criação da Sociedade Anônima do Jornal de Beltrão, que estava sendo formada principalmente por pequenos investidores, sacou o que tinha na poupança e comprou duas mil ações. E os rendimentos que teve, nestes 32 anos, investiu sempre em sua assinatura e mais ações.
Muitas homenagens para Idolinda Bianchin Pegoraro
Discursos por Dona Idolinda
No sábado à tarde, padre José Maria Monteiro de Souza Filho, da Paróquia São José da Vila Nova de Francisco Beltrão, presidiu uma celebração e, em sua homilia, falou:
“A sociedade pós-moderna gasta muito tempo porque não se aceita. E vai gastando toda a vida em uma luta inútil. Tem coisas que você pode mudar e tem coisas que são imutáveis. Então, aceitar-se é o primeiro passo para uma vida feliz. Porque as demais coisas vão se desenrolando a partir daí. Assim, eu me aceito tal qual eu sou. O que mais Deus tem para mim neste mundo? E as coisas vão aparecendo.
Aceitar que a família é o grupo principal da nossa vida. Obedecer aos pais. Saber que este pai, esta mulher e este homem me amam. E por isso querem o meu bem. Muitas coisas que talvez eu esteja equivocado, por amor vão lhe corrigir. Aceitar a correção é o primeiro passo para uma vida feliz, porque ninguém nasce sabendo de tudo. Nós vamos sendo guiados por aqueles que tiveram experiência mais do que nós e podem nos dizer ‘olha, aqui é o melhor lugar pra ti, olha bem’, sem tirar a nossa liberdade, mas direcionando.
Obedecer aos pais é o segundo passo para uma vida feliz. Claro, podemos colaborar com os nossos pais, esta mútua ajuda entre o filho e os pais, um diálogo de amor e não de rebeldia, não de desprezo, e não de renegar uma história. Essa história não vale mais hoje. Tudo isso é um sinal de decadência.
E a dona Idolinda não, ela, pelo visto, foi deixando-se guiar pelo Espírito Santo até o ponto de conformar a sua própria família. ‘Eu quero ter uma família’, disse o esposo dela, o noivo, o namorado. ‘Sim, eu também quero.’ Então, a conformação das vontades com a vontade de Deus gerou todos vocês. Gerou uma geração enorme.
Uma mulher que tem uma dinâmica de vida surpreendente, entre oração, família, trabalho, comunidade, este círculo da vida incansável. Com amor se descobre mesmo coisas novas, sem quebrar aquilo que ele deixa sempre. As coisas novas, que o amor nos faz ver, não é o comprimento com as coisas eternas. É ver, na repetição, algo novo todo dia.
Todo dia amanhece com o esposo, todo dia aquela situação da alimentação, da família, do trabalho, da igreja, da sociedade. Isso vai circulando até os últimos dias da nossa vida sem ser um enfado para nós e, sim, uma alegria. Tanto que a gente escreve. Escreveu um livro do seu trabalho, das suas crianças, deixou registrado.
Então, a dona Idolinda é uma mulher feliz, talvez sem grandes coisas que nós esperamos de felicidade no dia de hoje. Hoje a felicidade é muito virtual, é a fama, é viralizar, internet, talvez rios de dinheiro, poder. Não, a felicidade é viver aceitando o que nós somos de maneira simples e com amor, pronto. É uma receita infalível para os dias de hoje.
Dona Idolinda, deixando este exemplo para sua família e para nós que vamos nos aproximando dela pelas suas virtudes, pela sua profissão, pelo seu jeito de ser, vamos bebendo de uma fonte que ela já bebeu, que é Cristo. E ela vem honrando desde o seu batismo, com esta fé, uma mulher de fé, uma mulher que foi ministra, uma mulher legionária.
Aí a gente se pergunta: ‘Meu Deus, como é que ela deu conta de tanta coisa’. Foi dito aqui pelo filho, não é que ela dava conta, é porque fazia tudo com amor. Quando a gente faz com amor, tudo se dá um jeito de fazer bem-feito. E não gera cansaço. E se gera, é um cansaço satisfatório de haver feito bem aquilo que nos competia.
Fica um grande exemplo da dona Idolinda, que agora foi chamada por Deus, cumpriu sua missão. O próprio Jesus fala aqui, o Evangelho faz uma oração pedindo ao Pai, que quer que aqueles que estavam com Ele permaneçam com Ele.
Pelo batismo, nós somos dados a Deus, nos tornamos filhos de Deus, no filho Jesus, para desfrutar de uma eternidade de alegria sem fim. Se hoje rola alguma lágrima no nosso rosto, não é de desespero, não é de inconformidade, não é de revolta. É porque nós temos sentimentos. Vai fazer falta a presença física da dona Idolinda.
Com tantas coisas que vocês contaram, imagina, o espaço físico sem ela não será fácil. Porque tinha coisas que são próprias dela e ninguém vai poder fazer. E aí fica o quê? Fica uma boa memória, uma memória santa, uma memória que constitui, na verdade, o grande tesouro que a dona Idolinda pôde deixar pra vocês.
Mais do que coisas, a própria pessoa dela em vocês. Agora vocês sempre serão os filhos da dona Idolinda. O que vocês se fizerem de bom, vocês honram esta mãe e aquele pai que agora os dois se encontram no céu.
Algum vacilo nosso, recordem os puxões de orelha de quem nos amou, que são os nossos pais. ‘Opa, minha mãe jamais faria isso? Pois se ela não faria isso, eu também não teria que fazer’. Outra regra de ouro: ‘Meus pais fariam isso? Não’. Pois então, também vou seguir este caminho, esta herança espiritual.”
Em Verê, domingo de manhã, a celebração foi de seu afilhado, padre Valério Sartor:
“O Marcos (filho) me dizia: ‘Não vou mais encontrar ela assim, rindo, falando’. É verdade, mas é natural da nossa vida. Mas ninguém tira a existência espiritual, a lembrança, o que ela foi, o que ela representou, o que ela significa e continua significando para nossas vidas. Não é um aprendizado que se termina, ele serve para todas as nossas vidas.
Queremos fazer essa oração de entrega junto a Deus. Não é uma morte, mas é uma passagem, é uma continuidade na vida eterna.
E, por isso, com fé, esperança e caridade na vida eterna, recomendamos ao Pai de misericórdia essa nossa irmã de Idolinda Pegoraro, que passe dessa vida para sua páscoa definitiva para junto de Cristo ressuscitado.”


Em verê, várias outras pessoas se manifestaram.
Lenira Nuerberg Suzzin: “No meu aniversário, duvido a vez que ela não lembrasse e não ligasse pra dar parabéns. Eu nunca vi uma coisa igual. A tia Idolinda ficará marcada para sempre. Fazia aniversário, tanto eu como meu marido, como minhas filhas, ela ligava dando os parabéns. Se ela não encontrava a pessoa pra dar os parabéns, dizia: “Então, diga que eu liguei dando os parabéns”. Era uma pessoa que não esquecia de ninguém. Ela era marcada. É diferente. Uma coisa fora do comum que ela fazia. Só temos a agradecer a ela.”
Luciana Suzzin: “Na lembrança que eu tenho dela, eu sempre vou guardar, são os melhores anos da minha vida. Com certeza eu vou guardar pra sempre essa lembrança. E ontem quando eu estive no velório lá, falei com o Ivo e pedi pra que ele passasse pelo Verê com ela, porque eu acho que a gente tinha que se despedir dela aqui na cidade. Graças a Deus você ouviu e conseguimos trazer ela aqui pra que a gente pudesse se despedir dela aqui também. Nós, alunos, conhecidos, amigos, catequistas que tiveram com ela e todas as pessoas que queriam se despedir dela. Então a minha palavra pra ela é gratidão pelos melhores anos da minha vida.”
Leocir Sartor: “Ela me dava muita força. Se eu muitas vezes esquecia o dia do meu aniversário, ela ligava e fazia eu lembrar. Não só eu, e muitos que foram seus alunos. Um ano atrás, quando eu e a Ivete fomos visitar ela na casa do Ivo, eu lembro que ela me falou: “Se o senhor for ordenado diácono, não deixe de me convidar.” Ela lembra muito bem isso. Certamente, ela, na sua existência hoje, na vida eterna, ela continua dando, não só a mim, mas a todos nós, essa força dessa caminhada. Como o padre Valério bem falou, não é uma perda, mas é um ganho, não só na minha vida, porque todos nós aqui, certamente, tivemos esse contato e ela nos deixou algum ensinamento. O meu exemplo é que nós estamos seguindo aquilo que ela deixou, ou o senhor Luiz deixou também como professor, a perda da Ana também, a data próxima do fato que aconteceu quando morava na União da Barra.
Irani Paggi: “De carinho, e na parte religiosa, que trabalhei com ela, fiz parte da catequese, da liturgia, movimento de cursilho, ela participava com tanto amor, fazia aquelas lembrancinhas com tanta dedicação, nos ensinou tantas coisas, nos deu tanto testemunho de amor, de vida, de compreensão, de perdão, de carinho, de alegria. Então hoje eu quero louvar a Deus por ter me dado a graça de participar um pouco da vida dela e por toda a dedicação feita na nossa Paróquia e em nossa comunidade. É uma alegria imensa. Agradeço à família. Digo que também perdi uma irmã, uma mãezinha, que aprendi muita coisa com a Dona Idolinda. E hoje quero louvar a Deus por ter me dado ela de presente.”
Luiz Cagnini: “Eu me sinto honrado por ter sido um aluno da Dona Idolinda lá do Rio Grande do Sul. E eu sinto orgulho de ser o aluno mais velho da Dona Idolinda que está hoje aqui, e da caminhada que ela teve. Muito obrigado a todos vocês.”
Paulo Roberto Weissheimer, atual prefeito de Verê, foi um dos 490 alunos que a professora Idolinda teve na Pré-Escola De Colores, de 1979 a 1992: “A Tia Idolinda foi um marco histórico pra gente. Eu tive a honra de ser vizinho dela, morava na casa ao lado da minha professora. Descia até a casa dela e ia de mão dada, que era um orgulho chegar na escola e falar: “Vou de mão dada com a professora”. E ela mostrou o caminho certo pra gente. Eu acredito que hoje, lá em cima, a festa é grande, para ser uma pessoa com a índole que a Tia Idolinda teve, uma pessoa que marcou a vida. Eu acho que a gente, alunos que somos alguma coisa, teve um começo. Eu faço aniversário 15 de dezembro, e eu fiquei mais um ano, porque eu não podia entrar no colégio. Então, eu fiquei três anos sendo aluno da Tia Idolinda. Pra mim, foi um conhecimento muito grande. E uma coisa que me marcou, até eu pedi pra os cantores me ajudar aí, todo dia que nós íamos entrar na sala de aula, ela nos fazia circular no pátio, cantando uma música, e isso nunca saiu da minha cabeça. Se puderem cantar a música “Senhor, quem entrará… no santuário…”
Todos cantaram e, na saída, os ex-aluninhos se despediram com a música preferida daqueles tempos e é o nome da Pré-Escola: “De Colores…”
*Em nome dos sete filhos de Idolinda (Ivo, Luizinha, Nilo Sérgio, Helena, Ana (1960-1977), Alberto e Marcos, falou a Luizinha: “Verê, nós filhos podemos testemunhar isso, que aonde ela estava, na casa dela, na casa de qualquer um de nós, o Verê estava sempre presente, e ela lembra do nome de cada um de vocês, o que fez, aonde morava, a ligação forte que vocês tinham com ela e ela com vocês, e isso fortificou todos nós. Ela é o nosso esteio, o nosso exemplo, a nossa história, a nossa fé, tudo de bom. O nosso pai também foi. Dizer pra vocês muito obrigado por ter amado a nossa mãe e convivido com ela”.

