A experiência de outros casos semelhantes permitiu que ele não cometesse uma injustiça e entregasse o valor ao verdadeiro dono.
Ao longo dos 19 anos que trabalha ajudando motoristas a manobrar no estacionamento do Vipi Supermercados, Valter Maschio já encontrou dinheiro, documentos e carteiras caídos no chão. Nesse período conseguiu ter a manha para identificar o verdadeiro dono de algum desses pertences – que sempre são comunicados à gerência do estabelecimento e devolvidos mediante comprovação ou indício.
A experiência permitiu que ele chegasse ao verdadeiro dono de R$ 3 mil que encontrou no local, sem cometer a injustiça de repassar a quantia para algum trapaceiro. “Vi as notas todas espalhadas e até achei que era daquelas falsas, de propaganda, mas quando peguei notei que eram verdadeiras e guardei tudo, quietinho, pra não alardear muito quem é mal intencionado”, conta.
O achado foi num sábado, à noite, e já na segunda ele ouviu no rádio que alguém havia perdido a quantia e estava à procura, informando também que havia passado pelo supermercado quando extraviou as notas.

Valter é responsável pelo estacionamento do Vipi, local onde achou o dinheiro.
Foto: Leandro Czerniaski/JdeB
Durante a semana passada, duas pessoas procuraram Valter alegando serem donos do dinheiro, mas ele não revelou que estava com a quantia e perguntando detalhes de como as notas tinham sido perdidas confirmou que nenhum deles era o verdadeiro proprietário. “O terceiro rapaz que veio aqui conseguiu me dizer exatamente onde ele tinha estacionado o carro e quantas notas eram, mesmo assim aguardei mais dois dias pra ver se não aparecia mais ninguém antes de informar pra ele que o dinheiro tava comigo, guardado”.
Ao entregar os R$ 3 mil ao dono, Valter fez questão de não receber nenhuma gratificação em dinheiro por ter devolvido a quantia. E com a repercussão do caso, vem ganhando elogios dos clientes. “Acho que é algo normal devolver o que não é da gente. As pessoas vêm e falam que foi um bom exemplo, isso é gratificante, mas não fiz mais que a minha obrigação”, finaliza.
O dinheiro, segundo Valter, havia sido sacado pouco tempo antes pelo dono, que o usaria para pagar um empréstimo à sogra. Ele agora faz questão de dar entrevistas não por uma questão de vaidade, mas na esperança de que seu exemplo inspire mais pessoas a terem atitudes como esta.