Causas do desmoronamento ainda estão sendo avaliadas pela Defesa Civil.

Por Leandro Czerniaski
Uma cratera se abriu nos fundos do terreno da Gráfica Klaus, localizada no bairro Alvorada, em Francisco Beltrão. A estrutura do córrego que passa por debaixo do local cedeu, “engolindo” parte da residência da família Klaus, que mora há quase 30 anos no local.
O sinistro aconteceu dia 28 de fevereiro, no fim da tarde. Não chovia no momento. Seu Nelson e a esposa estavam nos fundos da casa, tomando chimarrão, e escutaram alguns estralos na estrutura. Eles saíram pra verificar se havia algo no telhado e já sentiram a movimentação do solo. “Quando me virei pra ver a casa, vi uma coluna se abrir e a terra começou a tremer, então saímos correndo pela lateral até chegar lá na frente, porque não sabíamos o que estava acontecendo, achava que a casa inteira ia cair”, relata.
Paredes, o chão e móveis da cozinha foram parar dentro da cratera. Como não puderam retirar os objetos do córrego, perderam móveis, eletrodomésticos, alimentos e até medicamentos, levados por uma enxurrada, dois dias depois do desabamento.
O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil estiveram no local. Cerca de 200 metros quadrados da residência foram isolados. A família retirou a mudança e está abrigada em um apartamento alugado, mas ainda pode trabalhar na parte da gráfica, onde também funciona um ponto do Mercado Livre.

Imóvel regular
O córrego onde ocorreu o deslizamento é conhecido como “rio das piscinas”, porque passa próximo à antiga Ajub. Ele tem mais de 1,5 km e interliga a pedreira Mãe Natureza e o Rio Marrecas, na altura da Rua São Paulo. O pequeno rio foi canalizado há cerca de 50 anos e seu leito foi aterrado, dando espaço para terrenos e construções. A família Klaus reside sobre o rio desde 1993. Comprou o terreno de uma empresa que já operava no local desde os anos 70. O imóvel está regularizado, com escritura, recolhimento de IPTU e certidão de Habite-se, além de sediar a gráfica, com alvará de funcionamento e inspeções do Corpo de Bombeiros em dia.
Nelson conta que nunca houve qualquer problema com o imóvel devido à localização. “A gente sequer escutava o barulho da água e, de repente, acontece isso”, diz. No local, é possível perceber que a canalização do córrego não foi feita com tubos, mas com concreto armado. A laje superior cedeu e causou o desmoronamento. O rio à mostra exala um cheiro forte de esgoto.
Reconstrução da área
A energia e tubulações de água do imóvel foram desconectadas da parte afetada. Em contato com a Defesa Civil, o JdeB apurou que o Município pretende reconstruir a estrutura de canalização do córrego e que está avaliando tecnicamente como realizar o serviço. Outros pontos do rio também foram vistoriados e nenhum indício da desmoronamento foi identificado, segundo o coordenador da Defesa Civil, Renato Miller.