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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Nos casos de violência sexual, o padrasto é a principal figura agressora

“A maioria das vítimas não reconhece estar sendo abusada, pois a maioria dos abusadores faz parte do círculo familiar.”

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Por Niomar Pereira – Em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, celebrado em 18 de maio, o município de Francisco Beltrão promoveu ontem, no Espaço da Arte, um evento que reuniu representantes de diversas entidades. Na abertura houve apresentação com alunos de oficinas de arte circense e depois discurso de autoridades municipais.

Conforme dados apresentados no evento, sistematizados a partir dos atendimentos realizados pela escuta especializada no período de junho de 2021 a março de 2022, foram 69 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes no município.

Do total, 38 casos foram de estupros, sendo que em 36 o agressor usou de chantagem, ameaças e relações de poder. Nos outros dois houve uso de força física. O principal local de ocorrência da violência sexual é na casa de familiares e o padrasto é a figura agressora que aparece com mais recorrência.

Claudineia Cremonese, coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), disse que o número de casos de violência, abuso e exploração sexual aumenta cada vez mais no município. “O problema é que a maioria das vítimas não reconhece estar sendo abusada, pois a maioria dos abusadores faz parte do círculo familiar.” O Creas atende atualmente 105 crianças, das quais 60 vítimas de violência sexual e 45 demais violências como psicológica, negligência, trabalho infantil, etc.

Neste mês, ela contou que o Creas intensificou a discussão visando empoderar crianças, adolescentes e pais. Bem como empoderar a rede de proteção. “Não podemos mais trabalhar no achismo e amadorismo, temos avanços significativos na secretaria (de Assistência Social). Diagnóstico mais preciso sobre abuso sexual em nosso município através da escuta especializada. O desafio é fazer a rede de fato proteger crianças e adolescentes.”

Claudia Tonello, presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, também defende o fortalecimento das entidades que formam a rede de proteção. “Não só o conselho, mas sociedade toda deve ficar atenta a qualquer sinal importante para investigar e denunciar aos órgãos competentes. Durante a pandemia tivemos um aumento dos casos de violência sexual.”

Quintino Girardi, presidente da Câmara Municipal, lembrou ainda que muitos casos acabam não vindo à tona porque ocorrem dentro da casa da vítima. “Quando acontece no lar da pessoa é mais difícil denunciar. É importante estar atento com nossas crianças e adolescentes, porque uma criança violentada carrega essa marca pro resto da vida.”

A secretária municipal de Assistência Social, Nádia Bonatto, falou da importância do evento, da capacitação permanente das pessoas que atuam na rede de atendimento às crianças e adolescentes. De acordo com ela, a saúde e educação também tem um papel importante para ajudar nos encaminhamentos. “Nós temos muitos números, não sabemos se e a oferta do serviço que melhorou ou a demanda que aumentou. Eu acho que sempre tivemos os casos e que antes não chegava.”

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