Tempo fechado ontem não impediu que milhares de fiéis refizessem a Via-Crúcis de Jesus Cristo em Francisco Beltrão. Tem quem sobe o morro de pés descalços.

Velas, orações e guarda-chuva. Munidos dessa tríade, fiéis de várias cidades do Sudoeste visitaram ontem, mesmo com a chuva que caía desde a madrugada, o Morro do Calvário, em Francisco Beltrão, para pagar suas promessas, renovar seus pedidos e celebrar a Sexta-Feira Santa, dia que celebra a crucificação e morte de Jesus Cristo em Jerusalém.
Saúde e proteção para toda a família eram os principais desejos de uma família de Renascença que todo ano vem a Beltrão percorrer as 14 estações da Via-Crúcis, o trajeto seguido por Jesus carregando a cruz do Pretório até o Calvário.
De pés descalços, Angelina Polita, 38, acendia velas em todas as estações e carregava uma rosa vermelha, que só deixou no monumento que representa o Santo Sepulcro, local onde Jesus foi sepultado. “É um momento de reflexão. Todo ano fazemos a promessa pedindo saúde para a família e viemos até aqui para pagar. Desde o ano passado começamos a subir descalças”, diz Angelina ao lado da filha Dienef Polita, 21, também descalça.
Jamir José dos Santos, 54, já caminhou de Marmeleiro a Beltrão descalço por três vezes. Também já subiu o Calvário de joelhos diversas vezes. Hoje, é mais comedido, mas continua praticando as restrições características da Quaresma. “Passamos a semana toda jejuando. Cada um se priva de algo que gosta por ser um período de penitência”, frisa.
Para Fávio Perottoni Júnior, 26, seja na saúde, família ou negócios, “cada um tem seu propósito e, quando alcança, vem o Morro do Calvário pagar pela promessa”. “O importante é pagar a promessa. Você se sente bem espiritualmente, é muito bom”, completou Angelina, já na descida do morro.
Momento de reflexão
Não só de pedidos, agradecimentos e penitências é feita a Sexta-Feira Santa. A crise política, econômica e de valores que o país tem vivenciado nos últimos meses também apareceu entre as orações dos fiéis. Para Anderson da Rosa, lembrar da morte de Jesus Cristo é uma oportunidade de se “olhar para o próprio interior” e reavaliar o comportamento.
“É um bom momento para refletirmos tudo o que estamos passando, não só na política e economia, mas no geral, como cidadãos brasileiros. Jesus foi um exemplo de pessoa com valores e seu exemplo deveria ser melhor seguido”, comentou.