As lições de um País independente há 71 anos, com poucos recursos naturais, do tamanho de Sergipe e população menor que a do Paraná, mas com PIB que equivale a 20% do brasileiro.

O Parque Tecnológico Gav-Yam Negev, na cidade de Be’er Sheva, foi um dos locais visitados pela comitiva da região.
Foto: Banco de Imagens/Acefb
Durante uma semana, o grupo que integrou a Missão Empresarial a Israel percorreu universidades, centros de pesquisa, parques tecnológicos e empresas do País do Oriente Médio em busca de iniciativas que podem ajudar a desenvolver Francisco Beltrão. Organizada pela Acefb e Sebrae, a comitiva reuniu empresários de diferentes setores e gestores ligados a cooperativas e poder público.
Da experiência que os 16 integrantes tiveram na missão, ficam algumas lições. A principal delas parece clichê, mas, segundo o presidente do Condef (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Francisco Beltrão), João Manoel Rios, a prioridade à educação é um dos destaques de Israel.
“A gente pôde ver que o que move todo um País é a educação. Primeiro se investe e aposta muito na formação das pessoas e isso começa a surtir efeito no desenvolvimento de diversas áreas”, afirma Rios. A necessidade de fomentar a educação, segundo João, vem das condições históricas de Israel, um estado judaico cercado de muçulmanos — a maioria pacíficos, mas com grupos religiosos extremistas e disputas por território. É como se a população vivesse em estado de alerta para ataques dos mais diversos tipos (químico, biológico, por armas, terrorismo…)
Essa demanda de proteção constante se reflete em dois aspectos destacados por Antônio Pedron, vice-prefeito de Beltrão: a forte militarização (todo jovem, homem ou mulher, deve servir o Exército por três anos) e o desenvolvimento de pesquisas, associado às necessidades do País. “O histórico de perseguições e as características de formação de Israel formaram uma noção de pertencimento muito grande na população e isso dá força para projetos de interesse da comunidade nas áreas da agropecuária, segurança, construção civil, mobilidade, metalmecânica, tudo fruto de uma forte interação entre governo, forças armadas, universidade, empresas e investidores e desenvolvido dali para o mundo todo”, cita Pedron.
Outras impressões colhidas pelo vice-prefeito exemplificam bem como um País com dimensões do tamanho do Estado de Sergipe e população menor que a do Paraná consegue ter um PIB de U$$ 323 bilhões: tecnologia é ensinada no primário, quase não há evasão escolar e as universidades estão lotadas, mais de 4% do PIB investido em desenvolvimento tecnológico, presença de multinacionais de inovação e trabalho em conjunto entre governo, universidades e empresas. “Isso nos inspira, falando de uma realidade de Beltrão, a repensar o currículo escolar, um modelo mais aprimorado de distrito industrial, investir na formação de professores, apostar mais forte no ensino em tempo integral e principalmente na juventude, dando liberdade e condições pra tocar processos de desenvolvimento”, comenta.
Pensar o Brasil e o Sudoeste
A capacidade de inovação também chamou atenção do presidente da Acefb, Tarsízio Carlos Bonetti, e principalmente seu incentivo dentro da instituição militar. “Quem está servindo, trabalha as engenharias e a tecnologia durante o período no Exército. Muitas pessoas que têm startup passaram pelo Exército e a missão é a inovação, embora tenha a questão da defesa e da segurança do País”, diz.
Tarsízio analisa que o Brasil tem um potencial promissor dada a quantidade de recursos naturais, diferente de Israel, mas que pode buscar no País judaico inspiração para melhorar a eficiência e se tornar mais competitivo no mundo. “Os setores industrial e de serviços no Brasil são muito ricos, mas precisamos pensar local, regional e nacionalmente. Hoje existem muitas instituições pensando o Sudoeste, como a Amsop, Condef, a Agência de Desenvolvimento. Nós precisamos maximizar o trabalho destas entidades pra pensar a região. A Acefb tem feito isso com os núcleos, mas precisamos aprofundar um pouco mais.”