Ela está entre as 100 melhores jogadoras do Brasil; começou em 2001, no Tancredo Neves.

A enxadrista Dulcinéia Betti, de Francisco Beltrão, está entre 100 melhores jogadoras do Brasil. Em seu currículo, Dulcinéia, que também é professora e árbitra da modalidade, carrega no peito várias medalhas conquistadas em competições das quais participou, entre elas, os Jogos Abertos do Paraná e os Jogos da Juventude. O desejo pelo esporte que exige paciência e concentração começou ainda na escola, nos campeonatos internos, em 2001. “Comecei a jogar com o professor Cláudio Deodato, do Colégio Estadual Tancredo Neves, aqui em Beltrão. Fui participando de torneios e sempre querendo mais. Comecei a estudar o esporte, lendo livros, me aprofundando sobre o assunto. O que me motiva também é o círculo de amizades que se cria, pois nesse esporte um motiva o outro”, declara.
No município, esta modalidade era praticada principalmente por homens. Em Beltrão, de 2003 a 2008, não havia mulheres praticantes de forma mais competitiva. “Mas foi através de um projeto de xadrez que havia na cidade que a diferença diminuiu. Hoje já existem mais atletas mulheres que jogam xadrez”, comenta.
E para que novos talentos sejam descobertos, é preciso o apoio para a realização dos projetos esportivos. “Beltrão tem muitos atletas que se destacam em todo o Brasil. No passado o esporte teve mais apoio da administração municipal e hoje está bem menor. Teve cidades que buscaram saber como funcionava o projeto de xadrez em nossas escolas. Hoje os enxadristas beltronenses são procurados por outras cidades do Paraná para disputarem competições, entre elas os Jogos da Juventude. Nessa competição, o Município ficava sempre entre os cinco primeiros colocados, tanto no masculino quanto no feminino. Atualmente disputamos a segunda divisão por falta de investimento. Se tivéssemos apoio com certeza teríamos potencial para ficar entre os melhores”, observa Dulcinéia, que também é presidente do Beltrão Clube de Xadrez.
Ela faz uma ressalva e lembra que neste ano, por enquanto, a Prefeitura de Beltrão apoiou 11 atletas que participaram de uma competição em Siqueira Campos. As cidades de Ponta Grossa, Paranavaí e São José dos Pinhais procuram Dulcinéia para que ela os representasse em competições estaduais e nacionais.
Principais benefícios para crianças
A criança com apenas 5 anos, segundo Dulcinéia, pode iniciar no xadrez. “Quanto mais cedo, melhor, pois ela terá condições de desenvolver as habilidades necessárias para o aprendizado.”
Além disso, o esporte ajuda os pais na educação de seus filhos, principalmente os com hiperatividade. Dulcinéia acredita que é possível “desacelerar” os pequenos através do xadrez. “Além de o jogo ser lúdico, ele atrai as crianças. A disputa com seu adversário estimula a vencer, e consequente faz com que ela tenha mais atenção, fique mais tranquila. Percebo bastante a evolução das crianças que praticam este esporte”, afirma.
E para os adultos
O dia a dia no meio empresarial exige concentração, tanto de colaboradores, como de seus diretores e proprietários de empresas. Dulcinéia conta que o xadrez vem auxiliando empresários a tomar decisões dentro de suas organizações. A atenção e o raciocínio tornam mais fáceis essas atividades. “O empresário consegue enxergar outras estratégias a serem tomadas na empresa. Teve empresário que fez aula comigo durante um ano e disse que gostaria que seus funcionários também fizessem”, relata.
A enxadrista diz que “o jogador precisa seguir com as peças para um caminho ou outro. O jogo pode estar indo muito bem pra ele, mas uma escolha errada pode jogar a vantagem para o adversário. Assim é na vida, se a pessoa tomar uma decisão incorreta, ela terá que arcar com as consequências. A dinâmica do xadrez favorece tanto na vida quanto no jogo, e também ajuda a canalizar energia para as decisões”.
Dulcinéia lembra que o xadrez vem sendo pesquisado mais profundamente nos Estados Unidos e pode ajudar na prevenção do Mal de Alzheimer. “No Brasil acredito que já tem alguns projetos, de xadrez com os idosos, pra prevenir esta doença”, observa. O Mal de Alzheimer é uma enfermidade incurável que se agrava ao longo do tempo, mas pode e deve ser tratada. Quase todas as suas vítimas são pessoas idosas. Talvez, por isso, a doença tenha ficado erroneamente conhecida como “esclerose” ou “caduquice”.
A doença se apresenta como demência, ou perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem), causada pela morte de células cerebrais. Quando diagnosticada no início, é possível retardar o seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente e à família.
*Com informações da Associação Brasileira de Alzheimer.