Na comemoração dos 70 anos da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), em agosto deste ano, o presidente da entidade, empresário de Capanema Edson Campagnollo, fez um discurso questionando o tamanho do Estado brasileiro e todo desdobramento burocrático, lento, e potencialmente corrupto que essa realidade gera. E incitou a sociedade a forçar esse debate.
Lideranças do Sudoeste também gostariam que o tema do tamanho do estado e a possibilidade de se ter uma agenda de privatização de muitas estatais tivesse aparecido no debate presidencial deste ano.
“A questão da privatização do Estado brasileiro é necessária e urgente; empresa pública é um poço sem fundo”, disse Luiz Carlos Peretti, presidente da Agência de Desenvovimento Regional.
Petrobrás
Neste ano veio à tona um escândalo envolvendo a maior estatal brasileira, a Petrobrás, suspeita de maus negócios, causando prejuízos à empresa e ao país, além da prisão do ex-diretor Paulo Roberto Costa (que está de volta para sua casa, depois da delação premiada, mas com tornozeleira).
“A iniciativa privada sempre é mais eficiente e tem menor risco de corrupção, isto é estatístico”, observa o vice-presidente da Fiep, empresário pato-branquense Cláudio Petrycoski. “Infelizmente na campanha faltou conteúdo e, sem dúvida, o debate sobre a privatização seria importante”, acrescentou.
O Brasil teve seu maior período de privatização na segunda metade da década de 1990 – a Vale do Rio Doce, a maioria dos bancos estatais e a Telebrás, para citar alguns exemplos, são desse tempo.
Quanto à Petrobrás, foi quebrado o monopólio sobre a exploração de petróleo em 1997. A iniciativa privada pôde disputar, em leilões públicos, a concessão para a exploração de reservas no país. Essa possibilidade que permitiu, por exemplo, que pesquisas chegassem ao pré-sal. O Estado brasileiro ganha com os royalties; e o país ganha com o avanço tecnológico.
O diretor-executivo da Amsop, ex-prefeito de Renacença José Kresteniuk, lamenta a ausência desse debate. “O poder público não tem recursos suficientes para o desenvolvimento em todas as áreas necessárias; essa história de o Estado brasileiro ser o pai-de-todos não dá mais”, sublinha.
A Vale privatizada
O exemplo da Vale privatizada é de um sucesso inquestionável. Conforme o livro “Privatize, já”[de 2012], de Rodrigo Constantino: “A empresa terminou o ano de 2011 com quase 80 mil colaboradores, oito vezes mais que uma década antes. Se alguém era contra a privatização por receio de demissões, fica claro que não havia fundamento algum para isso”.
A Vale foi comprada por um grupo liderado pela CSN: “de imposto de renda, a Vale pagou mais de 2 bilhões de reais já em 2005, quatro vezes o lucro da época da privatização [1997]… Em 2011, o gasto com impostos de renda e contribuição social chegou a quase 10 bilhões de reais! Quantas escolas e hospitais o governo pôde construir com essa verba?”.
Kresteniuk: “falta a sociedade brasileira despertar para esse debate; infelizmente a propaganda partidária distorce, muitos partidos confundem o eleitorado, dizendo que o estatal é do povo e quem quer privatizar é contra o povo; na verdade a privatização melhoraria a vida do povo”.
A privatização da Telebrás foi outro sucesso. Empresas modernizaram o setor, e através da concorrência procuram melhorar os aparelhos e oferecem ofertas para os consumidores.
Quanto aos bancos estaduais, deixaram de ser cabides de emprego e virtuais fontes de corrupção.
Apenas um candidato ensaiou o discurso das privatizações das estatais. Foi o Pastor Everaldo Pereira (PSC).
Ele chegou a falar em privatizar a Petrobrás, na entrevista no Jornal Nacional. Mas Everaldo não mostrou embasamento diante das bandeiras que tentou erguer. Caiu nas pesquisas e não foi mais convidado para entrevistas. Os demais candidatos se afastam desse tema.
“Do jeito que as empresas públicas estão sendo conduzidas, caberia o debate”, ponderou o professor de história Ismael Vannini, da Unicentro de Coronel Vivida. Mas ele faz a ressalva: “em determinados setores a presença do Estado tem de ser efetiva; outras áreas poderiam ser privatizadas, mas não ao bel-prazer, sob o comando da mão invisível do mercado”.
Ismael critica “o poder pelo poder”, e vê o maior problema das empresas estatais “o de gestão”.
Petrycoski critica, por fim, “a falta de projeto” do governo federal. “Não foi apresentado nada”, resigna-se.