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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Para lideranças, debate sobre privatizações poderia ter aparecido na campanha de 2014

 Na comemoração dos 70 anos da Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), em agosto deste ano, o presidente da entidade, empresário de Capanema Edson Campagnollo, fez um discurso questionando o tamanho do Estado brasileiro e todo desdobramento burocrático, lento, e potencialmente corrupto que essa realidade gera. E incitou a sociedade a forçar esse debate.

Lideranças do Sudoeste também gostariam que o tema do tamanho do estado e a possibilidade de se ter uma agenda de privatização de muitas estatais tivesse aparecido no debate presidencial deste ano.
“A questão da privatização do Estado brasileiro é necessária e urgente; empresa pública é um poço sem fundo”, disse Luiz Carlos Peretti, presidente da Agência de Desenvovimento Regional.

Petrobrás
Neste ano veio à tona um escândalo envolvendo a maior estatal brasileira, a Petrobrás, suspeita de maus negócios, causando prejuízos à empresa e ao país, além da prisão do ex-diretor Paulo Roberto Costa (que está de volta para sua casa, depois da delação premiada, mas com tornozeleira).

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“A iniciativa privada sempre é mais eficiente e tem menor risco de corrupção, isto é estatístico”, observa o vice-presidente da Fiep, empresário pato-branquense Cláudio Petrycoski. “Infelizmente na campanha faltou conteúdo e, sem dúvida, o debate sobre a privatização seria importante”, acrescentou.

O Brasil teve seu maior período de privatização na segunda metade da década de 1990 – a Vale do Rio Doce, a maioria dos bancos estatais e a Telebrás, para citar alguns exemplos, são desse tempo.

Quanto à Petrobrás, foi quebrado o monopólio sobre a exploração de petróleo em 1997. A iniciativa privada pôde disputar, em leilões públicos, a concessão para a exploração de reservas no país. Essa possibilidade que permitiu, por exemplo, que pesquisas chegassem ao pré-sal. O Estado brasileiro ganha com os royalties; e o país ganha com o avanço tecnológico.

O diretor-executivo da Amsop, ex-prefeito de Renacença José Kresteniuk, lamenta a ausência desse debate. “O poder público não tem recursos suficientes para o desenvolvimento em todas as áreas necessárias; essa história de o Estado brasileiro ser o pai-de-todos não dá mais”, sublinha.

A Vale privatizada
O exemplo da Vale privatizada é de um sucesso inquestionável. Conforme o livro “Privatize, já”[de 2012], de Rodrigo Constantino: “A empresa terminou o ano de 2011 com quase 80 mil colaboradores, oito vezes mais que uma década antes. Se alguém era contra a privatização por receio de demissões, fica claro que não havia fundamento algum para isso”.

A Vale foi comprada por um grupo liderado pela CSN: “de imposto de renda, a Vale pagou mais de 2 bilhões de reais já em 2005, quatro vezes o lucro da época da privatização [1997]… Em 2011, o gasto com impostos de renda e contribuição social chegou a quase 10 bilhões de reais! Quantas escolas e hospitais o governo pôde construir com essa verba?”.

Kresteniuk: “falta a sociedade brasileira despertar para esse debate; infelizmente a propaganda partidária distorce, muitos partidos confundem o eleitorado, dizendo que o estatal é do povo e quem quer privatizar é contra o povo; na verdade a privatização melhoraria a vida do povo”.

A privatização da Telebrás foi outro sucesso. Empresas modernizaram o setor, e através da concorrência procuram melhorar os aparelhos e oferecem ofertas para os consumidores.
Quanto aos bancos estaduais, deixaram de ser cabides de emprego e virtuais fontes de corrupção.
Apenas um candidato ensaiou o discurso das privatizações das estatais. Foi o Pastor Everaldo Pereira (PSC).

Ele chegou a falar em privatizar a Petrobrás, na entrevista no Jornal Nacional. Mas Everaldo não mostrou embasamento diante das bandeiras que tentou erguer. Caiu nas pesquisas e não foi mais convidado para entrevistas. Os demais candidatos se afastam desse tema.

“Do jeito que as empresas públicas estão sendo conduzidas, caberia o debate”, ponderou o professor de história Ismael Vannini, da Unicentro de Coronel Vivida. Mas ele faz a ressalva: “em determinados setores a presença do Estado tem de ser efetiva; outras áreas poderiam ser privatizadas, mas não ao bel-prazer, sob o comando da mão invisível do mercado”.

Ismael critica “o poder pelo poder”, e vê o maior problema das empresas estatais “o de gestão”.
Petrycoski critica, por fim, “a falta de projeto” do governo federal. “Não foi apresentado nada”, resigna-se.

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