Primeiro belga da congregação dos MSC no Paraná, padre viveu quatro anos em Beltrão, mas sua história ainda é pouco difundida.

Há 50 anos, dia 9 de abril de 1969, falecia o padre Ulrico Stael Janssen. De nacionalidade belga, ele pertencia à congregação dos Missionários Sagrado Coração e hoje dá nome ao maior bairro de Francisco Beltrão, com cerca de dez mil moradores. No entanto, nem todos os habitantes do bairro sabem quem foi o patrono do local. “O que a gente conhece é o que sempre se ouviu falar muito bem dele”, diz o aposentado Sebastião Paixão, há quase 40 anos residindo no Padre Ulrico. “Só sei pelo nome do bairro, mesmo, ainda não sei muito sobre quem foi”, admite a empresária Joice Balz, que há um mês veio de Planalto com a família e abriu uma panificadora na Rua Marília, a principal do bairro.
O desconhecimento sobre a figura do padre é comum entre os moradores, mesmo para quem já reside há quase três décadas no local, como João de Lima, o cuidador do horto florestal – Parque Ambiental Irmão Cirilo. “Sempre participei da igreja, moro há tempo aqui e nunca parei pra pensar em quem foi o padre Ulrico”, diz Lima.
É essa ideia de identidade e reflexão da comunidade que está trazendo à tona de volta a figura do padre às novas gerações. Na Escola Municipal Sagrado Coração, os alunos do 4º ano trabalham conteúdos específicos sobre a cidade e o bairro. “Assim eles conhecem um pouco da história de como se formou o bairro e quem foi a figura que hoje dá nome”, afirma a diretora Carmem Taffarel.
Um curta-metragem produzido pelos alunos do Colégio Estadual Léo Flach ajuda a dar uma dimensão sobre a figura do patrono: “Viveu na comunidade e prestou relevantes serviços de cunho religioso e social. Seu sacerdócio era dedicado principalmente aos pobres e humildes. Foi um grande evangelizador, atencioso e defensor da população carente; lutava por melhorias nas condições de vida e contra o racismo e difamação do bairro”.

Patrono do bairro
Ulrico Stael Janssen nasceu em Hamme, na Bélgica, em 1912. Em 1937 iniciou sua vida missionária no Congo (África), e 11 anos depois veio para o Brasil. A partir de 1948 passou a atuar como pároco em Barracão e em 1965 veio para Francisco Beltrão, onde viveu até sua morte, recluso no Seminário São José. Está sepultado no Cemitério Municipal de Francisco Beltrão, no mesmo jazigo de outros padres belgas. Ulrico só se tornou nome de bairro na década de 80 – antes, o local era designado como Horto, devido ao viveiro de mudas da Prefeitura de Beltrão.
O padre Harry Van Briel lembra que conviveu cerca de quatro anos com Ulrico, o primeiro padre belga da MSC no Paraná. “Ele veio de trem de São Paulo até Porto União, depois de carroça até Barracão e, quando veio pra Beltrão, ficou na Paróquia do Centro”, conta.