Compras online e delivery de lanches fizeram crescer esse segmento, mas profissionais ainda lidam com desrespeito de clientes, informalidade e corridas que remuneram apenas R$ 2.

Motoboys e entregadores beltronenses fizeram um buzinaço pelo centro da cidade para pedir mais valorização à categoria. Uma corrida por apenas R$ 2,00?
Fotos: Leandro Czerniaski/JdeB
Profissionais que trabalham como motoboys e entregadores em Francisco Beltrão fizeram uma “corrida” diferente no último sábado: eles percorreram o centro da cidade num buzinaço que chamou a atenção para as condições de trabalho da categoria. A ideia é que tanto empresas que contratam os serviços de entregas quanto clientes respeitem mais o trabalho dos motoboys.
Um dos principais problemas enfrentados pelos profissionais é o baixo valor recebido pelas corridas em delivery de lanches. Há estabelecimentos que remuneram melhor o serviço, mas boa parte paga aquém do necessário para fazer as entregas com segurança. “Tem empresa pagando R$ 2,00 por entrega, outras pagam um pouco mais, mas aí quanto menos o motoboy recebe, mais corridas ele vai ter que fazer na noite pra poder ter um rendimento justo e aí o risco de acidente aumenta”, afirma uma das lideranças do protesto, que reuniu cerca de 40 entregadores.
Segundo os motoboys, a tabela ideal seria de R$ 6 para entregas dentro do próprio bairro, R$ 8 para bairros próximos e R$ 10 para pontos mais distantes da cidade. Outro problema apontado pelos profissionais é que algumas empresas cobram um valor pela corrida do cliente, mas repassam menos para o entregador.
O desrespeito de alguns clientes também torna o trabalho mais difícil. “Tem gente que passa o endereço incompleto, pede uma pizza e vai tomar banho, não sabe onde tá o dinheiro ou cartão pra pagar, vai namorar, teve caso de cliente que fez a encomenda e foi no mercado e aí quando o motoboy chegou não tinha ninguém em casa”, relata um dos profissionais. O pedido da categoria é que os clientes se preparem para receber os lanches informando o endereço correto, tendo cartão em mãos e aguardando a chegada do motoboy.
Trânsito e informalidade
A expansão de compras via internet e o aumento de restaurantes e pizzarias que oferecem delivery fizeram aumentar o número de motoboys na cidade nos últimos anos. A estimativa é que existam ao menos 200 profissionais em Francisco Beltrão e com mais motos circulando nas ruas, os acidentes também se tornaram frequentes. “Tem entregador que é abusado, inconsequente, mas é uma pequena parcela. A grande maioria de nós tem consciência que depende disso pra viver e tem que chegar inteiro em casa, então além de pilotar de uma forma mais segura, a gente também pede uma compreensão de alguns motoristas, que quando damos uma buzinada, um sinal de luz é pra pedir passagem no trânsito”, conta.
Outro problema enfrentado pela categoria é a informalidade: boa parte trabalha sem registro em carteira, cumprindo jornadas de dia e, à noite, é ainda mais vulnerável a acidentes. Existe a possibilidade de se formalizar como MEI (Microempreendedor Individual), mas alguns entregadores relatam que nos últimos meses está mais difícil de conseguir esse tipo de registro.
