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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Quase metade dos usuários de álcool começou a beber com menos de 18 anos

Cerca de 47% dos usuários de bebidas alcoólicas começou a beber com menos de 18 anos. Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde e foram divulgados quarta-feira, 10, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a pesquisa, 34,5% dos usuários tiveram o primeiro contato com a bebida alcoólica entre os 15 e os 17 anos e 12,5%, antes dos 15 anos.

Segundo o ministro da Saúde, Arthur Chioro, o mais preocupante é que esses jovens não só começaram a beber cedo, como têm feito uso abusivo do álcool. “É preciso encarar esse uso abusivo por jovens como um problema de saúde pública. O álcool é responsável por muitas doenças e muitos problemas de saúde pública”, disse.

Para Chioro, é fundamental ampliar a fiscalização aos estabelecimentos comerciais, para evitar a venda a menores de idade, já que esse comércio é proibido pela legislação. “Mas também é preciso trabalhar com as famílias, porque, muitas vezes, o jovem tem acesso à bebida alcoólica no próprio seio familiar, nas festas. Como a bebida é socialmente aceita, faz-se todo um rito de iniciação [dentro da família].”

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Um dado preocupante da pesquisa é que 24,3% dos usuários de álcool entrevistados assumiram já ter dirigido sob efeito de bebida. “São mais de 30 mil óbitos por ano relacionados a acidentes de trânsito, e uma parcela considerável deles é relacionada a pessoas que ingeriram álcool ou drogas e dirigiram.”

O ministro defende o fortalecimento dos processos fiscalizatórios previstos na Lei Seca e o desenvolvimento de um conjunto de atividades preventivas de educação, saúde e informação. Apesar de não haver estatísticas disponíveis sobre o assunto, Chioro disse acreditar que a proporção de pessoas que dirigiam sob efeito de álcool, antes da Lei Seca, era ainda maior. “Provavelmente esse número era maior antes da Lei Seca. A Lei Seca é uma proteção para a sociedade e portanto deve continuar”, afirmou.

Membro do AA faz alerta sobre a doença

 Em centenas de cidades brasileiras funcionam os Alcoólicos Anônimos (AA), entidade que ajuda pessoas dependentes desta doença a superar o vício através de dez passos. O JdeB conversou com um membro do AA de Beltrão sobre os resultados da pesquisa nacional.  No entendimento deste membro do AA, “pelo alcoolismo ser uma doença e até este fato de ser desconhecido dos jovens, por atingir os aspectos físico, mental e até espiritual, obviamente que o jovem vai ficar com o raciocínio mais lento e demorado ao dirigir um veículo, e não vai ter os reflexos que teria dirigindo sóbrio”. 

Ele acrescenta que “pela doença ser progressiva, com o passar do tempo, os jovens vão estar ingerindo mais álcool, o que vai causar a debilidade física mais acentuada”. 
O integrante da irmandade – como é chamado o AA entre seus participantes – diz que a doença “também afeta o aspecto mental. Sem estar alcoolizado você está ciente e em decorrência (do uso) do álcool o jovem pode causar um acidente, e (ao contrário) estando sóbrio poderia evitar”. 

O integrante do AA concorda que há preocupação no setor de saúde em relação ao tratamento desta doença. “De repente, o jovem pode ficar o resto da vida numa cadeira de rodas em decorrência de um acidente causado pelo uso abusivo do álcool”. Ele salienta que se trata de uma “doença progressiva, incurável e até mesmo fatal”.

 

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