Em recuperação, ele ainda sente muitas dores e precisa de medicação constante. A previsão para voltar a andar é de 90 dias. Mesmo assim, Giovane mantém um otimismo inabalável.

Por Jônatas Araújo – Giovane Balansin de Lima, de 40 anos, sofreu um grave acidente de trabalho no dia 3 de fevereiro que quase tirou sua vida. Caiu de uma altura de sete metros enquanto fazia a manutenção de um ar-condicionado. Rompeu o diafragma, teve fratura exposta no braço esquerdo, trincou o quadril, quebrou uma costela e sofreu uma pequena hemorragia no pulmão.

Já em recuperação, Giovane me recebeu na casa da sogra, onde está sendo cuidado por seus familiares, para contar sua história. Enquanto o aguardava, um enfermeiro fazia a troca dos curativos e conversavam descontraídos. Apesar da situação difícil, ele demonstrava bom humor e disposição.

Giovane atua na manutenção de ar-condicionado há 20 anos. Experiente na profissão, nunca sofreu nenhum tipo de incidente ao longo dessas duas décadas, algo que diz ser devido aos cuidados que sempre tomou com sua segurança.

Naquela segunda-feira, infelizmente, não foi assim. Faria um serviço de manutenção em um pavilhão por volta das 15h. Subiu na cobertura cimentícia e começava a se preparar para o trabalho, quando foi surpreendido pelo telhado que cedeu sob seus pés. O impacto da queda foi muito forte. Sua sorte, diz ele, foi estar de capacete e ter caído com o lado esquerdo do corpo, o que pode ter minimizado os danos. Ficou desacordado.

Francieli, esposa e companheira de profissão de Giovane, não estava presente no momento. Havia ido buscar os filhos, João Victor e Giovana, na aula de atletismo. Recebeu uma ligação quando retornava. “Foi um susto grande. O Samu já tinha levado ele. Liguei nos hospitais, mas ainda não estava no sistema. Liguei para uma amiga que trabalha no Regional. Ele estava lá.”

No Hospital Regional, foi encaminhado para a cirurgia em seu braço, mas precisou aguardar até o dia seguinte para a cirurgia de reconstrução do diafragma. “Foi uma noite muito difícil. Sentia muita dor. Muito esforço para respirar.”

Analisando hoje, Giovane acredita que seu erro foi ter tido o que muitos profissionais experientes têm: um pouco mais de confiança. Mesmo tomando alguns cuidados, o acidente acabou acontecendo. “Se eu tivesse feito a linha de vida, uma coisa que a gente aprende na NR35, que é o curso de altura, talvez teria me ajudado.”

Gratidão por estar vivo

Duas semanas desde o acidente, o susto passou e a família se diz aliviada por ter Giovane bem e se recuperando em casa. Ele diz que as noites ainda não estão sendo fáceis, sente muita dor e precisa estar medicado para conseguir lidar com o processo, mas é grato por estar vivo.

Emocionado, Giovane agradece a Deus por tê-lo salvado. “Por mais que eu tenha me quebrado, se eu tivesse perdido a vida, não teria volta. Logo eu vou sarar. Eu tenho a plena certeza disso. Se não fossem as mãos de Deus, com certeza eu não estaria vivo.”

A previsão para voltar a caminhar e estar apto para a fisioterapia é de 90 dias. Ainda não há previsão para a plena recuperação. Ele terá uma reconsulta para avaliar como está evoluindo e então obter um prognóstico sobre seu futuro.

Perguntado se iria retornar à profissão, Giovane ri e diz que pretende voltar. Mesmo sendo formado em gestão pública e técnico em climatização, ele ama o que faz. “Já recebi várias propostas para atuar em outras áreas, mas não tive interesse. Amo ir de um lado a outro, estar em contato com outras pessoas, conversando, fazendo amizades.”

Ação solidária da comunidade

Uma ação desenvolvida pela Associação de Moradores da Cango está arrecadando doações para ajudar na recuperação. Giovane e Francieli são autônomos e ficarão até três meses parados. A doação de qualquer valor pode ser feita pelo PIX giovane.balansin@gmail.com.

Giovane já foi vice-presidente da Associação de Moradores Cango-Guanabara e hoje é presidente da Associação de Moradores do Guanabara. Tem muitas amizades com os moradores da região e agradeceu a todos que têm ajudado a divulgar a campanha nas redes sociais.

Emocionado, deixa um conselho: “Não deixem de agradecer ao se levantarem pela manhã, ao conversarem com sua família. Você nunca sabe quando vai ser seu último minuto de vida. Num momento você pode estar vivo e, logo depois, pode nunca mais ter a oportunidade de abraçar quem você ama.”