Por quase sete anos, André Júnior Gaides, 31 anos, experimentou vários tipos de drogas e bebidas alcoólicas. “Não cheguei no fundo do poço, cheguei no fundo da m…”, contou emocionado ao JdeB numa comemoração do Caps regional de Alcool e Droga, que funciona em Marmeleiro. André caiu nas drogas quando trabalhava num posto de combustíveis. Ele via as pessoas usar entorpecentes e fazendo sucesso com as “menininhas”. Hoje diz que só perdeu com do vício.
No começo não era frequente, aos poucos ele foi perdendo a força e as drogas tomaram conta dele. “Aí vem a falta de princípios, você perde o caráter, a dignidade, o respeito”, conta.
Em casa, as coisas pioraram. André perdeu um casamento de dez anos – teve três filhos com a ex-esposa. No aspecto profissional também teve problemas. “Quando comecei com as drogas tinha feito concurso por CLT (para o Centro de Operações da PM, em Curitiba). Fiquei lá seis meses e foi lá que descobriram que eu tava usando drogas. Fui denunciado e a PM estava sabendo: ou me tratava ou saía.” Teve de deixar o serviço.
André tentou se tratar, mas não obtinha sucesso. “As clínicas que eu procurei ajudavam, mas era mais pra fazer a vontade da família e não o meu desejo. Eu vejo agora que (o vício da droga) era uma doença. Antigamente as pessoas viam como sem-vergonhice.”
Foi internado cinco vezes em clínicas de São Paulo, Rio de Janeiro, Cuaibá e Chapada dos Guimarães. Sem confiança, ele não conseguia se livrar do vício. “A minha vitória nunca vinha porque era contra a minha vontade”, relata.
Na última vez, ficou 70 dias usando drogas. Agora, consciente, reconhece que deu uma despesa boa pro seu pai e a família. André conta que “chegou num momento que em que ele não conseguia dizer que eu era seu filho”.
“Um anjo”
Numa situação de desespero, recentemente, que André chegou ao Caps de AD de Marmeleiro para encarar o tratamento. Ele pediu uma chance à diretora Roseli Newton e ela lhe deu. Por isso, ele compara Roseli a um “anjo”.
Ao chegar na clínica, André pediu à diretora se ela fosse um anjo e ele lhe fizesse um último pedido, ela o atenderia? Roseli o acolheu e o encaminhou para o tratamento.”Eu devo minha vida a ela”, reconhece hoje.
O rapaz ficou internado durante 14 dias. Ao final, disse que ainda não estava bem e acabou ficando 30 dias.
Novos conceitos
Ele reaprendeu alguns conceitos importantes: primeiro amar a si mesmo e as pessoas ao seu redor. “Eu aprendi amar a mim mesmo pra amar o próximo”, ensino. Um conceito para sua vida foi aprendido com os ensinamentos do monge tibetano Dalai Lama. “Fixar a cabeça onde está e os pés também, sem pensamentos pra fora.”
Ainda em recuperação, ele admite que “eu só perdi, não ganhei nada” com as drogas. Perdeu nos aspectos pessoal, familiar e profissional. Mas está refazendo sua vida com o apoio do pai e dos filhos, em Barracão. O pai tem uma agroindústria e André passou a trabalhar na empresa.