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Francisco Beltrão
sexta-feira, 30 de maio de 2025

Edição 8.215

30/05/2025

Representantes de entidades se reúnem para ouvir sobre impactos negativos do fracking

O palestrante foi Juliano Bueno de Araújo, engenheiro com doutorado em riscos ambientais e energias renováveis, que é fundador e coordenador nacional da Coalização Não Fracking Brasil.

 

Líderes de entidades de trabalhadores e da agricutlura familiar de Francisco Beltrã
se reuniram para discutir o método de fratura de rochas pelo fracking. 

Uma palestra na tarde de ontem, 14, na sede da Assesoar, em Francisco Beltrão, organizada pelo Fórum Regional das Organizações e Movimentos do Campo e da Cidade, tratou da extração de gás xisto por meio do método de fraturamento hidráulico (fracking). Em municípios como Francisco Beltrão, este tipo de exploração já está proibido por lei municipal. A presença dos caminhões vibradores contratados pela Agência Nacional de Petróleo de Gás (ANP) nas rodovias da região acendeu a preocupação das lideranças regionais com possíveis passivos ambientais. 

O palestrante foi Juliano Bueno de Araújo, engenheiro com doutorado em Riscos Ambientais e Energias Renováveis, fundador e coordenador nacional da Coalização Não Fracking Brasil (Coesus). De acordo com Juliano, o fracking, ou fraturamento hidráulico, é altamente poluente e provoca a contaminação da água, do solo e do ar, “eliminando a biodiversidade e impedindo a produção e desenvolvimento agrícola”. E acrescentou: “Imagine a região Sudoeste, que tem uma forte cadeia produtiva do leite, com a água contaminada”.
O engenheiro afirma que os resíduos tóxicos do fracking causam danos à saúde das pessoas, como diversos tipos de câncer, infertilidade nas mulheres e malformação fetal. Além disso, deixa o solo infértil para a agricultura, eliminando a biodiversidade pela contaminação de produtos altamente tóxicos e cancerígenos. 
Juliano salientou que cada poço de fracking utiliza de 7 a 15 milhões de litros de água, que poderiam ser usados para a agricultura, pecuária e consumo das pessoas. “Mais de 600 produtos tóxicos e poluentes são adicionados à água para fraturar a rocha do folhelho de xisto. Onde o fracking acontece, pesquisas já constataram que 75% da biodiversidade é impactada de forma permanente e irreversível. O Sul da Argentina não produz mais nada.” 
O palestrante defendeu que agricultores e demais membros da sociedade devem se unir para banir do Brasil o fracking, preservando os recursos naturais. Segundo ele, a pressão é tamanha no subsolo que chega a provocar nas regiões onde há este tipo de exploração esporádicos abalos sísmicos – tremores de terra com até 5,2 graus na escala Richter. “Nossas construções não estão preparadas pra isso.”

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Licença proibida por 10 anos
Diante da ameaça dos impactos ambientais, econômicos e sociais que colocariam em risco as reservas de água e a agricultura, o Paraná foi o primeiro Estado brasileiro a suspender por 10 anos a emissão de licenças para exploração do gás de xisto pelo método não convencional. 
Tanto que o governador Beto Richa (PSDB) vetou, a pedido das entidades e organizações parceiras da Coesus, o artigo 3º que autorizava as pesquisas. “Já temos memorando do IAP [Instituto Ambiental do Paraná] que proíbe emissão de licenças para pesquisa sísmica com base na Lei 18.947/2016. Se os caminhões contratados pela ANP retornarem ao Paraná, vamos acionar o Ministério Público Federal para impedir essa ilegalidade”, garantiu Juliano.

Palestra na tarde de ontem, na sede da Assesoar, com lideranças da região.
Fotos: Niomar Pereira

 

 

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