Foi no dia 16 de dezembro de 1985 que a cidade começou a se tornar uma referência estadual na produção de artefatos de alumínio.

Santino Gomes, que hoje mora em Campo Erê (SC), esteve na redação do Jornal de Beltrão contando sua história de pioneirismo no setor.
Foto: Ivo Pegoraro/JdeB
Francisco Beltrão é considerado o berço das indústrias de panelas e de artefatos de alumínio no Paraná. Segundo levantamento do Arranjo Produtivo Local de Utensílios Domésticos e Produtos em Alumínio (APL Sudoeste), são mais de 100 empresas na região no setor, totalizando mais de 2.200 empregos diretos no Sudoeste do Paraná.
E foi no dia 16 de dezembro de 1985 que o primeiro balde de alumínio foi produzido em Francisco Beltrão, na Belmar Alumínios, empresa pioneira no setor, hoje de propriedade dos empresários Alencar Murer e Gilnei Loss. Santino Gomes, que mora em Campo Erê (SC) desde 2000, foi a pessoa que operou o torno pela primeira vez no município, pois ele foi o responsável por trazer o conhecimento e os equipamentos de São Paulo junto com sua equipe.
“A ideia de montar uma fábrica de artefatos de alumínio partiu dos irmãos Martini e do Belmiro Ecker, que eram sócios da Belmar Louças, e passaram a ser sócios da Belmar Alumínios, assim como César Ecker, o Alcides “Tide” Rinaldi e eu, Santino Gomes. Os Martini queriam melhorar o emprego em Francisco Beltrão, e o Belmiro queria vender produtos produzidos aqui, me chamaram para uma conversa, quando Belmiro perguntou se eu era capaz de montar uma fábrica de alumínio, eu disse que sim. Então ele perguntou se eu já tinha visto uma fábrica. Eu falei que não, porque não existe, mas eu iria fazer existir. Daí começou a minha luta, fui várias vezes a São Paulo com o objetivo de descobrir e aprender algumas coisas. Tive sorte de conhecer o senhor Barbim, dono de uma grande indústria de alumínio em Pedreira, interior de São Paulo. Ele me deu importantes orientações e informações sobre como adquirir máquinas de modelagens. O senhor Barbim também me disse para não começar nada, se não conseguir levar um prático de São Paulo, porque o serviço é muito perigoso. Consegui tirar o melhor torneiro da indústria São Francisco, de Pedreira, e o trouxe para Francisco Beltrão. Era o Sidnei Farias, o Nei, que foi o professor dos primeiros torneiros da região. O começo foi difícil, pois dependíamos de São Paulo para tudo. Hoje em Francisco Beltrão tem tudo o que precisa, máquinas, modelos, matéria-prima, enfim”, diz Santino, que esteve na redação do JdeB para contar a história.
Mora em Campo Erê
Santino está em Campo Erê (SC) desde 2000, ele tem uma loja de utilidades. Criado em União da Vitória, Santino chegou em Beltrão em 1968 com a empresa Intertel, loja de móveis e eletrodomésticos. Ele se lembra com detalhes como foi o dia 16 de Dezembro de 1985: “Fizemos funcionar a primeira fábrica de artefatos de alumínio. No dia 16 de Dezembro de 1985 fizemos as primeiras peças. O Nei falou que a lei em São Paulo é que o dono ou gerente da fábrica tem que fazer a primeira peça. Isso me apavorou, mas eu não poderia amarelar. Me coloquei em frente do torno onde ele havia colocado um disco para fazer um balde grande. Coloquei o cinto de segurança, ele ligou o torno com aquele enorme disco correndo a 3000 RPM, bem na minha frente. Sem eixo preso, apenas por uma ‘contra-fundo’ de madeira. Confesso que nunca passei tanto medo na minha vida como naquele momento.
E assim teve início a primeira fábrica de artefatos de alumínio. Após alguns anos, o Belmiro comprou minha parte, a parte do Cesar e do Alcides, incorporando à Belmar Louças. Vários anos depois vendeu para os empresários Alencar Murer e Gilnei Loss, que são os donos da famosa marca Belmar, que está prosperando brilhantemente. O Nei voltou para São Paulo com a Sônia, sua esposa, grande empresária, estão numa enorme fábrica de alumínio em Pedreira (SP).”