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Francisco Beltrão
sábado, 31 de maio de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Sanidade animal: 330 bovinos são abatidos com tuberculose no PR

 

Vacas leiteiras devem ter boa sanidade, como
estas. Foto do banco de imagens do JdeB

 

Nos últimos quatro meses 98 bovinos de leite foram abatidos na região de Francisco Beltrão por contágio de tuberculose de 31 propriedades. No Estado, até maio, tinham sido sacrificados 330 animais. O total de indenizações pagas, pelo governo estadual, para propriedades com casos positivos chegou a R$ 415.716,34 de 51 propriedades.

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Em fevereiro entrou em vigor o programa estadual de erradicação da brucelose e tuberculose nos rebanhos bovinos. A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) passou a exigir os exames anuais de brucelose e tuberculose dos produtores rurais que entregam leite para os laticínios. As agroindústrias não podem mais receber leite das propriedades que não atendam as normas do programa.

Técnicos da Adapar afirmam que não houve um aumento de casos de tuberculose no rebanho. Os agentes patogênicos desta doença já estavam circulando pelas propriedades rurais. Porém, agora, com a campanha estadual, os exames estão apontando a existência de casos e, pela legislação, se o exame der positivo para tuberculose, em dois laudos, os animais têm que ser abatidos. A tendência, com o tempo, é de redução de casos porque os exames se tornarão rotineiros e os produtores passarão a se conscientizar da necessidade de manter seus plantéis em boas condições sanitárias. 

O número de animais sacrificados na microrregião é ainda do começo deste mês. A maioria das propriedades tiveram um, dois ou até três animais com a doença. Os abates aconteceram nas propriedades ou em frigorífico credenciado na Adapar – o abate sanitário. Apenas em dois imóveis rurais foram sacrificados mais animais em relação aos outras propriedades. Nestes dois foram respectivamente 18 e 20 animais. 

Com a entrada em vigor do programa estadual da Seab/Adapar, em fevereiro, qualquer produtor que tenha seu bovino abatido pela detecção da tuberculose, pode solicitar a indenização. Mas o chefe do núcleo da Seab em Beltrão, Neri Munaro, ressalta que para receber os valores o produtor não pode ter pendência, de impostos e taxas. Ele destaca que o programa é pioneiro no Brasil e deverá ser copiado por outros governos estaduais. 

Um pouco de resistência
O programa está demandando mais serviços para os técnicos da Adapar. Anteriormente, eles já tinham que se dedicar às campanhas de vacinação contra a febre aftosa em bovinos, controle de problemas sanitários em aviários, entre outros. Edson Maurício, chefe regional da Adapar, conta que inicialmente há certas resistências dos pecuaristas. Ele compara esta nova norma à determinação, na década de 90, para que os motoristas e passageiros passassem a usar cintos de segurança. Inicialmente, as pessoas não queriam e atualmente todos usam o cinto.  

O chefe da agência observa que “isso (o programa) ajuda eles (produtores) a saber que também podem se contaminar com a tuberculose e que ela pode levar à morte; além de uma questão econômica, é uma questão de saúde pública e da família dele”. Por isso, Edson acredita que a aceitação do programa será gradativa. “Desde o outubro (de 2013) a gente vem orientando e informando”, lembra Edson. Antes da entrada em vigor do programa, foram promovidas reuniões e palestras envolvendo a Adapar/Sistema Seab, os laticínios e os produtores para informá-los sobre o programa. Os laticínios estão obrigados a exigir os exames anuais de brucelose e tuberculose do rebanho pertencente aos produtores que entregam o leite. 

Risco de contágio em humanos
Apesar de a pasteurização reduzir a possibilidade de contágio em seres humanos e animais, Edson ressalta que “o risco existe, embora ele seja mínimo; mas não se pode contar com isso”. Técnicos da Adapar preveem que o número de exames positivos para tuberculose em bovinos tende a crescer. Porém, com o tempo, deve baixar a quantidade de animais infectados porque os exames se tornarão rotineiros e gradativamente serão retirados dos rebanhos os bovinos infectados. Consequentemente, haverá redução no número de indenizações e de animais com problemas.   Edson observa que “não se trata de um surto, a doença já estava ali (no rebanho) e agora foi diagnosticada”. 

A determinação para o abate do animal contaminado só ocorre após o segundo exame. Caso o primeiro laudo seja positivo, a recomendação ao produtor é que separe o animal dos demais e depois de 60 dias é feita uma nova coleta de material para o laudo no Laboratório Marcos Henriete. Dando positivo, o animal tem que ser sacrificado. Depois do abate, a carne do animal é condenada e descartada, já que é imprópria para o consumo. 
Na região Sudoeste, o que pode facilitar a transmissão é que a pecuária leiteira é explorada por aproximadamente 30 mil propriedades. Por estarem próximas umas das outras, há facilidade de disseminação da doença. 

O médico veterinário Fábio Monteiro, da Adapar, diz que o produtor “não deve ficar desacorsado” por causa do resultado positivo, tem que continuar fazendo os exames nos animais. “O ambiente (a propriedade onde se constatou o caso) está contaminada e pode haver novas contaminações”, observa o veterinário. 
Para Neri Munaro, é importante os produtores rurais aderirem ao programa “para dar ainda mais destaque à maior bacia leiteira do Estado”. A região é responsável pela produção anual de um bilhão de litros de leite. Esta produção se destina indústrias da própria região, do Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Em Beltrão, programa subsidia os exames
Desde julho de 2013, quando a Prefeitura de Francisco Beltrão, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural e o Núcleo de Médicos Veterinários iniciaram o programa de combate à tuberculose e brucelose, foram 155 bovinos sacrificados por terem tuberculose e 54 por brucelose. “Francisco Beltrão teve mais animais porque começou a fazer os exames em agosto (2013), na medida que os demais municípios começarem a fazer e encaminhar os seus exames é que se descobrirá mais animais infectados”, prevê Fábio Monteiro, médico veterinário da Adapar de Beltrão. 

A meta é coletar e realizar exames de 55 mil cabeças de gado em aproximadamente três mil propriedades rurais de Francisco Beltrão. A metade do valor dos exames é subsidiada pela Prefeitura de Beltrão que prevê investimento de R$ 500 mil no programa. O programa da Adapar e Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) não permite as indenizações a produtores que tiveram seus animais abatidos antes de fevereiro de 2014. Há possibilidade de o pecuarista recorrer ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para solicitar a indenização.  

 

Fábio: orientação aos produtores.
Neri: Sudoeste tem a maior bacia leiteira.

 

 

 

 

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