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Francisco Beltrão
sábado, 14 de junho de 2025

Edição 8.226

14/06/2025

TRADICIONALISMO GAÚCHO

Semana Farroupilha mostra a força das mulheres

Na abertura do evento, a fala da coordenadora Gracieli Morais, uma das mulheres que estão na liderança do movimento tradicionalista em Francisco Beltrão. Foto: Divulgação/Prefeitur FB.

Por Leandro Czerniaski – As prendas estão assumindo um papel cada vez maior na gestão de eventos e entidades ligadas ao tradicionalismo gaúcho. E a Semana Farroupilha da Integração de Francisco Beltrão evidencia bem esse crescimento da participação das mulheres à frente de importantes projetos: elas estão na coordenação do evento, na principal honraria dos festejos, à frente de CTGs, de entidades regionais e até recebendo homenagens como representantes do estado gaúcho.

A pedagoga aposentada Delcir Scolari abriu caminhos para essa maior representação. Foi a primeira mulher a comandar o CTG Recordando os Pagos e tem no currículo diversas funções de liderança no movimento ao longo de quase 30 anos. Já coordenou grupos de danças, festivais artísticos, sota-capataz (secretária) e atualmente é diretora-geral do MTG Paraná.

Ela aponta que o conhecimento e respeito à cultura gaúcha são primordiais para conquistar espaços e que as funções são consequência do maior reconhecimento. “Estar em posições de destaque dentro da tradição por mulheres, prendas, é devido ao reconhecimento do papel da mulher no tradicionalismo, talvez inspirado pela bravura de muitas mulheres, puxado por figuras como patroas de CTGs, patronas de festejos Farroupilhas, diretoras de entidades, pesquisadoras da nossa história, entre outras.” Nesta semana, ela recebeu o título de consulesa do Rio grande do Sul das mãos do governador Eduardo Leite.

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Outra mulher que tem se destacado no movimento é a Gracieli Morais, patronesse do CTG Herdeiros da Tradição. Ela lembra bem de quando era pequena e deu o primeiro trago no mate com a erva e porongo feitos pelo avô. “Pra mim isso tem um significado muito forte, foi ali que defini minhas raízes tradicionalistas e desde então não me vejo seguindo outra cultura”, relembra.

Hoje é ela quem está na coordenação da Semana Farroupilha, um evento que atrai milhares de pessoas em Beltrão e que destaca as tradições sulistas.

Para Gracieli, essa liderança das mulheres é um reconhecimento à participação que todas tiveram ao longo da história. “O tradicionalismo não é só xucrismo, lida bagual, mas uma cultura que foi moldada por muitas mulheres que tocavam as estâncias enquanto os homens iam pra guerra, que tinham papel fundamental em suas posições na casa e na família”, aponta. Outra patroa de CTG é a Lusiani Biondo, do Recordando os Pagos.

De prenda a coordenadora

A empresária Ariani Scolari tem uma história de mais de 30 anos no movimento tradicionalista. De prenda de invernada, passou a coordenadora da 9ª Região Tradicionalista. “Fui eleita coordenadora neste ano e temos sob nossa responsabilidade 17 CTGs, distribuídos nos municípios do Sudoeste do Paraná, tendo como principais atividades as invernadas artísticas, campeiras, culturais e esportivas”, diz. O próximo desafio é a coordenação do Festival Paranaense de Arte e Tradição, que acontece no fim do ano em Beltrão.

Reconhecimento

Além das mulheres que estão na coordenação das entidades, outra prenda aparece em destaque. A assessora cultural Jane Paloschi, do Departamento de Cultura, foi eleita patronesse da Semana Farroupilha de Beltrão devido aos serviços prestados ao setor. Ela já integrou grupos de danças de CTGs e atua em movimentos tradicionalistas.

Estão capacitadas

Para o diretor da Confederação Brasileira de Tradicionalismo Gaúcho, Elois Rodrigues, a participação crescente das mulheres na gestão do tradicionalismo não é em vão. “Elas não estão assumindo cargos só porque são mulheres, mas porque estão se capacitando para isso e estão dando conta do recado, como acontece em vários outros segmentos”, destaca. O tradicionalista Amarildo Petry frisa que essa liderança “é o reconhecimento da prenda do peão, que no passado ficava dentro de casa, dentro da estância, porque elas eram proibidas de participar de muitas atividades”.

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