Há uma grande demanda por utensílios domésticos, que precisa de mais trabalhadores.

Os segmentos de alimentos, alumínios, metalurgia e comércio vêm contratando mais trabalhadores depois que houve a abertura de várias atividades econômicas em Francisco Beltrão. Nos meses de abril e maio, decretos municipais restringiram a abertura de vários segmentos econômicos. As empresas tiveram de se reinventar, demitir funcionários e até suspender contratos de trabalhadores por tempo determinado.
Em setembro, via Agência do Trabalhador, 213 pessoas foram contratadas pelas empresas locais. “As empresas são bem parceiras”, diz Sirlei Faedo, uma das funcionárias responsáveis pelos encaminhamentos de trabalhadores na Agência do Trabalhador.
De setembro para cá, em média, 100 vagas são disponibilizadas diariamente pela Agência do Trabalhador. Muitos dos candidatos não são contratados porque as empresas exigem qualificação ou experiência. Sirlei ressalta que já há empresas contratando empregados que tenham pelo menos o Ensino Médio e vontade de trabalhar. Elas estão se dispondo a ensinar os novos contratados.

Claudemir de Oliveira, pintor de utensílios domésticos: “Tem que gostar do que faz”.
Foto: Flávio Pedron/JdeB
Utensílios domésticos em alta
Um dos segmentos em alta, das indústrias de utensílios domésticos em alumínio (panelas), vem demandando muitas vagas para torneiro repuxador, expedição e operador de máquina. O piso salarial médio está em R$ 1.493. Tem torneiros repuxadores e polidores que recebem até mais que esse valor.
O setor conta com 16 indústrias de pequeno, médio e grande porte e produz uma média de 450 mil peças por mês que são vendidas para empresas do varejo e atacado do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Durante a pandemia houve um boom neste segmento porque as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa, em isolamento social, e acabaram precisando de panelas e utensílios para preparar as refeições. Isso teve impacto nos setores industrial e comercial. “Ainda falta matéria-prima, mas as empresas, mesmo assim estão precisando de pessoas com experiência”, informa Ademar Pastre, diretor da Lumi Alumínios e da coordenação do Arranjo Produtivo Local (APL) de Utensílios Domésticos que abrange 30 empresas da região.
Setor utensílios domésticos está em alta
Por Flávio Pedron
A indústria e atacado de utensílios domésticos DoCesar, de Francisco Beltrão, em março, sentiu o impacto da pandemia do novo coronavírus. A empresa empregava cerca de 70 pessoas, entre fábrica e atacado, e teve de dispensar quatro trabalhadores da indústria e quatro do atacado devido à queda nas vendas e paralisação das atividades do comércio em muitas cidades brasileiras.
No entanto, a indústria Docesar ficou fechada apenas uma semana, em março.
Em abril, após a Páscoa, as vendas do segmento de utensílios doméstico começaram a melhorar porque o transporte rodoviário foi, aos poucos, normalizando, e a demanda por estes produtos aumentou porque as pessoas passaram a ficar mais em casa, com seus familiares, em isolamento social. Os produtos são vendidos para praticamente todos os estados brasileiros.
Como a demanda aumentou subitamente, a empresa recontratou os quatro funcionários do atacado e no setor da indústria foi recontratado um trabalhador, três vagas foram repostas, e outros cinco trabalhadores foram contratados – total de nove, contando com o recontratado.
Expansão no segmento
Vanessa Loss, gerente de produção, conta que está havendo uma expansão no segmento. “Os pedidos vão além do que a indústria pode produzir. A produção aumentou 100%, é algo fora do normal”, destaca. A demanda está tão alta, que a empresa praticamente não está conseguindo manter seus estoques. A empresa pertence a Cesar Ecker e fabrica panelas, bules, chaleiras, panelões, formas de pudins, entre outros utensílios domésticos.
Entre os novos contratados está Claudemir Antônio de Jesus Ramos de Oliveira, de 47 anos. Ele foi contratado para o setor de pintura de utensílios domésticos. Já tem experiência de cinco anos nesta função.
Na empresa em que trabalhava, ele acabou sendo demitido em março, passou a trabalhar de servente de pedreiro no setor de construção civil e foi convidado por um colega para ir à Indústria DoCesar tentar um emprego e, no mesmo dia, conseguiu a vaga de pintor.
O amigo foi promovido para outra função na empresa. “Graças a Deus tô empregado”, afirma, ao destacar que gosta desta função. “Tem que fazer o que você gosta.”