Se continuar assim, em poucos dias o lixo reciclável terá que ir pro aterro sanitário, pois não há mais espaço nas associações de reciclagem.

As associações de reciclagem de Francisco Beltrão estão com pouco espaço para o lixo reciclável, que em poucos dias vai precisar parar no aterro sanitário.
Fotos: Adolfo Pegoraro/JdeB
Por causa da quarentena devido à prevenção contra o coronavírus, muitas pessoas estão em casa consumindo mais alimentos e gerando mais lixo. Segundo as associações de reciclagem de Francisco Beltrão, a arrecadação de materiais aumentou, mas o lixo está se acumulando porque poucas empresas estão comprando neste período. Se continuar assim, em poucos dias o lixo reciclável terá que ser destinado no aterro sanitário.
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“Está bem difícil a saída de material. E, quando sai, o valor que eles pagam é menor. O papel misto as empresas não querem porque estão com o pátio cheio, com 600 toneladas armazenadas. Aqui não conseguimos estocar tanto material. Os baldes e bacias, que a gente entregava pra Herval Velho, está fechado, então está acumulando aqui. Pet, que ia pra Videira, também tá parado, tivemos que baixar os preços também na hora de comprar porque não temos pra quem vender, a gente está se mantendo com o pouquinho que a gente tem. E toquei de baixar o quadro de funcionários, demitimos duas funcionárias porque não tem como manter todos. Nos informaram que em Santa Catarina as fábricas estão fechadas e, por isso, não estão pegando material. Até normalizar o preço vai longe a situação”, comenta Joel Ferreira, presidente da Ascapabel (Associação de Catadores de Papel de Francisco Beltrão).
“Nossas vendas estão fracas, caíram praticamente 40%. Está acumulando isopor, pvc, entre outros materiais. Quando chove, enche de água, a dengue ataca e recebemos multa da Prefeitura. Hoje estamos com 38 funcionários aqui, por enquanto não tivemos demissões”, afirma Neuri Robeiro, vice-presidente da Marcop (Marrecas Cooperativa de Reciclagem).
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Catadores precisam de cestas básicas
Com essa situação toda, os catadores de papel estão precisando de ajuda com cestas básicas. A Marcop e a Ascapabel já ganharam 40 cestas cada, numa campanha da Ação TV em conjunto com a Mantimax. Mas cerca de 40 famílias que trabalham com reciclagem no Bairro Sadia, em dez barracões, estão precisando de ajuda. “Essa semana eu trabalhei mais do que antes e consegui ganhar só 171 reais, e preciso sustentar a minha família com isso, praticamente vai tudo em mercado. A situação está bem complicada pra nós”, comenta Célia Gomes de Lima Fernandes, que trabalha em um desses barracões de classificação de lixo reciclável na Cidade Norte. Segundo ela, o quilo das garrafas pet, por exemplo, baixou de R$ 1,50 para um real, o papelão era 35 centavos o quilo e baixou pra 25. “Estamos separando, mas não sabemos se vai ter comprador essa semana. Pessoal tá judiando do preço também. Pessoal tá mais em casa e o volume do lixo reciclável aumentou, mas não estamos conseguindo vender. Nosso serviço é essencial, não paramos nenhum momento, mas tá difícil pra nós”, diz Liomar Mendes Borges, que também trabalha na triagem do material reciclado.
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“As pessoas mais de idade, pediram para se afastar do trabalho. Minha mãe tem 59 anos, não é aposentada ainda, teve que ficar em casa. Mas como a gente recebe lixo da cidade toda, é perigoso pra ela. Só que aqui, se não trabalha, não recebe”, diz Osmar de Arruda, que está preocupado com a situação.
“Aqui a gente recebe o lixo reciclável que a Marcop recolhe das casas e faz a separação. Alguns material a Ascapabel compra de nós, outros vendem pra fora, cada um tem seu destino final. Aqui cada barracão trabalha independente, são dez pequenas associações em dez barracões pra trabalhar”, diz Marcos Pizatto, que faz parte de uma dessas 40 famílias em situação econômica debilitada do Bairro Sadia.
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