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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Torre e Cristo iluminados para lembrar o Setembro Amarelo

Este é um sinal de alerta pela valorização da vida.

O amarelo é um significante de alerta e, numa separação livre da palavra, fica “amar+elo”. “A vida é possível pelos elos que a gente faz e vivemos na relação com o outro, ninguém vive só. A ideação suicida é porque o sofrimento extrapolou e o que vai ajudar é o elo que se faz, por isso a importância de falar. O amor salva vidas”, destaca Marina Thibes, coordenadora da Clínica de Saúde Mental de Francisco Beltrão.

Desde o dia 1º, terça-feira, a Torre da Concatedral e o Cristo estão iluminados num tom amarelado, remetendo ao Setembro Amarelo, campanha brasileira de prevenção ao suicídio iniciada em 2015. De acordo com Marina, este mês foi escolhido porque, desde 2003, 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Esta data foi instituída numa homenagem a um jovem dos Estados Unidos que se matou num Mustang amarelo e seus pais distribuíram fitas e cartões amarelos para que quem tivesse interesse e necessidade de falar sobre o assunto fizesse contato. “Um mês específico se prolonga pra falar no assunto, não apenas num dia, embora a necessidade seja de abordar o assunto durante o ano todo.”

A campanha é uma iniciativa do Conselho Federal de Medicina (CFM), da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e do Centro de Valorização da Vida (CVV). Em Francisco Beltrão, há o CVV Comunidade, que solicitou a iluminação dos principais pontos turísticos do município. “Isso vem ressaltar a atenção que a sociedade deve dar à prevenção do suicídio e à valorização da vida. Na nossa região, os números estatísticos ainda são atrasados, mas indicam que temos o dobro da média nacional de casos de suicídio. Esta não é apenas uma bandeira do CVV, mas de toda a sociedade”, destaca Geonir Vicensi, coordenador do CVV Comunidade.

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Ele comenta ainda que a Organização Mundial de Saúde (OMS) orienta todas as nações que façam a campanha de prevenção no Setembro Amarelo. “Com esta campanha, a OMS espera que baixem os números de suicídio, uma vez que a grande maioria dos casos é possível de ser impedida através da conversa e do tratamento com os profissionais de saúde mental.”

Segundo Inácio Pereira, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, esta sinalização, a pedido do CVV, é importante porque o poder público apoia estas iniciativas: “Ter os principais símbolos do município sinalizados com a cor amarela durante todo o mês mostra que também estamos preocupados, que é um tema importante, que deve ser discutido. Esperamos que a população se sensibilize”.

As cores contribuem para dar vida

O Setembro Amarelo tem uma simbologia, como todas as campanhas alusivas a uma data importante, como o Outubro Rosa, de prevenção ao câncer de mama, e o Agosto Azul, sobre a saúde do homem. De acordo com Marina Thibes, psicóloga e coordenadora da Clínica Municipal de Saúde Mental, é eleita uma cor para dar vida e visibilidade. “A importância de iluminar os pontos turísticos é porque é pra onde as pessoas estão atentas e a ideia é chamar atenção para a causa, para a importância de pensar e falar no assunto. O mês de setembro já ficou caracterizado como ‘Setembro Amarelo’, porque prevalece o amarelo e prevalece o setembro, só depois que se fala em suicídio. O assunto está tendo espaço, está circulando, por isso é muito relevante usar uma cor para caracterizar uma campanha, porque automaticamente, ao falar em Setembro Amarelo, já se remete ao suicídio.”

 

Falar é a melhor solução?

Marina ressalta que falar sobre qualquer sofrimento é importante, pois, na medida que a pessoa conversa, ela consegue pensar sobre o assunto e trazê-lo à tona. Além disso, falar traz ressonância, quer dizer, gera um eco, assim, consegue-se arrumar outras vias para lidar com o sofrimento. “Enquanto você está calado, você sofre sozinho. É pela via da palavra que a gente começa a simbolizar, elaborar as coisas e lidar com o sofrimento.”

A psicóloga ressalta que o sofrimento é muito subjetivo e individual. Muitos sobreviventes — pessoas que estão sofrendo após o suicídio de alguém próximo — às vezes se sentem culpados por não perceberem, mas é uma questão sutil, pois há quem é mais introspectivo, por isso a importância de dar vazão à palavra, para que os outros escutem e acolham. “Não quer dizer que as pessoas não estiveram atentas a seu familiar; é uma dificuldade de quem está sofrendo.”

Desde 2017, a Clínica de Saúde Mental sensibilizou toda a rede de apoio e capacitou os serviços para notificar violências externas e autoprovocadas, monitorando todos os casos de tentativas de suicídio, que são notificados. A clínica oferece atendimento e atua neste sofrimento o mais rápido possível, para que não chegue a acontecer.

A Torre, assim como o Cristo, está iluminada numa alusão ao Setembro Amarelo, campanha de prevenção do suicídio.

Este é um sinal de alerta pela valorização da vida. 

 

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