6.7 C
Francisco Beltrão
quinta-feira, 12 de junho de 2025

Edição 8.224

12/06/2025

FATALIDADES NO TRÂNSITO

Tragédias em acidentes de moto perseguem a família Oliveira

Família Oliveira tem perdas irreparáveis no trânsito: Três acidentes ceifaram a vida de duas pessoas e ainda deixaram uma terceira com sequelas graves.


Ademir Pedro de Oliveira. Foto: Niomar Pereira/ JdeB.

Por Niomar Pereira – A família de Ademir Pedro de Oliveira tem vivido uma série de tragédias marcadas por graves acidentes de moto, todos resultantes da imprudência de outras pessoas. Aliás, o trânsito tem sido a principal causa de mortes violentas em todo o País. No ano passado, por exemplo, Francisco Beltrão registrou 26 óbitos relacionados a acidentes de trânsito, e este ano, até ontem, eram 20 mortes.

No dia 19 de março de 2019, a esposa de Ademir, Maria Aparecida da Silva, 49 anos, perdeu a vida de forma trágica ao ser atropelada na faixa de pedestres. Na ocasião, um dos filhos, Maicon, havia esquecido seu telefone em casa, e Maria decidiu levá-lo ao local de trabalho do rapaz. Ela foi atingida por uma moto na Avenida Luiz Antônio Faedo, por volta das 11h45, próximo ao posto Dinon. O motociclista foi ouvido pela Polícia Civil e o inquérito remetido ao Ministério Público.

- Publicidade -

Quase um ano após a perda da mãe, em 3 de março de 2020, foi a vez do filho Marcos Vinicius, de 29 anos, envolver-se em um grave acidente. Por volta do meio-dia, Marcos estava voltando para casa para almoçar quando sua moto foi atingida por um Gol que desrespeitou sua preferência na Rua Abdul Pohlmann, subindo do centro em direção ao Bairro Aeroporto. O automóvel vinha da Rua Canisio Hillebrandt, do Bairro Cristo Rei, e seguia em direção à Cango (Rua Santa Maria).

Marcos lutou entre a vida e a morte por vários dias no hospital. Além do carro que causou o acidente, outros dois veículos também se envolveram na colisão. A moto de Marcos, uma 250cc, colidiu com o automóvel que estava aguardando para atravessar, resultando em várias lesões, incluindo fratura de fêmur e coágulos cerebrais.

Mesmo após três anos, Marcos ainda sofre com as sequelas do acidente, apresentando dificuldades para se locomover, perda de firmeza (síndrome do pé caído) e problemas no joelho, que ainda exigem cirurgias. O motociclista não pôde retornar ao trabalho e está afastado pelo INSS até março de 2024.

Seu pai, Ademir, expressa gratidão pelo fato de seu filho ter sobrevivido a um acidente tão grave, descrevendo-o como um verdadeiro milagre. Mas deixa um alerta: “No trânsito aqui em Beltrão não respeitam a faixa de pedestres, pois minha esposa estava em cima da faixa. Principalmente as motos, porque, às vezes, o carro para quando vê o pedestre, mas a moto não para. O cara atravessou a preferencial do Marcos, então, as pessoas têm que olhar duas vezes antes de atravessar uma preferencial.”

Além de toda dor física e psicológica da família, tem o transtorno financeiro. No primeiro ano do acidente do Marcos, o pai dele conta que foi muito difícil para receber os valores do benefício do INSS. “Tanto é, que no primeiro ano de acidente, ele ficou seis, sete meses sem receber do INSS. E a gente passou por um aperto financeiro com a pandemia e tudo mais. Sorte que ele tinha um seguro de vida que foi o que ajudou a gente.”

Fatalidade com o filho mais novo

No dia 19 de maio deste ano outra tragédia abateu-se sobre a família Oliveira. Ademir perdeu seu filho Maicon, de 25 anos, em mais um acidente envolvendo motocicleta. Era uma sexta-feira, por volta das 23h30, quando Maicon estava voltando para casa em sua moto CB 500 pela Avenida Antonio Silvio Barbieri, em direção à Cidade Norte, quando um carro Gol, modelo quadrado, cortou sua frente ao realizar uma manobra para acessar o retorno da avenida. Maicon não teve tempo de desviar, chegou a ser socorrido mas logo em seguida morreu. O motorista fugiu, mas foi identificado graças à placa do veículo que foi arrancada com o impacto da colisão.

“Eu estava dormindo quando o outro filho [Marcos] chegou para avisar do acidente. A gente foi no Hospital Regional e chegando lá eu vi que a situação não tava muito boa. Tentaram reanimar ele, mas não conseguiram. Então fomos reconhecer o corpo lá no hospital mesmo, foi muito difícil. Só Deus que tem confortado.”

Ademir relatou que Maicon estava na residência de amigos, no Bairro Guanabara, como era seu costume, e retornava para casa, localizada no Bairro Sadia. A moto, avaliada em pouco mais de 20 mil reais e conquistada com anos de trabalho árduo do jovem, ficou completamente destruída.

Certo ou errado, não importa

Maicon trabalhava em um mercado da cidade desde os 16 anos, sendo seu primeiro emprego, e sua morte prematura pegou todos de surpresa. Ademir lamenta a tragédia que se abateu sobre sua família, afirmando que é inexplicável, mesmo quando se está correto no trânsito, ainda assim se pode perder a vida. Ele destaca que, no dia a dia, observa muitos erros no trânsito, como caminhões estacionados em esquinas, comprometendo a visibilidade de quem precisa manobrar em cruzamentos.

Para ele, é fundamental que as pessoas tenham consciência e olhem duas vezes antes de avançar. Conforme disse, o chamado “ponto cego” dos carros é, na verdade, a falta de um segundo olhar, o que leva a situações perigosas. No caso do Maicon, Ademir salienta que o carro deveria ter parado na pista da esquerda para fazer o retorno. Mas estacionou fora da pista, do lado direito, e quando fez a manobra teve que atravessar toda a pista, elevando a possibilidade de acidente.

A família Oliveira vivencia as trágicas consequências da imprudência alheia e destaca a necessidade de uma maior conscientização no trânsito. “Eu peço que os motociclistas andem mais devagar, independentemente de estarem na preferencial. A moto se bater em velocidade de 30 km/h a 60 km/h pode ser fatal. Não adianta estar certo ou estar errado, se estiver morto. Os carros também têm que sinalizar todo movimento, porque quem vem atrás não tem como adivinhar”, desabafa.

Antônio Silvio Barbieri: Manobra de retorno pela esquerda

De acordo com Carla Rotta, coordenadora do Departamento de Trânsito (Debetran), existem medidas importantes a serem seguidas pelos condutores no caso de manobras de “retorno” na Avenida Antônio Silvio Barbieri. A primeira delas é respeitar a velocidade máxima da via, mantendo-a conforme sinalização (50 km/h). Além disso, ao se aproximar de um local específico, é recomendado reduzir a velocidade e sinalizar com antecedência a manobra a ser realizada. Por fim, os motoristas devem manter-se o mais próximo possível à faixa da esquerda, próxima ao canteiro central. As orientações do Debetran visam garantir a segurança e a fluidez do tráfego.

E os responsáveis, como estão?

No primeiro caso, referente ao motociclista envolvido no atropelamento de Maria Aparecida da Silva, o inquérito policial foi concluído na Delegacia de Polícia e encaminhado à 2ª Promotoria de Justiça. As autoridades competentes estão analisando o caso em busca de uma resolução, e, na tarde de quinta-feira, 13 de julho, o Ministério Público ofereceu denúncia contra o motociclista pelo crime de homicídio culposo de trânsito (sem intenção de matar).

Quanto ao segundo caso, envolvendo o filho Maicon, o inquérito ainda está em andamento na 19ª Subdivisão Policial (SDP). Segundo informações obtidas pelo Jornal de Beltrão, o condutor do automóvel foi identificado. No entanto, aguarda-se a realização da perícia dos veículos para finalização da investigação. Conforme o que foi repassado, o processo investigativo está em sua reta final para também ser enviado ao Ministério Público.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques