Ponto central das discussões é a redução salarial dos trabalhadores.

Os funcionários da Guancino pretendiam entrar em greve a partir de hoje, mas a paralisação foi suspensa porque as negociações com a empresa que opera o transporte coletivo urbano em Francisco Beltrão continuam. Há possibilidade de paralisação nos próximos dias, se não houver acordo.
O Sitrofab, sindicato que representa os trabalhadores, aceitou que não haja reajuste salarial neste ano, mas cobra da empresa a renovação do acordo coletivo mantendo a tripulação mínima (motorista e cobrador) nos ônibus e sem redução salarial.
“Estamos com o indicativo de greve, mas continuamos negociando um transporte coletivo seguro e de qualidade”, relata Josiel Telles, presidente do sindicato. Segundo ele, uma das propostas da Guancino é a redução permanente de 25% dos salários de motoristas, cobradores e mecânicos.
Na última reunião, a empresa indicou reduzir 20%, compensando a diferença como vale alimentação, mas nivelando os salários, o que traria uma redução nos rendimentos e benefícios, segundo Josiel. Outro ponto cobrado é a garantia de manutenção dos cobradores – atualmente eles estão afastados, recebendo salário pelo programa federal de manutenção de empregos, e os ônibus rodam só com os motoristas.
A Guancino alega que os itens propostos à categoria visam garantir os empregos diante de um cenário de dificuldades para a empresa. A pandemia fez o número de passageiros cair nos últimos meses e a queda chegou a 85% em agosto. Entre 2016 e 2019, a concessionária acumulou R$ 4,7 milhões de prejuízo nas operações, segundo nota enviada ao JdeB.
“Desde maio passado são feitas propostas ao sindicato com vistas a equilibrar o acordo coletivo de modo a proporcionar a continuidade dos contratos de trabalho, inclusive diante de avanços que ocorreram nos últimos anos através da negociação coletiva. Especifica que não recebe qualquer contraproposta e o sindicato dos trabalhadores tem se mostrado absolutamente insensível e força negociação de compromisso excessivamente oneroso, incompatível com a realidade da empresa neste momento de crise”, diz trecho da nota. A Guancino também alega que tem buscado recursos em instituições financeiras para manter a atividade.
Gratuidades aumentaram
Um dos pontos levantados pelo Sitrofab cobra uma intervenção rápida do poder público. Josiel reconhece que a redução da idade mínima para gratuidade, de 65 para 60 anos, depois de realizada a concessão e o modelo de bilhetagem eletrônica afetaram as finanças da empresa. “Muitas pessoas passaram a se deslocar gratuitamente – e vão ser mais nos próximos anos – e a compra de fichas pelas empresas para os funcionários também caiu drasticamente depois do cartão eletrônico. O poder público precisa cogitar um subsídio ou incentivo fiscal para compensar isso, ou revogar a lei dos 60 anos”, argumenta o sindicalista que também preside o Conselho Popular, fórum que delibera à Prefeitura alterações e reajustes no transporte coletivo.